quinta-feira, 23 de maio de 2013

ESTE MAIO PROMETE! (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 17/05/2013)


                                                                       
         ESTE MAIO PROMETE!
                                                        Vera Maria Viana Borges 
               Maio!... Mês feminino que nos lembra mulheres: Mães, Noivas e especialmente MARIA, a bendita entre todas as mulheres; a mulher por excelência, a mulher mais lembrada e querida, a Mãe da Igreja, a Mãe do povo de Deus. Maria do Sim, Maria  do Silêncio, Maria do Perdão, Maria Ternura, Maria Sorriso, Maria das Lágrimas, Maria do Alto. Mãe de Jesus, nossa Mãe, nossa RAINHA.  
                Mães são anjos, são fadas, são santas. Veio-me à memória a bela trova de Barreto Coutinho: “Eu vi minha Mãe rezando/ Aos pés da Virgem Maria;/ Era uma Santa escutando/ O que outra Santa dizia.” Penso que as mães deveriam ser eternas, também pensou assim Arquimino Lapagesse, ao exprimir: “Se Deus atendesse um dia/ Minha prece ingênua e doce,/ Quem fosse mãe não morria/ Por mais velhinha que fosse.” Devaneios, sonhos de poetas. Não há poeta que não tenha cantado e decantado o seu meigo nome, elas já estão incluídas no rol dos temas eternos.
                  Os ares de maio trazem-me suaves reminiscências das coroações de Nossa Senhora na Igreja de Santana em Rosal. Vivi lá apenas uma década, mas tudo ficou muito entranhado em mim. Todas as noites após a ladainha e coroação, D. Julieta nos oferecia deliciosos suspiros. Nas ladainhas da tia Vavá, ela enchia saquinhos com doces, um de cada espécie dos que tinha preparado para o leilão, para oferecer aos anjinhos. Suas filhas Ana e Maria continuaram esta tradição. A petizada saia carregada de suspiro, quebra-quebra, doces das mais variadas frutas cristalizadas, palha italiana, cajuzinho, olho-de-sogra e tudo mais que pudesse brotar daquelas cabeças e tudo era posto em prática com muito amor por aquelas mãos de fadas...
                  Sensacionais leilões! O coreto todo decorado, cheio de deliciosas prendas. Todo o povo à sua volta. Cada noite dedicada a uma família que se esmerava na confecção das guloseimas que eram arrematadas por altos preços, estimulados pelos apregoadores que iam induzindo, em sadia brincadeira a competitividade entre os presentes que num clima de total descontração contribuiam para os cofres da Igreja de Santana.
               Nos leilões de D. Zinha e do Sr. Anselmo Nunes, havia um lindo Castelo de Madeira, repleto dos mais finos docinhos. - Quem iria arrematar doces tão saborosos?... Só levaria os doces, logicamente o “Castelo” era apenas depósito que seria devidamente guardado para o próximo ano. Hoje ainda usam um “Castelo”, confeccionado pelo Dadá (Dário Xavier de Almeida).
               O Ernesto Lumbreiras era o freguês certo da galinha assada do leilão do Senhor Carlos Nunes e D. Júlia.
             Entre canas, pencas de mexericas, ceias, frangos, leitoas recheadas com farofa, bolos, tortas, roscas-doce, cheiro de bezerros presos ao lado para serem leiloados, estavam sempre sentadas no interior do coreto, bem acomodadas D. Libânia e D. Ilídia. A garotada mais audaciosa (geralmente os meninos mais levados) pregava-lhes peças, amarrando suas roupas no gradil do coreto enquanto elas embevecidas apreciavam o desenrolar dos acontecimentos. Quando iam sair, estavam presas... Saiam  resmungando...
              Não podia faltar o “coelhinho de açúcar” da tia Vavá, e as chupetas também de açúcar da tia Maria Rita.
               Ainda ecoam nos ouvidos rosalenses o - “Dou-lhe um, dou-lhe dois, dou-lhe três... na voz do Lutinho e de outros, como Parafuso (Wilson filho do tio Zezé, que chamávamos carinhosamente de Issoca), Antônio Pedro (lá da Fazenda do Sr.  Carlowe Vidaurre), Antônio do Nestor, Toninho Araújo, Wenceslau...
            A religiosidade, o amor telúrico, são inerentes às fervorosas almas de nossa gente. A Igreja de Santana, construída por Antônio Carlos Machado e outros, no ano de 1934, veio substituir a capelinha ali existente, naquela pracinha colorida e perfumada pelas lindas rosas. Ao lado, o coreto, onde as mais encantáveis retretas das adoráveis Bandas, dos Sá Viana, do Chico Gomes e da 14 de Julho extasiavam o povo e onde aconteciam e ainda acontecem os mais animados “leilões” das redondezas.  Do coro da igreja ecoavam as mais  belas músicas sacras executadas por D. Julieta, por Aída Marilda dos Santos e doces vozes formavam belos corais: “Kyriié-éééé-ééééééé-éééééEleison...” Nós, crianças da Cruzada Eucarística, regidas por D. Julieta, cantávamos em Latim, Missas Gregorianas, De  Angelis. Crescemos na fé; as associações religiosas movimentavam-se e davam vida à casa de Deus e à nossa vila.
               No interior da Igreja ao centro, no altar principal a Senhora Santana abençoa a todos que ali adentram. SANTANA a Mãe de MARIA! 
              O notável, nobre e conceituado artista Raul Travassos projeta e recria com seus talentos e muito carinho a imagem de Santana, Padroeira de Rosal. Celso Siqueira Júnior executa a pintura da Imagem. No dia 25 de maio de 2013 a Grandiosa Festa do retorno da Imagem de SANTANA para o seu Altar na sua Capela. Haverá SANTA MISSA pela manhã e a seguir exposições, shows musicais com a “PRATA DA CASA” , finalizando com ladainha e leilão. Agradecidos, aguardamos com expectativa e muita ansiedade.
               Este maio promete!!! Será muito Especial!


SEMPRE HAVERÁ COMEÇOS E RECOMEÇOS (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE"- 18/04/2013)


SEMPRE HAVERÁ COMEÇOS E RECOMEÇOS
                                                                                  Vera Maria Viana Borges

Defronte ao computador, para iniciar este artigo, pus-me a raciocinar e me veio à mente o pensamento  de Benjamim Franklin: “Ou escreves algo que valha a pena ler, ou fazes algo acerca do qual valha a pena escrever.” Lembrei-me dos versos de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena/ Se a alma não é pequena./ Quem quer passar além do Bojador/ Tem que passar além da dor./ Deus ao mar o perigo e o abismo deu,/ Mas nele é que espelhou o céu.” Desta feita recordo José Saramago e seu dizer: “Cada dia traz sua alegria e sua pena, e também sua lição proveitosa.” De pensamento em pensamento voltei ao ano de 2001, no auge da Edição de “ASTROS & ESTROS”, Boletim Alternativo de Prosa e Poesia com Circulação Nacional e Internacional do qual sou fundadora, editora e redatora. Em suaves flashes revi os questionamentos que me assaltavam e como resposta recebi uma proveitosa lição que me fez produzir o texto publicado no Boletim nº 30, com o título - “ VALE a PENA?” do qual transcrevo uma parte: “Valeria a pena tanto esforço?  Não seria  sacrificar-se, perder horas e horas, compilando, organizando, escrevendo, compondo, desenhando, pintando, diagramando?... Já se tem tantos afazeres, para que acumular mais funções?  A morte é certa, tudo isto vai virar cinza! 
Tantos papéis! Para que perder noite de sono em busca de uma rima ou palavras para se completar versos de um soneto? Que bobagem! Tudo acabará em cinzas...
Horas e horas defronte a um computador, confeccionando um boletim! Não posso compreender o objetivo de tal ofício... Qual a finalidade desta tarefa? Tanto trabalho!... Noites indormidas, lendo versos!... Que valor terá este papel, chegando ao seu destino?  Por acaso não virará cinza?
Inquirindo-me,  já atordoada: isto seria normal?
Valeria a pena? Meu Deus, tudo é CINZA! CINZA, a palavra principal ficou sendo CINZA! Nos últimos dias, inúmeras vezes o termo teria sido usado...
O questionamento era diário. Já quase convencida, com a alma em pedaços, sofrendo uma angústia terrível, caminhando lentamente, cabisbaixa, encontro o carteiro... Sorridente ele me entrega vários envelopes... A alegria  imediatamente toma conta de mim. Abro um a um... Todos continham maravilhas. Um deles trazia a resposta necessária. Uma resposta Divina. Maria Apparecida Dutra, minha querida Professora de História do tempo do curso ginasial, muito delicada e amiga sempre me enlevando com mensagem inspirada, inteligente e carinhosa. Desta vez, sem conhecimento de minhas dúvidas, espontaneamente assim ela me escreve:
Bom Jesus, outubro -2001
Vera,
Veja como o poeta se inspira até num dia de finados:
"Que importa restarem cinzas
Se a chama foi bela e alta?!"  02-11-1990  (Mário Quintana)
Afetuoso abraço, da 
Maria Apparecida”
Só o tempo nos mostrará o que valeu a pena, só ele dizima as dúvidas. Vislumbrou-me a máxima de Sócrates: “Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Assim, fomos nos deleitando com as positivas mensagens e as mais ternas poesias  e nesse troca-troca de ideias e conhecimentos, fomos garimpando essas doces amizades que conquistamos ao longo do percurso...   Assim vamos enchendo com puro néctar a nossa taça,  pois como disse HADLEY - "A vida não é uma taça para ser esvaziada, mas uma medida para ser enchida".  Com a taça transbordante do ideal e em comunhão com todos os que estiveram conosco durante estes anos prosseguimos construindo a nossa história. 
O mais belo poema é aquele que se escreve à proporção que se vai vivendo, é o nosso testemunho de vida, são nossas ações, as nossas atitudes. "Viver é nascer a cada instante." Sempre haverá começos e recomeços. É tropeçar, cair  e levantar...   O mais importante livro deverá ser o da história de nossa vida, que se inicia quando nascemos e só deverá terminar com  o nascimento para  a  eternidade, quando o entregaremos nas mãos de Deus. A cada minuto, a cada hora, a cada dia, construamos os mais puros,  sinceros e perfumados versos com as rimas da vida; façamo-los  na LUZ, com SABEDORIA para o agrado do CRIADOR, mas além do LIVRO DA VIDA, permita-nos Senhor, o gosto pela literatura e o convívio com os intelectuais que a consolidam: esses amados irmãos de IDEAL.
  Que DEUS, o MAIOR de todos os POETAS, nos abençoe cada gesto e passo!