terça-feira, 10 de dezembro de 2013

DEBRUÇADOS NA PONTE DA SAUDADE - Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE - 09 de dezembro de 2013

DEBRUÇADOS NA PONTE DA SAUDADE                 
                                                                                            Vera Maria Viana Borges
                              A sequência dos dias e das noites é tão vertiginosa que mal apreciamos a doçura da aurora, já contemplamos a beleza infinita do luar.  Assim vai seguindo a vida que nestes tempos modernos é tão corrida que quando nos damos conta constatamos que é Natal novamente. Ponho-me a recordar os natais passados, aqueles da quadra da infância, fase em que tudo é colorido e belo, vividos em Rosal, mais tarde aqueles saudosos e tristes pelas partidas de tantos queridos e em outros natais  deliciosos e muito felizes por novos rebentos que vieram para plenificar nossas vidas e que nos reportam à infância, propiciando-nos os efusivos natais de outrora na confraternização com nossos pequenos, onde se acrescenta a missão de conscientizá-los do verdadeiro sentido da FESTA, evidenciando o aniversariante JESUS CRISTO e o desejo que ELE renasça em cada coração e venha fazer morada em cada alma
Corria o ano de 1984, Wagner, um de meus alunos, filho de um dos funcionários da “Almeida Artes Gráficas Ltda.”, entusiasmado me disse que um calçadense, jornalista no Rio de Janeiro, estava editando um livro e que eram memórias de um menino caipira. Interessei-me pelo assunto e após o lançamento pedi que cada aluno adquirisse um exemplar da obra intitulada “ DEBRUÇADO NA PONTE DO RIBEIRÃO” de Pedro Teixeira e com a leitura dela fizemos estudos em classe, mergulhados numa narrativa agradável, recheada de expressões regionais e fatos acontecidos na infância do autor, um menino do interior capixaba, portador de grande sensibilidade e infinita riqueza de espírito. No Natal do referido ano recebi de presente do Pedro, um livro com a seguinte dedicatória:



Este é o primeiro Natal sem ele,  mas  nem mesmo a morte pode calar o canto do escritor que continua vivo em nossa memória e continuará sempre através de sua vasta obra.  O minucioso pesquisador,  memorialista dos bons, escritor brilhante, jornalista profissional no Rio de Janeiro, autor-roteirista da Rede Globo, roteirista de histórias em quadrinho, autor de uma tira de humor no Jornal A Gazeta de Vitória-ES, revisor de autores novos e tradutores, após o sucesso do lançamento de “Debruçado na Ponte do Ribeirão”resolve abandonar tudo e voltar para junto de seu “ribeirão” em sua terra natal, a majestosa São José do Calçado onde foi editor de um jornal regional. Ali ele se inspirou para escrever “ A Saga de uma Raça Capixaba” (pesquisa histórica), “Solidão em Vila Velha” (contos urbanos), “ O Último Carro de Boi da Vila de Calçado” (contos regionais), “Viagem de Volta à Ponte do Ribeirão” (memórias), “Memorial de São José do Calçado-ES”, “Memorial de Apiacá-ES”, “Memorial de Bom Jesus do Itabapoana-RJ”, “Memorial de Bom Jesus do Norte-ES”,  “A Lenda de Itabá & Poaninha”, “ Mistério e Suspense na Biblioteca da Escola” dentre outros não menos célebres títulos.
A Academia Calçadense de Letras prestou justa e significativa homenagem ao saudoso Pedro Teixeira em ambiente de muita emoção, irreverência e descontração, marcas registradas do talentoso Confrade, como muito  bem evidenciou o preclaro Presidente Edson Lobo Teixeira .  Na apresentação, joias raras de beleza ímpar: Maria Lúcia Fegali, declamadora oficial da ACL nos encantou com o poema “Calçado é um Rio que Deságua Dentro da Gente” de autoria do homenageado da noite e o Coral Vozes da Montanha cantou o referido poema,  musicado pela maestrina Abigail Barreto. O talentoso garoto Lúcio Xavier deu um belo show ao interpretar o escritor Pedro Teixeira, vestindo  um blusão xadrez também marca registrada do  escritor.  O Poeta Aderbal Ramos declamou de sua autoria um belo poema em preito à memória do famoso escritor. As meninas Samara, Bruna e Ana Vitória apresentaram as obras infanto-juvenis do saudoso confrade. É de se ressaltar o empenho da Academia para que crianças participem de todas as solenidades. A  menina Samara nos 15 dias das suas férias em julho, leu simplesmente 15 obras da Biblioteca da ACL, espaço muito visitado (agendado previamente) durante todo ano por professores e seus alunos, ambiente favorável para as mais interessantes  aulas. Na sequência, a  Confreira Verconda Espadarote Bulus fez um emocionante depoimento à linda e nobre família do saudoso Confrade Pedro Teixeira. Em 2007, no lançamento da obra "Viagem de Volta à Ponte do Ribeirão", em que narra o seu retorno à terra natal - São José do Calçado, a charmosa garotinha Ellena Reis  com apenas 9 anos declamou a poesia do Pedro Teixeira "A bailarina", agora com 15 anos, Ellena repetiu a cena  com mais categoria, desenvoltura,  graça e beleza, emprestando mais brilho ao tão delicado e belo poema. Na ocasião o escritor Aristides Teixeira de Almeida,  irmão caçula do saudoso Pedro Teixeira, trouxe à lume a sua obra "Música Sertaneja e Literatura" e encantou a todos os presentes com uma de suas belas composições. 
Nascido em 27 de novembro de 1940 (Dia de Nossa Senhora das Graças),  partiu para a Casa do Pai no dia 11 de agosto de 2013 (Dia dos Pais).  A floresta imensa da nossa literatura foi rudemente golpeada na contextura de sua flora, tombou-se-lhe majestoso jequitibá, Pedro Teixeira já se encontra em direto contato com a literatura maior dos anjos e santos, na inefável presença do Eterno Senhor e Criador.
São José do Calçado, as duas Bom Jesus, o Estado do Espírito Santo, o Estado do Rio de Janeiro, o Brasil, seus familiares e nós, amigos e confrades, todos choramos a sua ausência. Que Deus, Nosso Senhor, o tenha em Seu Reino de Glórias e de Luz. Descanse em paz, querido Pedro!