domingo, 28 de dezembro de 2014

ESSA TAL FELICIDADE (Publicado no "JORNAL O NORTE FLUMINENSE" - 16 de dezembro de 2014)

ESSA TAL FELICIDADE
                                                                                            Vera Maria Viana Borges
                É, 2014 passou depressa. Neste 30 de novembro, início do ADVENTO, o domingo está acinzentado e cai uma leve garoa. Bom sinal. Graças a Deus ! Estávamos precisando de chuva e nos dias anteriores já tivemos boas pancadas. A água é fonte de vida, é uma necessidade de todos os seres vivos, animais e vegetais, e um direito e patrimônio dos humanos, devendo cada um de nós zelar pela utilização racional dela no tocante à quantidade e qualidade. Estamos enfrentando a escassez deste precioso líquido, com a destruição incessante de mananciais e poluição das águas dos rios e oceanos que apontam para tempos difíceis. Apesar das benesses da chuvinha gostosa e bem-vinda, o tom cinzento do dia nos deixa nostálgicos e enquanto lavava a louça pus-me a cantar os lindos versos de  Vinícius de Moraes: “Tristeza não tem fim/ Felicidade sim/ A felicidade é como a pluma/ Que o vento vai levando pelo ar/ Voa tão longe/ Mas tem a vida breve/ Precisa que haja vento sem parar...” Mais outras músicas vieram... Se a canção é boa, nós a cantarolamos sem parar e ela não sai do nosso pensamento, volta e meia ela retorna e de novo a entoamos. A voz forte, sempre grave, segura e carregada de Tim Maia, marcada pela rouquidão vinha e ia  neste refrão: “Mas o tempo foi passando e a coisa mudou/ Solidão foi se chegando e se acostumou/ Essa tal felicidade, hei de encontrar/Mesmo se eu tiver que aguardar, se eu tiver que esperar.” Muitos são os artistas, compositores, escritores e poetas que exploraram e exploram o tema num eterno lamento por não encontrarem  este bem tanto desejado. João Carreiro e Capataz, uma dupla da música sertaneja brasileira, formada por cantores mato-grossenses, que fizeram parte da trilha sonora das novelas PARAÍSO e ARAGUAIA exibidas pela REDE GLOBO, em estilo  sertanejo - romântico gravaram: “Buscando a felicidade/ A minha infância perdi/ Já se foi a mocidade/ Tenho que parar aqui/ Só me resta agora a vida/ Que um dia irá também/ Se a felicidade existe/ A minha está com alguém./ Já cansei de procurar, já cansei...”
               Todos nós buscamos essa tal felicidade, mas se a busca é  ferrenha, incessante, parece doença e o sintoma é de INFELICIDADE. A cada amanhecer Deus nos dá muitas e muitas chances para sermos felizes: o ar que respiramos, a água que dessedenta, o sol que nos aquece, a saúde e milhões de outras coisas. Ela não estará no prazer material, em baladas e eventos sociais, nada disto preenche, estas coisas são passageiras, são fáceis conquistas, são prazeres transitórios. Hoje os primeiros desejos são comumente amor, saúde, dinheiro, ser sarado, magro (o padrão atual é ser magérrimo), usar roupas, acessórios de grife e viagens.  ELA SERÁ ENCONTRADA NAS COISAS SIMPLES. Muitos a encontram, mas poucos a conquistam, pois é mais frequentemente buscada no “TER”, às vezes no “SER” e quase nunca no “ESTAR”. Ter, tem pouca duração, é algo transitório que passa muito rápido e nem deixa marcas. Ser, é permanente e duradouro, é essencial, é qualidade, é estado. Ser feliz é o estado de feliz, de ventura, de contentamento, de sorte. O SER é muito mais importante que o TER, mas o “ESTAR”, estar feliz é objetivo alcançado.
                Vale registrar uma trovinha que escrevi e que se encontra em meu livro “DE-VERAS... DI-VERSOS...” : “Felicidade a supomos, Mas nós nem sempre a alcançamos,/ Querendo além nunca a pomos, Nunca a pomos onde estamos.” Na obsessão em busca da tal felicidade muita coisa passa despercebida e o que está tão perto, o óbvio muitas vezes não é notado. O indivíduo fica cego almejando objetivos maiores e deixa de apreciar as grandiosas coisas e brilhantes pessoas que caminham ao seu lado. Sentimento, coração e alma andam juntos ao encontro do sucesso, da sorte, da ventura, do contentamento, do amor e da tal felicidade. Talvez o milagre de ser feliz esteja diante de nossos olhos e deixamos passar a circunstância adequada e favorável. Quando lecionava Língua Portuguesa, trabalhei numa turma de oitava série, um belíssimo texto, soneto alexandrino, versos clássicos do Célebre GUILHERME DE ALMEIDA. Ele comparava a amada ao sol porque ela traria luz e calor à sua alma. Os maviosos versos descreviam seu imenso sonho, mas ele sonhou em demasia afastando-se completamente da realidade não conseguindo conquistar a mulher amada. Apreciem o texto “ESSA QUE EU HEI DE AMAR...” de Guilherme de Almeida que transcrevo na íntegra: “Essa que eu hei de amar perdidamente um dia/ será tão loura, clara, e vagarosa, e bela/ que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela,/ trazer luz e calor a esta alma escura e fria./ E, quando ela passar, tudo o que eu sentia/ da vida há de acordar no coração, que vela.../ E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela/ como sombra feliz... -Tudo isso eu me dizia,/ quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,/ e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro/ do poente, me dizia adeus, como um sol triste.../ E falou-me de longe: “Eu passei a teu lado,/ mas ias tão perdido em teu sonho dourado,/ meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!” Muito lindo e real!!!
                    A felicidade reside dentro de cada ser. Ela não pode estar além de nós, ela é Deus e Deus habita em cada coração que se abre a ELE. De nós depende a nossa felicidade, o nosso estado de espírito, estarmos alegres ou tristes. Somos responsáveis por nosso destino. Ela não depende dos outros, mas de nós mesmos. Cuidemos do momento presente para que nosso futuro seja alvissareiro e feliz. “Quem planta vento, colhe tempestade.”  Vamos plantar amor, otimismo, paz e fé, para colhermos os frutos do contentamento, da alegria e da felicidade. Quem sabe se esquecermos um pouco de nós e nos dedicarmos aos outros, não encontraremos a tal felicidade? E, se de mãos dadas seguirmos proferindo palavras de conforto e carinho, tendo um sorriso de bondade, cumprindo eficientemente todas as nossas tarefas sendo constantes para FRENTE e para o ALTO, mantendo-nos firmes na busca do nosso ideal, a verdadeira felicidade será permanente em nossas vidas?
               Nos rituais natalinos e de final de ano, a esperança de dias harmoniosos, plenos de amor e de felicidade completa. É hora da lista de boas intenções, de arrependimentos e de reconciliação. Hora de adotar rotinas e mudar o necessário. Que o NATAL nos ensine a sermos portadores daquela mesma LUZ que brilhou na gruta de Belém, a luz de um mundo mais fraterno e menos violento, mais solidário e menos egoista.
              Um Santo e Feliz Natal, caro leitor, e um Ano Novo repleto de saúde, paz, alegrias e FELICIDADE!!!

SILVEIRADA EM BOM JESUS (Publicado no "JORNAL O NORTE FLUMINENSE" - 18 de novembro de 2014)

SILVEIRADA EM BOM JESUS
                                                                             Vera Maria Viana Borges
                  O Espaço Cultural Luciano Bastos recebeu familiares dos Governadores Roberto Silveira e Badger Silveira e assim, emocionada, lá pronunciei: Grande é a responsabilidade em pronunciar quaisquer palavras neste memorável momento em que somos agraciados com importante missão. Temos, senhoras e senhores, a tão magna honra de receber solenemente nesta manhã, nobilíssimas personalidades da Família Silveira.
                  É indeclinável dever, honrarmos aos abnegados que por próprios méritos fizeram jus à admiração e à gratidão de seus semelhantes. Muito me honra, chegando  a ser mais que honra, chega a ser glória falar daqueles que escreveram e deram vida às mais expressivas, belas, heróicas e gloriosas páginas da nossa História.
                 “O amor é como uma semente no coração do homem: só desabrocha quando há partilha.” Não fosse o lar de Boanerges Borges da Silveira e Maria do Carmo Silveira, carinhosamente chamada BILUCA, um celeiro de tanto amor, não haveria tantos frutos produzidos e partilhados na comunidade. Deus em sua inexcedível bondade, fonte de toda a vida, concedeu-lhes honrosa missão, dando-lhes os filhos que lhe enriqueceram a caminhada: José, Roberto, Badger, Maria da Penha e Dinah. Agradecemos ao Altíssimo a saga dos anos de amor, de lutas e felicidades desta notável, muito digna e brilhante Família e pela oportunidade de recebermos hoje em Bom Jesus, alguns de seus membros. José, chamado Zequinha, Roberto e Badger estudaram no Colégio Rio Branco. As meninas, Maria da Penha e Dinah foram para o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora em Campos dos Goytacazes.
                José Teixeira da Silveira, médico, fazendeiro, comerciante, teve destacada atuação política no Estado do Paraná. Foi Vereador, Prefeito, Deputado Estadual e Deputado Federal pelo Estado do Paraná com expressiva votação. Foi o primeiro Prefeito de Nova Esperança, sendo o pioneiro e fundador da Comarca e daquele Município.
                     Maria da Penha, pessoa de finíssimo trato, sempre meiga, gentil, muito amável, delicada, conciliadora e agregadora.
                        Dinah adorava escrever poesias e declamá-las em saraus e reuniões de família ou nas “SILVEIRADAS” como gostava de denominar aqueles  eventos. Sempre dizia: “Quando junta a SILVEIRADA há política e gargalhada”.
                           Os notáveis Governadores Roberto Silveira e Badger Silveira, filhos diletos e glória do nosso Município, lídimas e magistrais expressões da política fluminense, foram exemplares chefes de família e cidadãos com relevantes serviços prestados à Pátria. Coragem, lealdade e prudência desmedidas foram qualidades que lhes exornaram o caráter. Apesar de bem jovem, acompanhei a trajetória de ambos. Àquela época já gostava de escrever e no primeiro ano de governo do Dr. Roberto, compus-lhe uns modestos versinhos que foram publicados em 15 de agosto de 1960 no “Correio de Notícias”, Jornal da Federação dos Estudantes de Bom Jesus do Itabapoana -RJ. Bem mais tarde inseri-os em meu livro “CIRCUNSTÂNCIAS”. Hoje, plagiando a Dinah, trago-os para esta SILVEIRADA: Nascia a onze de junho/ Em Calheiros o ROBERTO,/ Floriu o lar de Boanerges/ Um garoto muito esperto./Aprendeu, primeiras letras,/ Com sua progenitora,/ Estudou com Dona Olga, Uma grande educadora./ Dos nove anos aos onze,/ Com Dona Amália estudou,/ E mais tarde em Niterói,/ No Plínio Leite ingressou./ Fez o curso Científico/ No Instituto de Educação,/ Bacharelou-se em Direito/ Dando a seus pais afeição./ Completou vinte e dois anos/ Deputado fora eleito,/ E Vice-Governador/ Aos trinta anos foi feito./ Com Dona ISMÉLIA SAAD/ Em cinquenta e um casou,/ E vieram três filhinhos/ Com os quais se alegrou./ Hoje é GOVERNADOR/ Com a proteção de DEUS,/ Com o apoio do povo/ / E o amor de todos os seus./ Doutor ROBERTO SILVEIRA,/ Ilustre Governador,/ Dirige o Estado do Rio,/ Do mesmo é amador./ Por todos os fluminenses/ Seu governo é apreciado,/ Por todas as criancinhas/ O ROBERTO é muito amado.
                       Na maturidade, escrevi-lhe um soneto intitulado Governador Roberto Silveira, sendo este uma das páginas do meu livro -”DE-VERAS... DI-VERSOS...”:Vocação de Estadista e inteligente,/ Já era traçado o seu lugar na História,/ Estudioso, bom e persistente,/ Com  pensamento e ideia para a glória./ De acendrado ideal, um expoente,/ Um gigante em sua trajetória,/ Nas lutas populares, sempre à frente,/ Atingiu a conquista meritória./ No exercício eficaz de sua função,/ De corpo e alma, doou-se por inteiro/ E o acidente fatal punge a Nação./ Ao renome e à vitória ele fez jus,/ Governador do Rio de Janeiro,/ Excelência da nossa Bom Jesus.
                        Este é, senhoras e senhores, um dia especial, dia de muitas surpresas e muitas alegrias, de cumprimentos, abraços, desconhecidos, conhecidos, amigos, parentes, todos em eufóricos e animados diálogos, todos justamente alegres, todos reconhecidamente felizes.
                           Meus cumprimentos e agradecimentos ao Dr. Gino e suas irmãs, pelo muito que têm feito pela CULTURA e pela HISTÓRIA de nossa tão amada Bom Jesus. Neste Espaço Cultural, não poderia olvidar LUCIANO AUGUSTO BASTOS, compus-lhe também uma trovinha e um soneto: Honra ao Doutor Luciano/ Historiador de renome,/ Da Cultura um veterano/  Sendo "AUGUSTO" até no nome./ Afoito, destemido e denodado/ Com sede de progresso o educador,/ / Não sai de nós o vulto consagrado/ Que à nossa HISTÓRIA deu o seu fulgor./ Viveu, amou e muito foi amado,/ Da Justiça foi grande defensor, O EXEMPLO foi o seu maior legado,/ Joia rara de rútilo esplendor./ De sua sã e fiel filosofia/ Proporcionou lições de humanidade.../ Dele emanava só SABEDORIA./ Foi pleno de bondade e amor profundo,/ Um ser iluminado nos invade/ Unindo-nos no amor dele oriundo.
                           Para arrematar com o acordeão, um rápido pot-pourri, passando por Ari Barroso, Chiquinha Gonzaga, Lamartine Babo, Mário Lago, Ataulfo Alves, Noel Rosa, Lupicínio Rodrigues e Luiz Gonzaga, finalizando com uma “emboladinha”: Engenho Novo, Engenho Novo, Engenho Novo bota a roda pra rodar.../ O Espaço Cultural/ Do amado Luciano/ Recebendo a Silveirada/ Tá botando pra quebrar./Engenho Novo.../ A nossa terra é Mãe/ De dois Governadores/ Do Rio de Janeiro/ Que botaram pra quebrar./ Engenho Novo.../ O Zequinha/ Que foi lá pro Paraná/ Foi Prefeito e Deputado/ E botou para quebrar./ / Engenho Novo.../ A Silveirada/ Em visita a Bom Jesus/ Num circuito de saudade/ Tá botando pra quebrar.
                            As luzes, cores e perfumes daquela esplendorosa manhã, ficarão indelevelmente marcados em nossa memória e coração. 
                           No ensejo, por demais oportuno, o meu forte abraço e respeitosa saudação a todos os meus amados leitores.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Dr. ROBERTO SILVEIRA

            Recordar é viver! Dos meus arquivos, os meus modestos versinhos feitos nos meus verdes anos em homenagem ao Dr. Roberto Silveira por ocasião de sua eleição para Governador e publicados em 1960 no CORREIO DE NOTÍCIAS (Jornal da Federação dos Estudantes de Bom Jesus do Itabapoana - RJ)

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

ESTE SIM, FAZ A DIFERENÇA! (PUBLICADO NO JORNAL "O NORTE FLUMINENSE - 12 de outubro de 2014)

ESTE SIM, FAZ A DIFERENÇA!
                                                                                      Vera Maria Viana Borges
                    
                                   A MÚSICA exerce sobre todos um efeito salutar. Tive o privilégio de nascer em terra de belas e perfumadas rosas e essencialmente MUSICAL. Na infância pude incessantemente ouvir os ensaios e as magníficas apresentações da Lira 14 de Julho, Corporação Musical iniciada por Luiz Tito de Almeida, Custódio Soares de Oliveira, Elpídio Sá Viana, Durval Tito de Almeida, Sebastião Magalhães e Elias Borges, no ano de 1922. Sem nenhum apoio oficial, os músicos citados, com instrumentos adquiridos pelos mesmos iniciaram a formação da banda rosalense que ensaiava na casa dos próprios músicos. Na década de 40, estabeleceu-se em sede própria, localizada na Praça Alzemiro Teixeira da amada e singular vila. No passado, nosso Distrito contou também com a BANDA do CHICO GOMES. Chico  veio de Minas já casado com Ana Alves Pimentel e do matrimônio advieram dez filhos: Júlio , José, Sebastião, Francisco (Quiquito), Amélia, Itelvina, Mário, Cecílio, Honorelino e Álvaro, criados na Fazenda Barra Funda. Já trouxe de sua terra a paixão pela música e em especial pelo bombardino que executava com maestria. Convivendo com os Sá Viana que já haviam feito repercutir o gosto musical naquela região, os filhos cresceram com a hereditariedade dos dons musicais e com a influência do meio. 
                                Vindo para Bom Jesus, deparo-me com a Sede da Banda, em um CASARÃO, situado na Rua Expedicionário Paulo Moreira, na esquina onde hoje é o “VAREJÃO”, defronte a lateral da Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus. O Maestro era Sebastião Ferreira, nosso dileto e amado PROFESSOR BASTIÃO. Aqui também apreciei muitos ensaios e quanto vibrei e me entusiasmei com suas retretas! Como esquecer o “VICENTINHO” levando a pasta com as partituras e a rapaziada após os bailes do Aero Clube acompanhando a “Furiosa”, como eles a chamavam, após os bailes das tradicionais Festas de Agosto? 
No dia 09 de julho de 1939, na casa de Móveis do Senhor Manoel Ferraz de Oliveira, à Rua XV de Novembro nesta cidade, reuniram-se os senhores Osório Carneiro, Ésio Martins Bastos, Felipe Luiz, Olívio Bastos, Sebastião Alfeu da Silva e Antônio Gonçalves para a constituição da Banda de Música de Bom Jesus do Itabapoana. Foi fundada e registrada em 02 de maio de 1940. Deram-se-lhe o nome de “ Sociedade Musical União Operária”. Em assembleia no dia 12 de agosto de 1941 depois de discutido e aprovado foi alterado o seu nome para “LIRA OPERÁRIA BONJESUENSE”, proposta apresentada pelo Sr. Antônio Tinoco de Oliveira. Tem sede própria na Rua Arlindo Saboia.
Na década de 80 a Lira atravessou maus bocados, chegando a parar totalmente, ficando sem uniformes, sem instrumentos e principalmente sem músicos. Em 1982, Nilo Rodrigues de Oliveira assumiu a direção e arregaçando as mangas começou  a dar aulas para crianças. Hoje ele tem 38 músicos formados e muitos alunos, na maioria jovens. Após dezenove anos chegou à conclusão que a Diretoria teria que ser composta pelos próprios músicos. A sede foi reformada, recebeu telhado sobre a laje e muro com três portões. Possui móveis novos,  dois tipos de uniforme e vários instrumentos. Nos altos há uma Galeria onde figuram os Retratos dos seus Fundadores. O grande sonho do Presidente Nilo é dar acabamento aos dois grandes cômodos do térreo para alugá-los e gerar renda, pois não tem conta das vezes que pagou contas de água e de luz do seu próprio bolso. Conta apenas com as pequenas quantias que recebe pelas apresentações, que divide com todos os músicos.
NILO, homem de garra, determinação, otimismo e um ideal maior que seu porte e que seu coração, filho de Pedro Rodrigues de Oliveira e Amélia Bartolomeu Pires, nasceu em Barra do Ribeirão Alegre aos dois de outubro de 1933. Aos oito anos iniciou os estudos na Escola Pereira Passos que funcionava onde é hoje o “BIG HOTEL”. Vinha a pé após ter auxiliado em todas as tarefas domésticas e rurais, como tirar leite, capinar e roçar. Os estudos de Música, iniciou-os aos dezoito anos na Sede da Lira Operária com o Professor Sebastião Ferreira, daí não parou mais de estudar. Vinha a noite, a cavalo, enfrentando frio e chuva, tendo ficado várias vezes esperando que se acalmassem tempestades para o retorno ao lar. Começou tocando Clarineta, depois passou para o Sax. Tem o domínio de todos os instrumentos. Casou-se em 1955 com Anézia Teixeira de Oliveira e teve cinco filhos legítimos e um adotivo, o único que o acompanha na Lira, toca Sax Alto e o pai se orgulha de seu desempenho dizendo: ele toca MUITO!!!
Seu dia começa bem cedo. Às cinco da manhã já está o Sr. Nilo saindo para a costumeira “Caminhada” e  duas vezes por semana joga pelada no Campo da Vista Alegre. Daí o preparo físico para acompanhar todas as Procissões da Coroa do Divino e fazer as célebres Alvoradas por todos os bairros da nossa amada cidade durante os festejos de agosto, até mesmo debaixo de chuva. O bem sucedido empresário às seis e meia já se encontra na RELOJOARIA SÃO JOSÉ, firma fundada em 1960, onde se encontra serviço garantido e um ourives capaz de produzir as mais encantadoras joias. Fecha o estabelecimento às dezoito horas e trinta minutos e às dezenove chega à Sede para ministrar aulas ou ensaio, todas as noites (segundas, terças, quintas e sextas, aulas e às quartas e sábados, ensaios). As aulas são gratuitas. Pensou que seu Domingo é livre? É raro que seja, pois este jovem de quase oitenta e um anos, está sempre animando as festas de toda a redondeza, levando a todos a alegria que lhe é peculiar com seu sorriso aberto e franco. Este homem de FÉ, é Cursilhista, fez Curso de Igreja, Jornada Cristã e frequenta a Paróquia de Bom Jesus do Norte, no Estado do Espírito Santo.
Organização total, sem retoques, tudo perfeito. O maestro mantém a documentação em dia, faz matrículas, ministra aulas, faz chamada e a cada apresentação o componente da Banda tem que assinar o ponto. Quanto dinamismo! Exemplo para todos nós. ESTE SIM, FAZ A DIFERENÇA!!! Deus Nosso Senhor o fortaleça plenificando-o de saúde e paz para que continue firme e vibrante acompanhando as Procissões da Coroa, fazendo as Alvoradas, as Retretas nas Praças, espalhando vida e alegria por onde passa, com suas marchas, dobrados e peças do Cancioneiro, por muitos e muitos anos. PARABÉNS, NILO RODRIGUES DE OLIVEIRA!

sábado, 30 de agosto de 2014

LITERATURA & CINEMA (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 26 de agosto de 2014)

LITERATURA & CINEMA
                                                                                              Vera Maria Viana Borges
          Sento para escrever. Chove lá fora, aquela chuvinha fina, com aquele friozinho doído, que nos convida a uma boa xícara de chocolate quente com biscoito frito passado no açúcar com canela. Melhor pegar um edredom e um bom livro, ou quem sabe um filme, já que a modernidade nos permite assistir a quaisquer filmes quando bem entendemos.  Estes dias cinzentos nos fazem recordar cada coisa, lembrei-me dos ditados de meus pais: “Primeiro a obrigação, depois a devoção”. Assim sendo, primeiro devo escrever e depois pensarei em LER ou assistir ao FILME. Associei o livro com a película e daí o título: Literatura & Cinema. 
        A Literatura e o Cinema são caracterizados pela Palavra e pela Imagem. A Literatura é a arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prosa ou verso e seu instrumento principal é a palavra. Já o cinema é a arte de compor e realizar filmes cinematográficos através da imagem. Duas artes com linguagens distintas que usam códigos diferentes. Ambas nos enlevam e nos encantam. É imensurável o prazer que nos proporcionam. Levam-nos a viagens mágicas que contribuem para o nosso crescimento intelectual e social. Apresentam-nos uma visão geral do mundo, viajamos sem nos locomover e sem correr riscos.
          Cinema é arte, cinema é cultura. As artes se distinguem pela sua linguagem. Quando uma câmera se aproxima, destacando um objeto ou uma cena, o que se projetou adquire maior importância dentro da história. A isto chamamos linguagem. Cada espectador fará uma interpretação e nisso está a riqueza de uma obra de arte. Cineasta e espectador estão ligados pela mesma cultura, assim como o escritor e o leitor. Muitas produções são baseadas em célebres livros. Tendo sido lido o livro, quando assistir ao filme poder-se-á comparar os dois, livro e filme, uma vez que cinema e literatura são linguagens que podem se enriquecer mutuamente. Cinema é linguagem vista e ouvida no tempo em que acontece. Só que o cinema não desfruta as metáforas e as construções literárias  usadas pela literatura. O cinema é uma mera narrativa enquanto a literatura tem a capacidade de sugestionar e emocionar mediante determinados processos e efeitos de estilo.
           A arte literária é anterior ao cinema, naturalmente constitui-se como referência. Claro que são convergentes, dirigem-se ao mesmo ponto. Não se pode negar a influência da literatura sobre o cinema, pode-se comprovar com prontidão nas ricas produções das adaptações em filmes e minisséries, ostentados por cores exuberantes, em cenas magníficas de beleza imensa. A linguagem literária é mais profunda e ampla. Sua transcendência a renova a cada leitura, a cada imagem sugerida. Nela formamos as imagens de acordo com a nossa imaginação. E, como a minha imaginação é fértil! Com ela construo pomposos e belos cenários. Já o cinema mostra ao espectador a imagem pronta. Em pequenos cortes, em fração de segundos descrevem um personagem, seu comportamento, seus hábitos e intenções. É tudo muito mais rápido. Eu, particularmente lendo, às vezes floreio e formo cenários mais encantadores, mais intensos e mais belos, ou mesmo, mais grotescos e mais rudes. Imagino cenas exuberantes, com mais cores e mais luzes. Muitas vezes o filme limita a imaginação do leitor. Apesar de tudo isto, são admiráveis os filmes adaptados de romances como “O CONDE DE MONTE CRISTO” de Alexandre Dumas, “MORRO DOS VENTOS UIVANTES” de Emily Brontë, “MADAME BOVARY” de Gustave Flaubert, “MOBY DICK” de Herman Melville, “ROBINSON CRUSOÉ” de Daniel Defoe, “A DAMA DAS CAMÉLIAS” de Alexandre Dumas Filho, “ULISSES” de Homero, “O VELHO E O MAR” de Hemingway, “GUERRA E PAZ” de Tolstoi dentre muitos  e muitos outros.
          Na década de 50 o Cine Monte Líbano era um esplendor aos nossos olhos. A atriz Romy Schneider estrelou três belíssimos filmes sobre uma das mulheres mais fascinantes da Europa no século XIX. Na trilogia do Diretor Ernest Marischka, Sissi é uma moça encantadora, adorável e cheia de alegria de viver que se casa com o apaixonado Imperador Frans Joseph I. Passam por transtornos e adversidades mas acabam felizes para sempre. Os três filmes que me encantaram narravam a vida de Isabel da Áustria que sofria de depressão devida ao casamento infeliz, à vida rígida na Corte Austríaca e ao mau relacionamento com a sogra. O marido estava sempre ocupado com a política do império o que contribuiu para a sua solidão. Em seu diário ela revelava: “Perambulo solitária sobre a terra há tempo, alienada da vida e do prazer, não tenho e nunca tive alma que me entendesse.” Em 1860 deixou Viena para uma viagem de dois anos pela Europa. Dos quatro filhos somente com a caçula Marie Valerie teve uma relação mais estreita. Sophie, a mais velha foi tomada pela sogra e morreu aos dois anos de idade. O único filho, Rudolf, educado longe de sua influência, aos trinta e dois anos se suicidou. Nas telas, bela história de amor, em rica produção. Na vida real, uma Imperatriz infeliz no casamento, vaidosa, egocêntrica e narcisista, depressiva e anoréxica. A Sissi da realidade tinha pouco a ver com a Sissi do Cinema.
     A Imperatriz da Áustria se engajou em causas humanitárias e chegou a visitar hospitais e asilos durante uma epidemia de cólera. Ela foi para o século XIX o que seria a princesa Diana cem anos depois. Muito lindas, cobiçadas e invejadas, imitadas, copiadas e envolvidas em uma aura de simpatia e bondade e ao mesmo tempo extremamente infelizes. Ambas morreram de forma trágica.
        Há casos em que as produções cinematográficas deixam a desejar em relação à obra ou à sua história. Não é possível condensar tudo em apenas algumas horas, mas elas poderão ser um incentivo, aguçando o desejo de se conhecer maiores detalhes da narrativa. Assim será favorecido o caminho inverso, será do cinema a influência para a literatura. 

domingo, 27 de julho de 2014

PALAVRAS PROFERIDAS POR VERA MARIA VIANA BORGES POR OCASIÃO DA CRIAÇÃO DA ARLA E POSSE DOS NEOACADÊMICOS

PALAVRAS PROFERIDAS POR VERA MARIA VIANA BORGES POR OCASIÃO DA CRIAÇÃO DA ARLA - ACADEMIA ROSALENSE DE LETRAS E ARTES E POSSE DOS NEOACADÊMICOS
                         
                                Meu coração transborda de imensa e justa alegria, nesta memorável tarde. Não há o que dizer para traduzir a imensa satisfação deste momento em que se concretiza a magia de podermos participar de tão importante Sessão Solene por ocasião dos festejos de nossa tão amada terra, para a Instalação e Posse dos neoacadêmicos da ARLA- Academia Rosalense de Letras e Artes .
                               Quando as portas se abrem para o fulgor de um Sodalício percebe-se um facho de LUZ a cintilar tão profundamente na mística da comunhão de ideais, na pujança do extravasar das mentes e almas, o objeto da mais alta inspiração, reunindo toda a perfeição concebível no nosso imaginário. Momento ímpar!
                           ARLA, um sonho sonhado por uma rosalense, querida, que desta localidade partiu rumo a Guaçuí, próspero Município de Estado do Espírito Santo, no ano de 1940, em busca de Cultura e de conhecimentos. Tornou-se Professora, Comendadora, Doutora honoris causa, mestra consagrada, conhecedora profunda da arte de educar.
                          Mais ou menos em outubro do ano passado recebi da então Presidente desta Entidade, um telefonema dizendo de seus planos e que Maria  e sua filha Dodora, também nossas primas, haviam lhe dito que eu poderia ajudar na empreitada de criar uma Academia de Letras em Rosal. 
                            Meu coração encheu-se de júbilo. Apossou-se de mim, o sentimento do mais puro amor a uma terra de passado nobre e culto, de filhos ilustres que a preservaram e engrandeceram sempre, e de um presente altaneiro, promissor, com grandes feitos de gente não menos nobre, que cultiva as letras e as artes. Rosal, berço de gente boa, nobre, hospitaleira, amiga e altaneira. Cenário de belezas, de encantos naturais, de passado culto e heróico, marcado por filhos ilustres que com galhardia lançaram a semente que caiu em terreno fértil, fato comprovado pela colheita de sazonados e perenes frutos, saboreados pelo povo honrado neste presente glorioso onde se cultua a Fé e a Cultura.
                       Incansáveis e profícuos a Professora, Comendadora, Presidente Ivanete e o Professor, Comendador e Secretário da ARLA, Weber Müller, não se deixaram acomodar, não esmoreceram e insopitáveis, arregaçaram as mangas e hoje trazem a lume  esta Instituição Cultural, que já nasce respeitada pelo valor dos intelectuais que a compõem. 
                       Weber Müller, mestre exornado dos mais peregrinos dotes de inteligência e caráter. Bom filho, temente a Deus, escritor e orador dos mais festejados, não medindo esforços, preparou com zelo cada passo da Fundação da ARLA. Suas qualidades de espírito e coração souberam impor-se a todos aqueles com quem entrou em contato, fazendo de cada um, um amigo, não o amigo interesseiro, mas o amigo que se deixou cativar por suas nobres qualidades. Soube granjear a confiança e a simpatia de todos. E o segredo disso reside na proficiência, dedicação e finura de trato.
                    O sucesso de grandes empreendimentos deve-se ao trabalho intenso onde a colaboração de muitos é fator primordial para que tudo dê certo.
                            Não só de pão material vive o homem, mas por igual do pão e do espírito. O povo desta terra não se faz admirar apenas pela força bruta, mas sobretudo pelas criações do BELO, do BOM e do BEM.
                    Esteja certa, Senhora Presidente, o seu brilhante ideal será conservado, como legítima pérola preservada por nós, seus pares, também idealistas e altruístas; como rico diamante lapidado dia a dia, como a semente boa lançada em terreno fecundo e há de produzir miríades de saborosos e perenes frutos.
                Temos hoje, senhoras e senhores, a tão magna honra de sermos recebidos, solenemente na ARLA, por estas nobilíssimas personalidades.  Adentramo-nos no seio desta douta Academia que hoje se instalou, se jubilou e se enaltece com suas notáveis e valorosas presenças. Organização irreparável! Tudo demasiadamente belo, maravilhoso e gratificante. Jamais serão diluídos estes momentos. As luzes, cores, perfumes desta esplendorosa tarde, acompanhar-nos-ão com certeza, para todo o sempre. Dia de fatos e lembranças jamais apagáveis da mente e do coração. 
                        Curvo-me reverente à Presidente Ivanete, esta mulher forte e decidida, sensível poetisa, protetora das letras e das artes, e ao escritor capixaba, Weber Müller, de personalidade admirável sob todos os aspectos em cuja obra há um profundo senso de equilíbrio moral e a defesa insólita dos valores cristãos. Rogo ao Pai Celestial que os proteja por muitos, muitíssimos anos, dando-lhes saúde e muita paz, para que possam prosseguir, e, continuar emprestando fulgor e rutilância aos destinos culturais das entidades a que pertencem.
                    Deveras agradecida, firmo o meu compromisso de ser fiel e digna sempre, para prosseguir a caminhada que me é proposta. Que possamos juntos, através da ARLA, levar e elevar cada vez mais o nome do nosso querido Município e da nossa amada ROSAL, às mais longínquas plagas. 
                         Muito Obrigada!
                                                    Vera Maria Viana Borges

                           Rosal-Bom Jesus do Itabapoana-RJ, 26 de julho de 2014




HINO DA ARLA (ACADEMIA ROSALENSE DE LETRAS E ARTES) - 26 de julho de 2014

HINO DA ARLA
ACADEMIA ROSALENSE DE LETRAS E ARTES

MEDALHA ACADÊMICA DA ACADEMIA ROSALENSE DE LETRAS E ARTES

MEDALHA ACADÊMICA DA ARLA
ACADEMIA ROSALENSE DE LETRAS E ARTES


LOGOTIPO CRIADO POR VERA MARIA VIANA BORGES

MANDADA CUNHAR PELO PROFESSOR WEBER MÜLLER

domingo, 20 de julho de 2014

EM PLENO VOO ( Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 17 de julho de 2014)

EM PLENO VOO
                                                                                        Vera Maria Viana Borges
“O homem há de voar”. (Santos Dumont)  Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor. (Goethe) “Viver é acalentar sonhos e esperanças, fazendo da fé a nossa inspiração maior. É buscar nas pequenas coisas, um grande motivo para ser feliz!” (Mário Quintana)
O ritmo conturbado e alucinante da vida moderna gera impetuoso estresse que deixa o indivíduo ansioso, irritado e exausto. O sono já não é o mesmo, os sonhos já não são mais sonhos, são pesadelos. A  insônia aparece e há dificuldade para adormecer e após noite maldormida, levanta-se tão cansado quanto  se deitou. As pílulas para dormir são facas de dois gumes, produzem o sono mas interferem na capacidade de sonhar, componente necessário para um perfeito e salutar descanso. O sono e os sonhos não estão sendo suficientes para aliviar as nossas tensões. Buscamos técnicas para libertar nossos corpos e nossas mentes. Com tanta fragilidade, há uma corrida atrás de exercícios aeróbicos, de técnicas de relaxamento, de se fazer algo bem diferente da rotina diária, optando-se por trabalhos manuais e muitas outras alternativas. A maioria das pessoas tem um hobby e busca fórmulas mágicas mergulhando na literatura dos desesperados. Os autores deste tipo de textos faturam milhões, mas muitas vezes nem eles próprios resolvem os seus problemas. “Se conselho fosse bom, ninguém daria, venderia.” Caso o autor deste dito popular vivesse nos dias de hoje, ficaria espantado com a dimensão de sua profecia. Nenhum negócio é tão promissor quanto a venda de conselhos através dos livros, cursos, programas de TV, Cds e DVDs, chamados de autoajuda. Acredito na força da mente, acredito no PENSAMENTO POSITIVO. Podemos criar momentos mágicos ou até mesmo momentos trágicos. Somos o que pensamos. O cultivo de pensamentos positivos equilibrados com fé e amor terão frutos. Acredito na importância dos sonhos. Se visualizarmos os nossos desejos, bons ou maus, certamente eles serão realizados. É o que se dá com os pensamentos positivos que utilizamos para solucionar muitas de nossas tribulações. Quem alimenta sonhos diariamente, com certeza atingirá os seus objetivos. Das mentes sonhadoras nascem as notáveis descobertas, a beleza das artes e os mais sábios pensamentos e palavras, mas nada cai gratuitamente do Céu. Trabalhe e ESTUDE para que a oportunidade possa encontrá-lo preparado. Lembro-me com clareza da voz do meu saudoso pai, quando me via de terço na mão e passando com insistência na Igreja, às vésperas das provas: “Fia na VIRGEM sem estudar para ver o que acontece!”
Tenhamos sempre viva a criança que fomos dentro de nós. As crianças estão sempre cheias de sonhos. As mentes infantis são povoadas deles. Mas, aqui me refiro aos sonhos que são desejos ardentes, são aspirações. Sonhar é pensar insistentemente. Dentre os meus anseios, um em especial, é poder arrumar minha própria cama até o meu último dia. Se estendemos a colcha após dobrarmos os lençóis, guardando-os com os travesseiros é porque ainda temos força e independência, podendo ir e vir sem a ajuda de terceiros. Maravilhoso também é ter vigor para lidar com as panelas, fazer um delicioso bolo, alguns biscoitinhos, uma saborosa sobremesa. Poder AGIR até o derradeiro momento. É muito bom estar em AÇÃO, fazendo crochê, tricô, uma costura e quem sabe poetando, escrevendo belos e variados versos. Afirmou Thomas Jefferson: “Eu acredito demais na sorte. E tenho constatado que quanto mais eu trabalho, mais sorte eu tenho.” Disse Conrad Hilton: “O sucesso está ligado à ação. Pessoas prósperas estão sempre se mexendo. Elas cometem erros mas não desistem.” Já, Emerson nos adverte: “O sucesso na vida depende unicamente de insistência e ação.” Particularmente, penso que o homem de bom senso não se deixa acomodar em almofadas moles, ele arregaça as mangas, põe mãos à obra e vai à luta. É o que tem que ser feito. Se me coloco em AÇÃO, as pessoas poderão não acreditar no que eu falo, mas acreditarão no que eu faço. O exemplo é mais forte do que milhões de palavras. Já foi dito que “o importante não é convencer com grandes palavras, mas surpreender com grandes atitudes.” 
Mexa-se, trabalhe e exercite-se, mas não deixe de sonhar. Segundo Fernando Pessoa “Matar o sonho é matar-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.” Nietzsche confirma: “Nada é tão nosso quanto nossos sonhos.” Sabemos que eles funcionam como uma válvula de escape das pressões do labor de todos os dias. Alguém não se torna velho pelo número de anos que viveu, torna-se velho quando deixar morrer o seu ideal, quando deixar que feneçam os seus sonhos. Devemos SONHAR muito, claro, mas não podemos deixar o nosso cotidiano de lado, precisamos enfrentar a realidade do dia a dia. É aquela história de medir a água e o fubá. Na vida tudo tem que ter equilíbrio. Nem tanto ao Céu e nem tanto ao Mar, nem tanto ao Feijão e nem tanto ao Sonho.
Sou poeta e nós poetas temos o privilégio, o dom de sobrevoar lugares encantados que sublimam a alma. Não fico apenas com a cabeça nas nuvens, tenho os pés no chão. Sou positiva, corro atrás dos meus sonhos, não espero cair do céu, vou à luta e sei que quando desejamos de verdade e com fé, nosso sonho tende a se realizar. Muito do que desejei ardentemente foi realizado, não por ter apenas “sonhado”, mas por me prevenir, esforçando-me incessantemente  para que a oportunidade me encontrasse preparada.
Sonhe muito! Para sonhar, não é necessário pagar imposto. E, como explicita o célebre Rubem Alves, “Quem é rico em sonhos não envelhece nunca. Pode até ser que morra de repente. Mas morrerá em pleno voo.”

domingo, 15 de junho de 2014

HAJA CORAÇÃO! (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 12 de junho de 2014)

HAJA CORAÇÃO!
                                                                               Vera Maria Viana Borges
         
                              “Ó sino de minha aldeia,/Dolente na tarde calma,/ Cada tua badalada/ Soa dentro da minha alma...” (Fernando Pessoa). Também nas minhas lembranças tange o sino da Igreja de Santana, na minha doce e serena vila. Creio, não há outra mais bela pois ela é a minha vila, minha terra, meu amor, meu encanto. A religiosidade e o amor telúrico são inerentes às fervorosas almas de sua gente. Também as criações artísticas são valorizadas por lá, assim como a paixão do brasileiro, o ópio nacional, o futebol, que naquele meu tempo de criança era o  esporte sagrado e nos domingos era a principal atração. No Rosal Esporte Clube o vermelho e o branco tremulavam em bandeiras agitadas por animadas torcidas.  Vale lembrar o Dedé André, o Maroca (Admard André dos Santos, meu saudoso pai), Ernesto Lumbreiras, Parafuso, Noir, Aurinho, Jocilem, Carlyle, Nico, Lula, Toninho Aguiar, Oswaldo Degli Spoti, Iranel, nos treinos e nas aguerridas disputas dos campeonatos... As bandeiras tremulavam ao som de seu hino, de autoria dos notáveis atletas- Noir, Jocilem, Iranel e Parafuso:“Eu sou Rosal de coração/ Clube pequeno, mas de grande tradição/ Vermelho e branco, me prende e me domina/ Eu sou Rosal campeão da disciplina...”. Mesmo tendo sido criada neste meio, se me perguntarem se gosto de futebol, vou dizer que sim, mas não me planto diante da TV para assistir aos jogos das tardes domingueiras. Gosto de saber dos resultados, mas quando se trata de COPA DO MUNDO, fico lá com o coração batendo a mil: “Eu sei que vou/ Vou do jeito que sei/ De gol em gol/ Com direito a replay/Eu sei que vou/ Com o coração batendo mil/ É TAÇA na RAÇA, BRASIL!!!” 
                              O Projeto de organização da COPA começou com a criação da FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado) em 21 de maio de 1904. A entidade máxima do futebol foi fundada em Paris e tem sede em Zurique, na Suiça. A primeira Copa do Mundo foi disputada no Uruguai em 1930 e a seleção da casa saiu vencedora. A Sexta edição deu-se na Suécia em 1958. Naquele ano eu cursava o quarto ano do Ginasial. O Brasil saiu perdendo dos donos da casa, mas ganhou de 5 a 2, com dois gols do Pelé que contava apenas dezessete anos, dois gols do Vavá e um do Zagallo. Quatro anos depois, em 1962, eu estreava no Magistério Fluminense e apesar da Tchecoslováquia ter aberto o placar, o Brasil venceu por 3 a 1 de virada, com gols do Amarildo, Zito e Vavá. Em 1970, ano do meu casamento, o Brasil conquistou o terceiro título e assim adquiriu o direito de manter a Taça Jules Rimet, em definitivo. A Seleção e eu escrevíamos as nossas histórias e progredíamos. Em 1994, conquista o tetracampeonato, foi a primeira final decidida nos pênaltis e Romário foi o grande jogador, eleito o melhor do torneio . Em 2002 o mundo viu o Brasil ganhar pela quinta vez, conquistando o pentacampeonato. Ronaldo foi o artilheiro com oito gols. Vale lembrar o Capitão Carlos Alberto erguendo a taça em 1970, sua foto foi imortalizada.
                                  Agora é no Brasil!!! Lamento ouvir alguém dizer que torce para que percamos a COPA, para que o país melhore. É descabida a onda de protestos. Não adianta chorar sobre o leite derramado. Deviam ter protestado quando o Brasil foi eleito para sediar o megaevento. Que a vida é dura, é. A pobreza e as dificuldades  existem em todo lugar. Claro que seria bom que todo esse dinheiro gasto, fosse utilizado para melhorar a educação, a moradia, a saúde, a segurança e muitas outras necessidades de nossa população. Mas, se não houvesse COPA, será que estes bilhões de reais seriam transferidos  para suprir as necessidades  que desejamos? O povo tem direito à alegria também. O coração alegre é o melhor remédio, isto é bíblico. Por que ir aos Estádios ver o time do coração durante os campeonatos nacionais? Por que encarar trânsito, pagar ingresso e enfrentar as torcidas organizadas? Por que vestir a camisa do Clube, empunhar a Bandeira e encher o peito de emoção e explodir no grito de cada GOL? Por que tanta gente foi ao Rock in Rio? Por que multidões assistem aos Shows Musicais de artistas famosos? E, eu respondo: porque nem só de pão material vive o homem, mas por igual do pão e do espírito. Nosso povo exaurido pela labuta do cotidiano precisa também de lazer, de alegria, de distração para espairecer, recrear e entreter a fim de juntar forças para enfrentar as vicissitudes e o ofício de cada dia. O brasileiro gosta de futebol que sempre foi paixão nacional e agora na HORA “H” há quem queira atrapalhar, tirando o brilho do evento  e o sossego de todos.
                                          A Copa é um dos eventos esportivos mais assistidos no mundo. Ela tem efeitos positivos sobre o crescimento de certos setores e para o desenvolvimento do país-sede: instalações desportivas e estádios são reformados ou construídos, recursos são investidos em estradas, em aeroportos, em hotéis, em infraestrutura de modo geral, em telecomunicações que ficarão como benefícios para o país. Muitos produtos são produzidos  e vendidos. Os álbuns de figurinhas fazem a alegria dos torcedores que se encontram em vários logradouros para a troca das duplicatas e aqui em Bom Jesus , as crianças, os jovens e até adultos reúnem-se  na Praça Governador Portela. 
                                A esta altura, o Brasil já se vestiu de verde e amarelo. Os jingles e marchinhas já contagiam os brasileiros que torcem para que desta vez conquistemos o HEXACAMPEONATO. São animadas as conversas de botequim, onde  certamente haverá o bolão de palpites antes dos jogos. Rodas de amigos e familiares  se reúnem diante da TV cheios de otimismo e pensamento positivo,  valendo o desejo de mostrar o que é o BRASIL ao mundo inteiro. Que o tatu-bola, o FULECO nos dê sorte. Vamos aguardar o Galvão Bueno: é gol, gol, gol,  gol, goooooooooool , e é do BRASIL!!! HAJA CORAÇÃO!

segunda-feira, 12 de maio de 2014

CUIDADO COM O EGO (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 10 de maio de 2014)

CUIDADO COM O EGO
                                                                                                  Vera Maria Viana Borges
     O Padre Antônio Vieira (1608-1697) em um de seus famosos sermões advertia que “duas coisas há nos homens que os costumam fazer arrogantes, porque ambos incham: o saber e o poder.” Vaidade das Vaidades! A vaidade e o narcisismo são as piores das imperfeições, porque nos enganam. Por mais inteligente que sejamos, haverá sempre alguém mais inteligente. Por mais belo, mais forte, mais charmoso, mais sábio, haverá sempre alguém a superar-nos. Há quem perca o sentido das proporções julgando-se insuperável e desta forma,  inflado, sucumbe e cai no ridículo, enganado por si mesmo. O grande pensador Sócrates, pronuncia:” Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa.” Quanto ao saber, sei que somente DEUS é capaz de saber e conhecer todas as coisas, aqui, somos apenas aprendizes, uns com conhecimentos num determinado assunto, outros  conhecedores de outras áreas, todos nós usufruindo dos dons que ELE próprio nos concedeu. Segundo Paulo Freire, “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.” Quanto ao poder, há os que  ocupam cargos e se enchem de vão orgulho e de uma empáfia desmedida. Acostumam-se com o  poder posicional, e quando caem de seus postos, coitados! Ficam perdidos e muitas vezes entram em depressão porque não cultivaram o seu poder pessoal, colocaram todos os ovos numa só cesta. Disse Santo Agostinho: “O orgulho não é grandeza e sim inchação. O que está inchado parece grande, mas não tem saúde.” Precisamos cultivar aptidões várias, para que, havendo impossibilidade de se continuar pelo mesmo caminho, fazendo as mesmas coisas,  possamos adentrar por atalhos e seguir a  jornada em outros segmentos com determinação. “O que somos contribui muito mais para a felicidade do que o que temos.”(Arthur Schopenhauer)  Confirmando o pensamento anterior, transcrevo o poema “PRATA E OURO”, uma das páginas do meu livro “DE-VERAS... DI-VERSOS...”: “Não quero me desvairar/ Pela prata e ouro,/ Que aprisionam,/ Em pélago fementido.../ Por riquezas, vil metal/ Ou algum tesouro,/ Muitas vezes se ignora,/ Até o próprio Cristo./ Bens materiais e dinheiro jamais/ Deverão ser primazia do bem viver./ P’ra o caráter,/ O que somos vale mais,/ O ser/ É bem mais importante que o ter./ Ser tão puro e simples como lis nos campos,/ Ser digno, fiel,/  Ter bom senso e acreditar/ Que o que de fato tem valia/ É o que somos./ A um bom juízo pretendo ter direito,/ Verdade e justiça/ Quero proclamar/ Não em altas vozes,/ Mas sim em grandes feitos.”
     Os aborrecimentos de cada dia muito nos incomodam. A adversidade nos amedronta, mas é dela que na maioria das vezes, extraímos méritos inesgotáveis. “Fina é a ostra que quando é incomodada pelo grão de areia reage produzindo pérolas.” É nas derrotas que aprendemos a arte de vencer. A prosperidade é atrativa mas pode nos cegar e nos iludir fazendo com que esqueçamos o nosso grande BENFEITOR, AQUELE que nos proporciona todos os bens e todos os dons. São Francisco de Sales nos alerta: “A prosperidade é madrasta da virtude, cuja mãe é a adversidade.” Tomemos cuidado com esta madrasta, não nos deixemos enganar, porque somos viajores com destino ao Porto da Eternidade, à Morada do Céu.
     Política, futebol, investimentos, economia, e cultura são assuntos sobre os quais muito se fala, mas nem tanto se entende.  Vale pela emoção, pela catarse, pelo passar do tempo. É jogar conversa fora. Contudo na hora dos pontos nos “is” será bom seguir a receita dos mais antigos: caldo de galinha e prudência não fazem mal a ninguém. Há os que não usam a receitinha, adoram aparecer e gostam de se beneficiar às custas dos outros puxando-lhes o tapete  e já se sabe que  “Pé que dá fruta é o que mais leva pedrada.” À árvore estéril ninguém dá importância.  “O ciúme tem suas raízes num egoísmo constitucionalmente mórbido.”(Renato Kehl)  E, no entender de José Ingenieros “Todo artista medíocre é candidato a crítico. A incapacidade de criar impele-o a destruir.”  Há ainda os necessitados do estrelismo. Existem os notáveis, os dignos de nota, os que ocupam elevada posição social e os notórios que buscam os holofotes, recorrem a truques e artifícios, pondo-se em evidência  para serem notícias.
     Em contrapartida encontramos no livro “IMITAÇÃO DE CRISTO” a seguinte citação: “O homem tem duas asas, por meio das quais se eleva acima das cousas da terra: são a pureza e a simplicidade.” A simplicidade é a ausência de artifícios e excessos. É o caminho para se chegar à humildade e ser mais servil, menos arrogante e prepotente, combatendo e se livrando da inveja, do orgulho e do ciúme. Ser humilde é ter conhecimento daquilo que somos e que podemos, sem devaneio, sem caprichos e sem fantasias com dotes, dons, virtudes e qualidades que não temos. Ser humilde não é dizer “ sim” a tudo e a todos. É a avaliação do que se é e do que se vale. É conhecer a si mesmo, sem a necessidade de se impor aos outros. Não há necessidade de se buscar lugares de destaque, o melhor é ser como o puro, belo e singelo lírio que viceja em fétido pântano, como a perfumada rosa que nada diz de seu delicado perfume, como os rios que mesmo poluídos são capazes de mover moinhos e gerar energia e ainda como o SOL que se levanta solenemente a cada amanhecer e  sem se recordar das trevas da noite,  não se importa de se lançar sobre pobres e ricos, sobre os bons e os maus.
     Todos, sem exceção, temos saberes, quereres e deveres e somos inúmeros como as estrelas do firmamento, cada qual com o seu brilho. Sejamos como a Via Láctea, magnífica pela união de tantos astros, linda pela beleza do conjunto e como se fôssemos apenas músicos da Grande Orquestra regida pelo Criador. Sejamos faróis a iluminar com nossas palavras de encorajamento e com o nosso sorriso de entusiasmo. Possamos ser sempre exemplo de fé, de coragem, de alegria e otimismo e tenhamos muito CUIDADO COM O EGO, porque o PAVÃO de hoje pode ser o ESPANADOR de amanhã.

terça-feira, 22 de abril de 2014

TERRA BRASILEIRA (Do Livro "DE-VERAS... DI-VERSOS..." de Vera Maria Viana Borges)


FOLHAS DE OUTONO (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 13/04/2014)

FOLHAS DE OUTONO
                                                                                        Vera Maria Viana Borges

                              “Folhas de outono/ Fazem lembrar/ Eu e você/ Junto ao luar.../ Beijo seus lábios/ A murmurar/ Doces palavras/ Do verbo amar.” Música de Joseph Kosma, compositor húngaro naturalizado francês. Sua letra foi escrita em 1945 pelo poeta francês Jacques Prévert. “Les Feuilles Mortes” (As Folhas Mortas) é uma das mais belas canções da França. Incluída originalmente no filme “Les Portes de la Nuit” de Marcel Carné, com apenas pequenas partes cantaroladas pelos personagens de Yves Montand e Nathalie Nattier. Lançado em dezembro de 1946, foi um fracasso comercial, mas a canção se transformou em grande sucesso internacional. Em 1947, o compositor americano  Johnny Mercer escreveu a versão em inglês com o título “Autumn Leaves” (Folhas de Outono) que no melhor padrão de JAZZ teve interpretações extraordinárias. Em 1950 a cantora francesa Edith Piaf interpretou as duas versões (francês e inglês). Juvenal Fernandes fez  a versão brasileira que muito nos encanta. Em 1956 no filme da Columbia Pictures “Autumn Leaves” estrelado por Joan Crawford e Cliff  Robertson, foi interpretada por Nat King Cole. Tempo áureo do “CINE MONTE LÍBANO”. Tempo saudoso. No Aero Clube quantos se embalaram no mavioso e enternecedor compasso.
                           E, por falar em saudade, quem não ficou seduzido pela película “ Outono em Nova York”, que aborda as façanhas de um playboy de 50 anos, mestre da sedução sem compromissos, que conhece uma jovem com a metade de sua idade e o dobro em maturidade e exploram o amor em todas as suas fascinantes e assustadoras  características? Uma bela e sentida história que se desenrola numa única  e curta estação do ano, o outono, com todos os seus encantos e  com todas as suas cores.
                          A palavra outono vem do latim “autumnus” e está associada a “colheita” e “safra”. O Outono é a estação que chega após o Verão e antecede o Inverno, é uma estação intermediária caracterizada pela queda de temperatura e pelo amarelar das folhas das árvores. O chão fica salpicado de bonitas cores. Colore-se de verde, castanho, amarelo, laranja e vermelho. As folhas caem para que nasçam outras em seu lugar.  Tem as noites mais longas que os dias. Outros fenômenos marcantes são as mudanças bruscas de temperatura e diminuição da umidade do ar. Época em que ocorre a maioria das colheitas agrícolas, pois os produtos cultivados já estão bastante desenvolvidos, as folhas com poucos nutrientes, além dos frutos bastante maduros. Mas a árvore mantém-se viva.  Apesar da menor intensidade de luz ela produz energia suficiente para sustentar seu corpo sem as folhas. Atravessa o Inverno e na Primavera refloresce. É sábia a natureza! Se não houvesse a queda das folhas, as árvores não sobreviveriam à  próxima estação, suas folhas se queimariam com o frio do inverno e terminaria repentinamente seu ciclo de respiração. “ A natureza nos mostra a beleza de sua sabedoria: é preciso entrega, é preciso deixar ir o que não serve mais, para proteger o que é mais importante.”  
                        Assim como o outono, a Páscoa é um tempo de preparação e transformação. Páscoa significa a passagem da escravidão para a liberdade. É a maior festa do cristianismo e, naturalmente, de todos os cristãos, pois nela se comemora a Passagem de Cristo - "deste mundo para o Pai", da "morte para a vida", das "trevas para a luz".
                     Na vida tudo passa. As folhas caem e viram adubo para a semente que caiu, a criança passa dando lugar aos adolescentes e aos jovens e estes dão lugar aos adultos. A vida é passagem.  Os hebreus passaram pelo Mar Vermelho, Jesus passou por sua Paixão, Morte e Ressurreição e nós passamos para a vida nova trazida por Jesus pelo Batismo. 
                No limiar da vida pública de Jesus houve o seu Batismo. “Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre Ele, em forma de pomba o Espírito de Deus. E do céu baixou uma voz: “Eis meu filho muito amado em que ponho minha afeição.” Neste episódio estavam presentes as três pessoas da Santíssima Trindade: o PAI através de sua voz, o FILHO, o próprio Jesus e o Espírito Santo em forma de pomba.
                    No limiar da Paixão e da Páscoa, a Transfiguração.  Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e conduziu-os a uma alta montanha. Lá se transfigurou diante deles. Seu rosto ficou resplandecente como o sol e suas vestes ficaram brilhantes como a luz, de uma brancura ímpar. E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com Ele. Veio uma nuvem luminosa e os envolveu e da nuvem uma voz que dizia: “Eis o meu Filho muito amado em quem pus toda a minha afeição: ouvi-o”. A Trindade se manifestou também no Tabor: o PAI através da voz, o FILHO , o próprio Jesus e o Espírito Santo na nuvem clara que os envolveu. Cristo ali preparou os Apóstolos para não se decepcionarem e nem se desesperarem diante da tragédia que seria a sua morte na cruz. Deu-lhes a certeza: “Eu vou ser Crucificado, eu vou morrer, mas tudo vai continuar.” E ELE ressuscitou no terceiro dia. Possamos reconhecer as transfigurações de Jesus nas pessoas que nos rodeiam e deixemos que ELE se transfigure em nós para que mais e mais pessoas  O conheçam e CREIAM NELE.
                     É vida que segue. A Festa da Páscoa está chegando. Páscoa é passagem. Passagem para uma nova vida, transformada, convertida numa nova vida em CRISTO, abundante de Graças Divinas. A exemplo da natureza, assumamos um compromisso, desapeguemos daquilo que não serve, deixemos ir o que não serve mais, para proteger o que é mais importante, o nosso Crescimento Espiritual. Que a TRINDADE SANTA permaneça em nós!  FELIZ PÁSCOA!!!

quinta-feira, 13 de março de 2014

BRAVO!!! (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 09 de março de 2014)

BRAVO!!!              
                                                                                          Vera Maria Viana Borges

               Que venham as chuvas de março! “São as águas de março fechando o verão/É a promessa de vida no teu coração.” (Tom Jobim)  “É preciso amor pra poder pulsar,/ É preciso paz pra poder sorrir,/ É preciso a chuva para florir...” (Almir Sater)
              O Espaço Cultural Luciano Bastos reúne em seu ecletismo elementos de todas as classes, mantendo glamour e beleza em suas apresentações.  Regiamente abriu a nova temporada com o talentoso Pianista e Organista bonjesuense, o VIRTUOSO Thadeu de Moraes Almeida, Bacharel em Piano pela Escola de Música da UFRJ e Mestrando no Programa Pós-Graduação da mesma Instituição. No repertório, Bach, Beethoven, Brahms, Chopin, Khachaturian, Homero Barreto e Villa Lobos. Inolvidável noite! Ficará para sempre retida nas memórias e corações dos presentes que se deleitaram naquele  encantável e mavioso evento. Com profunda razão, a música sempre foi considerada uma expressão divina. Sempre presente na história do homem ela pode ser considerada um presente de Deus. As notas musicais enlevam imensas e pequenas plateias e ativam a criatividade de outras artes. Por estas e outras é que Mário Mascarenhas afirmou: “Somente a Música é capaz de traduzir com tanta fidelidade os sentimentos mais sublimes que tanto nos aproximam de DEUS.” 
              Falando em música, apuro os ouvidos no tempo  e devaneando ouço e até vejo a “LIRA 14 DE JULHO pelas ruas de minha terra, executando o magistral “SÃO PAULO QUATROCENTÃO”, um dobrado muito bem construído, composto por Garoto e Chiquinho do Acordeão, consagrado como um verdadeiro hino do IV Centenário da Cidade de São Paulo, comemorado em 25 de janeiro de 1954. À frente o Professor Bastião, advindo daquela capital. O povo vibrava. E já se foram sessenta anos. 
            Ainda me lembro do cheiro forte da poeira deixada pelo caminhão que trazia nossa mudança para Bom Jesus no início de 1955. Deixávamos para trás muitas histórias ali vividas, a Igreja de Santana, a Pracinha multicolorida pelas exuberantes rosas.  Trazíamos as doces lembranças de belos shows, bailados, bailes, teatros e tantos outros movimentos de Cultura e Arte.  Apresentações singelas que calaram fundo em tantos e principalmente em nossos corações. Belas peças do cancioneiro popular e até mesmo clássicos executados por nós. Minha irmã sempre cantava e participava de bailados, que nossa mãe prazerosamente organizava. Délbio e eu, certa vez, vestidos de gaúchos, executamos em dupla a rancheira “Sarita”. 
                As artes cênicas eram valorizadas. No palco, do amplo salão nos Altos da Casa Brasil, dos Irmãos Alt, eram representadas animadas comédias, dramas e apresentados números de canto, danças, bailados, monólogos, diálogos, humorismo e mágicas que ficavam sempre a cargo do Sr. Chiquinho. Com relação a estas atividades cumpre-nos destacar a peça “O AMIGO da PAZ”, dirigida por Lutinho (Luís Assis Vargas). Elza Morais Borges vestida de azul e branco, interpretou a canção de David Nasser “Normalista”, acompanhada pelo instrumentista Tuca. Estava fulgurantemente bela!... Quando adentrou, após aplausos, a plateia silenciou enquanto José Pedro Rosa (Zé Pedro) suspirou pensando alto: “Ô trem especiali!”. Toninha acompanhada por Geraldo Vargas na interpretação de “Maria Bonita”. Maria Amélia Almeida em movimentos de ir e vir pelo palco nos encantou com “Si-ri-bi-ri-bi”. José Luís Vargas  nos brindou com “Quiçá”.  Anita Nunes apresentou em sua bela e maviosa voz, “Boneca de Piche”. Os irmãos Cida e José Luís Vargas, vestidos a caráter arrancavam aplausos como “Sinhá Marica e Nhô Zé Corá”. Sílvia Márcia fêz sucesso com “Vassourada”. O Fernando Coelho foi o príncipe de uma dramatização. Iêda Maria Fitaroni, vestida de Baiana, dançando com muitos gestos, lembrando a Carmem Miranda: “Na Bahia, também dá coco Babaçu”... 
               O salão  também servia para românticos e saudosos bailes, quando aquele palco abrigava as mais excelentes e ardorosas “orquestras” que movimentavam os pares que deslizavam sob o ritmo de memoráveis melodias. Era encantador ver o velhinho Dr. Edmundo Franca Amaral, engenheiro que veio fazer os estudos e construção da Usina “Professor Franca Amaral” dançando o chorinho “Delicado” com a Ana Glória. Houve um baile em que todas as damas se apresentaram de vestidos de mescla, enfeitados com grega. Tempo do samba-canção e do bolero, dois passos para lá, dois para cá.
                  As aulas de música proporcionavam sadia convivência entre professor e alunos. Tudo acontecia com naturalidade, com simplicidade, sem inveja, sem a pretensão de um se sobressair e se apresentar melhor que o outro. Tudo simples assim. Havia harmonia entre os pares. Não era competição e sim uma confraternização onde era valorizado o CONJUNTO.  A tradição artística de Rosal  se faz respeitada não somente pelo povo da terra mas também por todos os apreciadores que reconhecem a importância da música e das artes na formação da cidadania. Creio que Euterpe o deus da música esteve sempre presente e o Pai Eterno esteve sempre abençoando este punhado de abnegados, que roubando horas de seus afazeres ou de seus ócios, contribuiram grandemente não só para o recreio espiritual e aprimoramento estético, cultivando o que há de mais nobre e salutar  em nosso espírito, o gosto do belo. Sonho lindo plantado em minha alma, sonho lindo que vivi.
             Os insignes e incansáveis realizadores do magnânimo Espaço Cultural Luciano Bastos honram a nossa sociedade semeando dignificantes exemplos que são lições vivas. Eles estão plantando SONHO,  cultivando ESPERANÇA e disseminando CULTURA. Com imenso AMOR fazem Pulsar, plenos de PAZ fazem Sorrir, com copiosa CHUVA de Emoções fazem Florir. Nossos aplausos pela feliz iniciativa e votos de progresso incessante acrescidos dos sinceros agradecimentos do povo reconhecido da nossa amada terra. BRAVO!!!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

TUDO SE TRANSFORMA (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 15 de fevereiro de 2014)

TUDO SE TRANSFORMA
                                                                                                  Vera Maria Viana Borges

                      “Um, dois, três,/ quatro, cinco, mil,/ queremos eleger/ o presidente do Brasil!”, gritavam em coro os manifestantes reunidos em quase todas as capitais brasileiras, durante os comícios do movimento “Diretas Já”,  iniciado em janeiro de 1984. “Reivindicava-se o direito do povo à participação política, por meio da eleição de um representante que respeitasse a vontade da maioria e de uma Constituição que garantisse os direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança e a justiça”. O fato que ocorreu há exatos 30 anos, marcou na história moderna brasileira o início do fim do período vivido pelo país após o golpe militar de 1964.
                       No calor abrasador de Bom Jesus com o comércio morno, os dias seguem neste ano de COPA DO MUNDO e de ELEIÇÕES.  A  Globeleza já é exibida na tevê, preâmbulo do Reinado de Momo. Do samba ao frevo, o Carnaval do Brasil tem ritmos para todos os gostos. No Rio de Janeiro acontece um espetáculo de grande luxo e muita beleza admirado nos quatro cantos do mundo, os tradicionais desfiles das Escolas de Samba que atraem foliões brasileiros e estrangeiros. E o BRASIL para. Em muitas cidades, os quatro dias de folia são transformados em sete. O país para e tudo continua se transformando... Lembrei-me da célebre lei da conservação da matéria de Antoine Lavoisier - “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Aqui no nosso cotidiano, podemos afirmar que muito se cria, muito mais se perde e tudo se transforma para pior e vez ou outra para melhor. Fico divagando e eis que me recordo do Bamerindus, banco que foi imortalizado pela propaganda de sua caderneta de poupança com o ator Toni Lopes no início da década de 1990, exibida principalmente na Rede Globo durante o programa Domingão do Faustão. O jingle era: "O tempo passa, o tempo voa; e a “Poupança Bamerindus” continua numa boa... O Bamerindus não existe mais. Hoje somos, amanhã quem sabe? Tudo é transitório. Rosal (3º Distrito de Bom Jesus do Itabapoana) teve bons carnavais,  boas casas comerciais, agência do Banco Fluminense da Produção e Tiro de Guerra. Sobre o Tiro de Guerra o Jornal “A Voz do Povo” de 19 de agosto de 1933 noticiou: “Tiro de Guerra 117. Graças ao esforço do Capitão Elpídio Fiori, que é inegavelmente um espírito talhado para as grandes realizações na vida, o Tiro 117, do  próspero distrito de Arrozal de Sant'Ana, acaba de ser incorporado ao Tiro de Guerra Nacional, passando a ter, portanto, todo cunho oficial. É presidente do referido Tiro o Capitão Elpídio Fiori e secretário o Sr. José Ary Boechat.” Bom Jesus teve uma fase áurea com um HOSPITAL REFERÊNCIA, hoje a saúde aqui está gravemente enferma.                                      A esta altura,  o brasileiro já se programa para se vestir de amarelo e se prepara para lavar a alma, tendo que contar com três possibilidades -perder, ganhar ou empatar- que se resumem a apenas VENCER. Se o assunto é futebol, paixão nacional, que mal há em projetar todas as expectativas no país idolatrado, já que a competição pela vida tem sido tão dura? Em ano de Copa do Mundo e ainda mais sediada no Brasil, há um sabor diferente em tudo, mesmo sabendo que crianças ficam sem escolas, que sempre existe alguém esperando por atendimento na porta de um hospital e que para se chegar ao trabalho viaja-se em trens ou ônibus apinhados durante horas, inerte, sem poder se mexer, sem quase respirar, correndo muitos riscos. “We Are One” a música da Copa já está pronta. Tem partes em espanhol, inglês e português. A batida é bem clara, lembra o ritmo do Brasil, mas faça-me o favor,  é praticamente toda cantada em inglês, em português apenas um bocadinho, nem parece que o espetacular evento é em nosso país, parece mais ser num país de língua inglesa. Por alguns dias, a emoção à flor da pele, em alta, provocada por altas doses de adrenalina. Em cada esquina, bar ou residência haverá uma turma diante da televisão. Oxalá alcancemos a VITÓRIA! O Brasil continuará o mesmo, não será melhor antes, nem depois. 
                      No transcorrer da Copa, políticos já estarão farejando o sucesso ou quem sabe o fracasso nas urnas? O espírito cívico parece estar adormecido, se nos unimos ao redor da Bandeira verde-amarela com nossos gritos para impulsionar a seleção brasileira rumo à vitória, não podemos esmorecer diante da PÁTRIA. Temos que estar antenados com a seriedade do processo eleitoral. Há tanta nebulosidade na política brasileira que cada vez menos acreditamos que algo de bom possa acontecer. Temos que usar conscientemente nosso voto, direito reconquistado a partir do Movimento “Diretas Já” iniciado em 1984 e concretizado finalmente com as eleições diretas para Presidente da República em 1989. Temos um poder na mão, somos responsáveis pelas pessoas que colocamos nos cargos públicos. Não podemos votar em candidatos que fazem muitas promessas e têm um passado que não dá a garantia de cumprir o que estão prometendo. Enquanto SAÚDE, EDUCAÇÃO, MORADIA, TRANSPORTE e outras coisas mais agonizam, vamos nos unir com fé em fervorosa prece para que apareçam candidatos, políticos íntegros, honestos e sérios e se elejam para comandar dignamente nosso amado país. Somente desta forma, as eleições poderão ser um passo determinante na construção de um novo tempo, para que tudo se transforme para melhor.  O BRASIL precisa de um MILAGRE.
                       Enquanto isto, sambando ou descansando, não importa, excelente Carnaval para você!!!