segunda-feira, 27 de junho de 2016

JUNHO DE TANTAS FESTAS ( Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE - 31 de maio de 2016)

JUNHO DE TANTAS FESTAS
                                                                                                  Vera Maria Viana Borges
            O outono chegou disfarçado de verão e só agora no final de maio a temperatura está mais amena. Quanto frio fazia nos “maios” de outrora! Este friozinho me aguçou uma saudade de tempos idos e  no capricho da imaginação adentrei naqueles “junhos” de tantas festas.
           No solstício do inverno, época que o Sol atinge o ponto mais distante do Equador, realizam-se as festas juninas em honra a Santo Antônio, São João e São Pedro. São elas por excelência coloridas, alegres, ornamentadas com arcos de bambus, folhas de bananeira, bandeirinhas, luzes, lanternas multicoloridas que embelezam o ambiente, animadas por “arrasta-pés”, por belíssimas “quadrilhas” engalanadas pelos babados das rodadas saias que acrescentam um toque romântico e mágico levando os cavalheiros se curvarem para tirar os chapéus de palha às belas damas, ao som de melodias executadas por exímios sanfoneiros e violeiros com desafio de cantadores, iluminadas por fogos de artifícios que projetam “lágrimas” das mais diversas cores, acompanhados de bombinhas, de rojões que  ecoam ao longe, de rodinhas, estrelinhas, busca-pés que as crianças soltam ao redor das tradicionais fogueiras que clareiam e aquecem. Os jovens, esses preferem tirar as sortes. Ver com quem vão se casar.
                Nessas tradicionais noites de céu estrelado, são consumidas as mais deliciosas guloseimas: a batata-doce e a mandioca assadas, chamuscadas nas brasas das fogueiras, os pés de moleque, as broas, doce de coco, de abóbora, de mamão, bebendo-se principalmente o “quentão” preparado com a bebida da terra, a cachaça, aguardente de cana a que se mistura gengibre ou frutas.
                     Bons tempos! Tempos que se vão longe... Suaves reminiscências! Doces lembranças!
                         Deixemos que aflore em nós a alma da criança pura e boa que viveu momentos simples, mas, que deixaram profundas marcas. Possamos nos dar uma chance, apesar dos atropelos da vida moderna, a nós, às crianças e aos jovens deste nosso torrão, com a oportunidade de se promover eventos simples, cheios de encanto, do rico folclore brasileiro. Infelizmente, hoje, não há coisas ingênuas e infantis como essa. Coisas verdadeiramente puras e imensamente belas, que nos fornecerão uma boa dose de bom humor, ajudando-nos a enfrentar os cada vez maiores problemas que surgem no dia a dia. 
         Sem soltar balões que são extremamente perigosos, soltemos nossos corações e festejemos os “Santos de Junho” nas mais divertidas e gostosas festas juninas. No dia 12 de junho comemora-se o Dia dos Namorados, data muito significativa para todos os que amam em plenitude. E, por falar em amor, deixo a seguir para o deleite dos leitores o meu soneto “ENAMORADOS”: “Teus olhos em meus olhos fixados, / Iluminam minha alma sutilmente./ Com as centelhas do olhar, os bens sonhados/ Afloram em meu ser ardentemente.// Tuas mãos em minhas mãos! Enamorados.../ O anseio da paixão surge fluente,/ Tecemos sonhos róseos, perfumados,/ Só o luar sendo nosso confidente.// Este sorriso que te enfeita a face,/ Que me fascina e que me deixa louca,/ Fez com que em mim o amor desabrochasse.// Inebriante, mais que o vinho, é o ensejo,/ De tua boca molhada em minha boca,/ Selando o nosso amor com um grande beijo.”
                     A obra de William Shakespeare, grande dramaturgo e poeta inglês, cheia de poesia, Midsummer night’s dream (Sonho de uma noite de verão), aborda antigo costume típico dos países do centro e do norte europeu, onde o verão começa em junho, sendo a noite de 23 a mais curta do ano. À tarde, as pessoas se dirigem aos bosques para comemorar a chegada da nova estação, quando fazem brincadeiras, dançam, acendem fogueiras, comem, conversam, aguardando o nascer do SOL.
                   Os ares de junho revolvem-me sentimentos adoráveis. Somente uma lembrança saudosa me resta, e é tão bom recordar com amor, com saudade, com ternura esses fatos jamais apagáveis da memória e do coração. 13 de junho! Festa magna de Santo Antônio de Pádua-RJ, terra que aprendi a amar em delicioso aprendizado, no colóquio diário, quando lá residi (1970-1974) onde tive a grata ventura de conceber e dar à luz o meu único, dileto e adorado filho. Lá conquistei muitas amizades. Terra boa e altaneira, de gente nobre e amiga, nascida sob os signos da flecha e da cruz, às margens do rio Pomba, onde no início do século XIX, o frade Antônio Martins Vieira construiu uma capela a Santo Antônio e catequizou os aguerridos puris e coroados. A localidade prosperou, prosperou muito. Tem na agricultura e na fabricação de papel as suas principais atividades. Estância hidromineral, explorando sua fonte de água iodetada, rara e indicada para tratamento do sistema cardiovascular. Curvo-me a esta querida “altiva terra-mãe do filho meu”. A ela declaro todo o meu amor através do soneto que lhe dedico - “SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA”: “Amando-te, venero-te! À distância,/ Procuro contemplar tua beleza./ O Pomba a deslizar com elegância,/ Sob a luz do luar, todinha acesa.//  Das águas minerais a bela estância,/ No parque banha a fonte, a realeza,/ Do sol claro com toda a rutilância./ És tu Pádua, o primor da natureza!// Altiva terra-mãe do filho meu,/ Nestas plagas viu ele a luz primeira,/ Deu os primeiros passos no chão teu.// Ninho de paz, de amor em profusão,/ A tua gente boa e companheira,/ De Santo Antônio tem a proteção.”

segunda-feira, 13 de junho de 2016

ELES CAMINHARAM JUNTOS (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 30 de abril de 2016)

ELES CAMINHARAM JUNTOS
                                                                                         Vera Maria Viana Borges

               Passados quase setenta anos, “O NORTE FLUMINENSE” continua firme, ultrapassando fronteiras, construindo a HISTÓRIA de nossa terra, de nossa gente, registrando no repositório fiel da memória o seu passado de glória. Jornal independente, sentinela avançada, pulmões, olhos, e voz do norte do Estado do Rio de Janeiro e sul do Estado do Espírito Santo.
                      Louvores ao dinâmico diretor e redator responsável, Jornalista Ésio Martins Bastos, que com seriedade comandou os seus destinos desde a fundação. As histórias do Jornal e do emérito jornalista se confundem e  nada mais justa e merecida a consagração de Ésio Martins Bastos, nome digno de respeito e admiração, baluarte da imprensa bonjesuense, que no Natal de 1946 ao lançar seu primeiro número expressou: “Iniciamos, assim, a nossa jornada como o excelso filho de Maria, com o coração despido de prevenções e malquerenças; um grande ideal a inundar a nossa alma, o de bem servir. Mas, como o grande Nazareno, saberemos fustigar os vendilhões do templo, porquanto, jamais, mercê de Deus, macularemos a nossa dignidade mercadejando a nossa pena. Poderemos errar, mas prevaricar, nunca! Poderá faltar à roupagem dos nossos argumentos as filigranas das culturas privilegiadas mas jamais faltará o calor vivificante da sinceridade.”  Por 57 anos, Ésio Bastos foi seu diretor e redator. Após seu falecimento no dia 24 de agosto de 2003, assumiu o seu irmão, Luciano Augusto Bastos. E ei-lo digno, íntegro e VITORIOSO, sob a direção de Gino Martins Borges Bastos.
                         Logo que fui alfabetizada, encantada com as palavras, soletrava em suas páginas. Ali conheci poetas e trovadores. Ésio no precioso jornal disseminava CULTURA. Além de proporcionar as informações da História política, econômica, administrativa e social do Vale do Itabapoana,  ainda trazia na medida certa  a cultura e o sentimento artístico da nossa gente. Na coluna “Sociais”, conheci os mais belos sonetos de  célebres autores e as mais expressivas trovas e entre estas estavam sempre as de Colombina, de Maria Thereza Cavalheiro e Amaryllis Schloenbach que ainda hoje enriquecem com seus talentos a referida coluna.
                       Cresci e segui as trilhas da poesia. Tornei-me amiga correspondente de Maria Thereza que é sobrinha-neta de Colombina e prima de Amaryllis. Quanta honra, o convívio com as magistrais poetisas que me fizeram sonhar e  me deleitaram com tão lindos e bem elaborados versos.  Na correspondência, muita suavidade, leveza, e ternura. Transcrevo algumas de suas valiosas joias que enternecem o meu coração e me enlevam a alma. 
                       De Maria Thereza: “É uma festa quando chega o "Astros & Estros"! E, desta vez, a festa veio duas vezes em dobro, com os números de Janeiro a dezembro/2000! Já estava sentindo muita falta do seu primoroso informativo poético, onde esplendem também seus próprios versos, como esse lindo "Deixe Cristo Renascer!"
                     Obrigada pela constante atenção, pela amável publicação de minhas trovas, crônica e carta... sempre a enaltecer a palavra dos seus correspondentes amigos! E a pregar o amor, a irmandade, exaltando a Oração de São Francisco de Assis, e usando da poesia para esse fim. Como diz em seu soneto "Rumo a Milênios de Paz", que Deus a ouça, e "encha de luz caminhos obscuros, / semeie em nós: PAZ, FÉ, FRATERNIDADE"!
                    Mando-lhe "O Radar" de dezembro último, com bela trova  sua em nossa coluna natalina. Continuo aguardando suas trovas, e será um prazer tê-la também como participante da coluna, com um depoimento sobre a trova, e, se quiser, também sobre a inspiração. Junte foto e dados biobibliográficos.
                       Que este Ano Novo seja para a querida Amiga cheio de alegria e realizações!”
                       De Amaryllis: “Amável Vera Maria
                Muito obrigada pela publicação de trovas minhas em "Astros & Estros"  números 24 e 26! Você sempre generosa e amiga, com uma palavra de afeto para todos, o que a diferencia neste mundo de tanta violência!
            Grata também pelo envio do seu "Boletim Alternativo", de janeiro a dezembro/2000. Estou a me deleitar com versos tão bem escolhidos, em especial com os nascidos de sua própria inspiração.
                         Como você, formulo votos para que Deus conduza a Humanidade "RUMO A MILÊNIOS DE PAZ"!”
                      Guardo com carinho todo o material recebido destas diletas amigas e de outros escritores e poetas de todo o Brasil e também de alguns do exterior.
                        Em “ASTROS & ESTROS”, julho de 1997, publiquei sobre Maria  Thereza: CAVALHEIRO,  A  DAMA  DA  POESIA.  A magistral dama da poesia tem Cavalheiro em seu nome. Sobrinha-neta da saudosa Colombina, sonhadora, ecologista nata, apaixonada  pela poesia, dedica-se ao culto da palavra para o engrandecimento de Deus e o aprimoramento do ser humano. A  escritora, poeta, advogada  e jornalista de grande valor, militante de importantes jornais e revistas de São Paulo, em “ O RADAR”-Apucarana-PR, divulga a TROVA e TROVADORES.
                       Como marco do início de sua carreira literária, o texto poético “Quero Amar”, dedicado ao primeiro namorado:“Eu quero que alguém  me ame,/ muito amada quero ser./ Desde o dia em que te vi,/ um grande amor quero ter.”/, publicado na “Folha Paulista” em janeiro de 1947.
                     Eclética, Maria Thereza Cavalheiro, é autora de “Antologia Brasileira da Árvore”, “Segredos do Bom Trovar”, de vários outros livros publicados e outros tantos  na gaveta e  de inúmeros poemas, sonetos, trovas, contos e crônicas. Em pequenas doses, nas Trovas, tem a difusão de suas grandes ideias. Afirma que: “Trova  é o instante que passa/ mas fica  n'alma da gente;/ exige estado de graça/ por  um minuto somente!”
                          Neste JUBILEU, rogamos para que Deus o “Maior dos Trovadores” cumule de bênçãos a dama  que magistralmente tem realizado este trabalho incontestavelmente grandioso e possa continuá-lo no gozo de muita saúde e muita paz! 
                  Em dezembro deste ano de 2016, os setenta anos de “O NORTE FLUMINENSE” e em janeiro de 2017 os setenta anos da carreira literária de  MARIA THEREZA CAVALHEIRO. Eles caminharam juntos. VAMOS COMEMORAR!!!

BOM JESUS EM OBRA DE AFRÂNIO COUTINHO (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE - 31 de março de 2016)

BOM JESUS EM OBRA DE AFRÂNIO COUTINHO
                                                                                               Vera Maria Viana Borges
   
                            Ao longo de minha trajetória sempre cultivei uma paixão exacerbada por livros. Não são os livros alimento para o espírito? Pelo que se podia ler à entrada da “Biblioteca de Menfis” (2000 anos Antes de Cristo) -“REMÉDIO DA ALMA”, conclui-se, que a leitura além de alimento é remédio para o espírito.
                              Melhor maneira de se difundir conhecimentos, para o contato direto com o Saber e com a Ciência e de nos familiarizarmos com Homero, Cervantes, Rui Barbosa, Padre Antônio Vieira, Machado de Assis, Érico Veríssimo, Josué Montello, Jorge Amado e tantos outros cultores da Literatura. Os gregos e romanos compreenderam bem isto e não é pois de se admirar que esses povos tenham produzido tanto no campo das letras e das artes. Por meio deles entra-se em contato com as mais sublimes criações, da Poesia, da Prosa, da História e da Ciência.
                            Lembranças da juventude! Recordações de tempo saudável e gostoso! O acendrado amor às letras, cultivado desde cedo, pois aos oito anos já rascunhava os versinhos da lembrança de minha Primeira Comunhão, fez com que aos quinze anos me aproximasse de exemplar, nobre, simpático, idôneo e autêntico casal de PROFESSORES, daqueles que se grafa mesmo com maiúsculas- NILCINEIA e VERO. Ainda os encontro vez ou outra nas ruas de nossa Bom Jesus. Conheci o ilustre casal no COLÉGIO ZÉLIA GISNER. Guardo, ainda, na memória do coração, lembranças daquele companheirismo e dessa amizade que continua viva, apesar da distância que nos separa. Gozo felizmente do convívio pressuroso do seu primogênito Védio Fernandes Baptista e demais familiares.
                       Vero Baptista Azevedo, aficionado por livros, possuidor de vasta, interessante e organizada biblioteca, bom esposo, pai dedicado, filho extremoso, amigo solícito, cidadão íntegro, prudente, sábio, de inteligência peregrina, modesto, campista da melhor cepa, orgulho de seus conterrâneos e que sem nenhum favor o será dos pósteros.
                              Menino simples, de origem humilde, teve como grande incentivador um irmão, proprietário de açougues que lhe empregara, oferecendo-lhe horário especial e obrigações mais leves para que pudesse estudar. E ele dividia o tempo: assíduo ao trabalho, frequentava com não menor assiduidade o Colégio Batista e posteriormente o Liceu de Humanidades de Campos. Sua diversão era ler e estudar. Ao receber a pequena quantia no final de cada mês, deixava de ir ao cinema ou de fazer qualquer tipo de extravagância e se abstinha até mesmo do necessário para a aquisição de livros, que eram lidos e relidos na íntegra a não ser aqueles destinados a pesquisa. A extraordinária Biblioteca ainda continua crescendo, contando hoje com aproximadamente 15.000 volumes, com obras completas de Direito, História, Geografia e Literatura principalmente Clássica, com livros em espanhol, inglês, francês e alemão. Consumidor voraz, frequentador assíduo de “SEBOS”, principalmente os da Avenida Central e da Rua São José, no Rio de Janeiro. É vero que a finalidade maior de Vero Baptista de Azevedo sempre foi a leitura e o estudo.
                              A generosidade do MECENAS fê-lo paciente a ponto de dar atenção aos meus rabiscos e levá-los a Campos onde tive em 1960 as primeiras publicações no Jornal “A Cidade”, coluna do Professor e Poeta Walter Siqueira. Amigo de muitos de nossos brilhantes concidadãos, entre os quais se incluía Afrânio Coutinho, então Catedrático de Literatura do Colégio Pedro II (Rio de Janeiro) de quem publicamos a seguir, na íntegra, carta que lhe fora endereçada.
                    Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1959.
                    Ilmº. Sr. Vero Baptista de Azevedo
                Com grande satisfação informo-lhe que estou trabalhando na confecção de um livro, com o título Brasil e Brasileiros de Hoje, que conterá nomes e biografias de todos aqueles que, com suas atividades, estão promovendo, em grande escala, o desenvolvimento do Brasil.
                   Sua atuação no terreno cultural, revelando-se das mais proveitosas, tem imposto o seu nome ao respeito de seus patrícios.
                   Assim, a sua biografia se torna imprescindível na presente obra, motivo por que ficaria muito grato, se V. S. nos devolvesse, devidamente preenchido e assinado, o questionário anexo, acompanhado de seu retrato autografado.
                O questionário original, depois de seu aproveitamento para o livro, e a fotografia, serão arquivados, para a posteridade, no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro.
                  Desejo esclarecer que, ao fornecer esses dados, os biografados não ficam com obrigação alguma.
                      Agradecendo-lhe antecipadamente a colaboração, firmo-me 
Patrício e admirador
(a) Afrânio Coutinho
                E sob a direção de Afrânio Coutinho, no ano de 1961, por “Editorial Sul América S.A.” o Volume I de “Brasil e Brasileiros de Hoje” veio preencher a falta de um dicionário atualizado de biografias de brasileiros contemporâneos partícipes do desenvolvimento do Brasil, constando à página 119, verbete do nosso ilustre e querido amigo: “AZEVEDO, Vero Baptista de. Professor. Campos, RJ, 10 dez. 1929. Pais: Antônio Baptista de Souza e Alice de Azevedo Baptista. Cas.: Nilcinéa Fernandes Baptista. Filhos: Védio, Vilcinéa, Vanda. Inst.: Sec. Carreira: Prof. sec.; jornalista; func. autárquico. Membro: Acad. Pedralva, Campos RJ. Obras: Artigos publicados em jornais. Endereço de residência: Aristides Figueiredo, 19. Bom Jesus do Itabapoana, RJ.”
             Após a publicação do referido verbete, nasceu-lhe mais um filho, Vero Fernandes Baptista e bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Campos.
           No serviço público começou fazendo Serviços Gerais e através de Concursos foi alcançando melhores posições chegando a Fiscal do INPS e finalmente a “Juiz” do CRPS.
              Deixou inscrita de forma inapagável sua passagem por Bom Jesus, durante a qual se exercitou continuamente na prática de atos de amor e de benquerença.
                Assim sendo, nos idos de 1961 a nossa amada cidade pôde constar na notável obra de Afrânio Coutinho.

ENVELHECENDO (PUBLICADO NO JORNAL "O NORTE FLUMINENSE" - 29 de fevereiro de 2016)

ENVELHECENDO
                                                                                              Vera Maria Viana Borges
 
                                    Velho? Velho não. Idoso. Tudo a mesma coisa, velho e idoso são sinônimos, assim diz o dicionário. Para suavizar há quem diga IDOSO, assim como para obeso se diz FORTE, para grosseiro é usado ESPONTÂNEO. Não é uma questão de sentido da palavra e sim de preconceito. A palavra velho é rejeitada porque está contaminada do descaso com que são tratadas as pessoas quando se referem a elas: OS VELHOS. Pensando bem se olharmos o sentido ao pé da letra vamos constatar que velho é de época remota, antigo, desusado, antiquado, obsoleto. Ai, é de doer! Verdade que já não se tem a mesma força produtiva e consumista da juventude, mas não se pode chegar a rotulá-los como desusados, antiquados e obsoletos. Os estragos da idade são inevitáveis. Alimentação inadequada, estresse, sedentarismo, álcool, drogas, fumo e até as condições climáticas  aceleram o envelhecimento. Tão ruim quanto viver menos, é viver mal : a memória falha, a estatura encolhe, a pele resseca, a gordura aumenta, os músculos enfraquecem, os reflexos diminuem, o coração cansa, os pulmões enrijecem. Feliz daquele que chega com saúde aos melhores anos, repleto de sabedoria adquirida ao longo do tempo bem vivido. A fluidez do tempo conduz sem distinção pessoas de todas as raças e de todas as classes ao envelhecimento. Começamos a envelhecer no momento em que nascemos. Por que discriminar se todos indistintamente, chegaremos lá? Só não fica velho quem morre cedo. Estamos no mesmo barco. Assim caminha a humanidade. Prova desta sequência são os interessantes versos da música “Velhos e Jovens” da cantora Adriana Calcanhotto : “Antes de mim vieram os velhos/ Os jovens vieram depois de mim/ E estamos todos aqui/ No meio do caminho dessa vida/ Vinda antes de nós/ E estamos todos a sós/ No meio do caminho dessa vida/ E estamos todos no meio/ Quem chegou e quem faz tempo que veio/ Ninguém no início ou no fim/ Antes de mim/ Vieram os velhos/ Os jovens vieram depois de mim/ E estamos todos aí.”
                    A Fonte da Juventude existe? Na corrida pela vida a preocupação com a longevidade deixou em segundo plano o interesse pela qualidade. O importante é viver bem. O melhor é dar mais vida aos anos do que simplesmente dar mais anos de vida.  A alma não tem idade. A mente jamais envelhece, a não ser que se permita. Não é minha intenção fazer apologia ao rejuvenescimento, não se trata de se submeter a tratamentos em clínica luxuosas que prometem apagar os sinais da idade como se passassem uma borracha nos vincos da pele. Claro que se deve manter uma aparência agradável  e saudável. A higiene pessoal, os cuidados com a pele , com os cabelos e com a saúde têm que ser mantidos, pois quem não se ama, por si se enjeita. Cada ruga e cada sinal são LUZES, são sinais de SABEDORIA, são marcas registradas pelo tempo que proporcionaram os SABERES que marcam a vitória. Jamais prefira o transitório ao eterno, nem prefira a beleza à sabedoria.
                         Parar de trabalhar é começar a morrer.  Aposentar?  O pré-aposentado sabe que em futuro bem próximo desfrutará de um “status” bem diferente daquele que costumava ter durante todo  o tempo que esteve trabalhando e teme provavelmente, com muita razão, que dos novos papéis lhe advenham situações menores. A possibilidade de afastamento dos colegas de trabalho, muitas vezes transformados em amigos pessoais, gera uma natural apreensão. E o medo da solidão e da dificuldade financeira? Claro, temos direito à aposentadoria, o que não se deve é acomodar no sofá e só colecionar dores. Há uma infinidade de coisas a serem feitas. Prevenir é o melhor remédio. Enquanto na ativa devemos manter os objetivos, as pretensões, os sonhos e o desejo de sempre aprender coisas novas. As pessoas não entendem que podem prevenir bem cedo a maioria dos males comuns à terceira idade ou “melhor idade” como muitos costumam dizer. Agindo desta forma a oportunidade vai nos encontrar preparados para darmos novo e melhor rumo à nova vida.
                                 A idade biológica não corresponde à idade cronológica. Conheço velhos de vinte anos e jovens de oitenta.  Comparemos pessoas nascidas numa mesma época a carros fabricados no mesmo ano. O carro que foi bem cuidado pelo proprietário terá um desempenho muito maior e melhor do que aquele que sofreu acidentes e não passou por uma boa revisão. Assim, alguém com setenta anos, gozando de perfeita saúde pode perfeitamente sentir-se como se tivesse sessenta, ou quem sabe cinquenta? Mais uma vez a prevenção entra em evidência. Nosso mal é acreditar que o envelhecimento só começa quando pode ser visto no espelho. Uma enxurrada de experiências e fascinantes descobertas entusiasmam velhos e JOVENS. O jogo da longevidade começa a ser decidido na adolescência. A longevidade é algo que se ganha desde cedo. “Tu és o arquiteto do teu próprio destino. Trabalha, espera e ousa.” Wilcox
                               Há um provérbio chinês que diz: “O segredo da longevidade é comer a metade, andar o dobro e rir o triplo.” Machado de Assis em suas obras há mais de cem anos referia-se ao velho de cinquenta anos, hoje, homens de oitenta, noventa e alguns com até mais anos dançam e praticam esporte. Aquela imagem de velho de pijama sentado na cadeira de balanço, sem andar, sem fazer qualquer esforço, sem ir à padaria,  já passou, graças a Deus.
                                  A auto-estima tem que estar sempre em alta. Assim sendo, pessoas que têm objetivos, que correm atrás de seus sonhos, que têm desejo de aprender algo e seguem projetos e expectativas, que gostam de si mesmas e dos demais, terão com certeza um envelhecimento muito mais saudável e independente.
                                 Que a juventude do nosso espírito ilumine o nosso corpo, tenha ele a idade que tiver. Vamos agitar as massas. Vamos em frente que atrás vem gente. Como canta a Adriana Calcanhoto: “Antes de mim vieram os velhos/ Os jovens vieram depois de mim/ E estamos todos aqui/ No meio do caminho dessa vida/...  E estamos todos no meio/ Quem chegou e quem faz tempo que veio/ Ninguém no início ou no fim/ Antes de mim/ Vieram os velhos/ Os jovens vieram depois de mim/ E estamos todos aí.”