sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

E ENTÃO, É NATAL! (Publicado no Jornal O NORTE FLUMINENSE - 18/12/2015)

                   E ENTÃO, É NATAL!
                                                                              Vera Maria Viana Borges
           
                       Parece que foi ontem! É quase NATAL e 2015 já chega ao fim. Em lugares comuns essas trivialidades são repetidas. Meses difíceis com os reservatórios de água, o líquido mais precioso, abaixo do normal, enquanto  enormes enchentes transtornam o sul do país. Final de ano cheio de atropelos, triste e trágico  para o Brasil e para o mundo. Em Minas Gerais o rompimento das duas barragens de rejeitos  assolaram o Distrito de Bento Rodrigues em Mariana que foi destruído pela lama. Já decorrido um mês famílias dizimadas permanecem em hotéis ou abrigadas por parentes noutras localidades. É doloroso. O Rio Doce, um dos maiores do Brasil, sofreu as piores consequências. Suas águas contaminadas por arsênico, mercúrio e outros metais causaram a morte dos peixes deixando odor muito desagradável e forte. A maior tragédia ambiental, ecológica, hídrica e econômica ocorrida no país deixou marcas que serão sentidas por várias décadas. Após estes pavorosos acontecimentos em Minas, na sexta-feira, 13 de novembro, o terrorismo atingiu Paris. A Cidade Luz, sempre glamourosa e cheia de encantos, ficou sombria e desolada. Atentados acontecendo em outras partes do mundo. Oriente e Ocidente conturbam-se e deixam-se levar pelo egoísmo. Paixões exacerbadas se sobrelevam aos mais elementares princípios do bem-viver , não se respeitando sequer a dignidade humana e consequentemente as ordenações divinas. É mister e deveras salutar e providencial que se faça algo para que se dissipe a nuvem de discórdia em todos os confins.
                       É vergonhosa a situação do nosso país. Detentor de tantas riquezas e com um rombo de cento e vinte bilhões de reais. Pagamentos dos servidores estaduais sendo parcelados. Mencionadas diuturnamente nos noticiários a operação Zelotes e a Lava Jato que é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve. Estima-se que o volume de recursos desviados esteja na casa de bilhões de reais. O resultado é a depressão econômica e muitos e muitos  políticos e empresários são suspeitos de participar dos esquemas de corrupção.  Uma onda gigante  atingiu a economia brasileira. Agora só se fala em impeachment.  As ofensas são recíprocas e à queima-roupa. Bate-boca entre autoridades superiores, onde os dois lados se acusam “de mentir” e a culpa é sempre do outro. Os súditos, meros espectadores, veem a verdade claramente e reconhecem todas as falcatruas de ambas as partes. O país não aguenta mais. Chegou à exaustão. Está tudo parado à espera dos acontecimentos. Que a Santa Cruz sob cuja sombra e proteção nasceu o Brasil, esteja a rutilar nos destinos desta Pátria e do mundo inteiro.
                     De onde vamos tirar motivação para tais desafios? Somente com a proteção Divina  poderemos buscar as fontes de energia para vivermos intensa e abundantemente com qualidade de vida e prosperidade. Os homens precisam ACORDAR. Precisam despertar para que possam viver com  dignidade. Lembrei-me de versos do DRUMMOND. Ele há anos já fez o seu apelo, com a poesia “Canção Amiga” que assim termina: “Eu preparo uma canção/ Que faça acordar os homens/ E adormecer as crianças.”  CANÇÃO AMIGA é um cativante poema do Poeta  mineiro Carlos Drummond de Andrade, publicado no livro “NOVOS POEMAS” da Editora José Olímpio em 1948. Trinta anos após seus versos musicados pelo também mineiro Milton Nascimento foram gravados no disco CLUBE DA ESQUINA 2, EMI, 1978. Em 1989 circulou nas cédulas de 50 cruzados novos, que trazia num dos lados a efígie do poeta e no anverso o referido poema. Com a mudança da moeda, saiu de circulação em outubro de 1992. Canção tão doce e suave para ninar e adormecer crianças e tão forte na expressão do desejo maior de conscientizar adultos, talvez, quem sabe para os deveres cumpridos com honestidade, para os atos executados com clareza, com cuidados, com senso de responsabilidade, com honradez, retidão e probidade?
                      Busquemos auxílio do Altíssimo. Vamos viver cada momento intensamente sem atropelar as coisas, desfrutando da Magia do Natal que se aproxima, descobrindo a emoção diferente, gostosa e calma da família reunida à volta do Presépio, juntamente com José, Maria, os Anjos e Pastores adorando o DEUS-MENINO.  Na Noite Feliz e Santa cantaremos "Glórias", depositando diante da modesta manjedoura, as nossas vitórias, nossas conquistas, nossas lágrimas e nossas esperanças. Em tal atitude de adoração meditaremos a doçura do filho de Deus que adormecendo tranquilo em humilde estábulo, quis certamente nos mostrar que a verdadeira LUZ descansa na simplicidade e na pureza.
                      Que o Menino-Jesus abençoe a cada um de nós e a cada pessoa do Planeta Terra, que ELE renasça em todos os corações plenificando-os da Luz Eterna que iluminará a noite escura de nossa trajetória.
                  Preparemos condignamente os nossos lares, nossas casas, nossos corações; enfeitemos tudo para as boas-vindas ao SANTO MENINO, manso, puro, inalterável, imutável, bom e amável. Que ELE possa estar sempre conosco norteando nossos passos e nós, com nossos familiares possamos seguir os exemplos da Santa e Sagrada Família de Nazaré.
                       A serenidade e a alegria do espírito natalino estejam presentes no ano que virá; que este Natal seja o derradeiro da era da violência e da corrupção  e o ano de 2016 surja sob os signos do AMOR e da PAZ.
                     A Glória do Senhor manifestar-se-á!... Que esta NOITE FELIZ perdure e se prolongue invadindo todos os dias do novo ano. Boas Festas!!!



UM VENTUROSO 2016, PROFESSOR!!!

      UM VENTUROSO 2016, PROFESSOR!!!
                                                                                        Vera Maria Viana Borges
                     
            Ah, como nos tem sido generoso o nosso Pai Celestial! Tem Ele sido pródigo, dando-nos saúde, paz, alegria, e, tantos amigos! Entre estes, há tão humildes e tão doutos, todos expressivamente marcando presença tão forte e ao mesmo tempo tão suave, tão leve e tão grave, tão simples e tão austera, envolvendo-nos numa atmosfera de carinho, dizimando conosco as tristezas, confraternizando nas conquistas e na FELICIDADE. O bom, o delicioso, o vivificante, é sermos caminhantes de uma mesma jornada; é sermos viajantes de mãos dadas, juntando a nossa história a outras histórias. É sermos irmãos, amando e respeitando o semelhante, companheiro de um mesmo destino. É admirarmos a grandeza, o talento de tantos, reconhecendo a nossa humildade, e a condescendência do Deus Pai Todo Poderoso, por nos permitir palmilhar estes caminhos. 
            Por volta de maio deste ano de 2015, seguindo as sendas da poesia, tive a grata satisfação de receber um telefonema do Professor Wagner com o amável convite para uma entrevista na Rádio Bom Jesus onde apresenta o PROGRAMA PONTO FACULTATIVO. Seria a sequência de uma série de programas sobre as ARTES. A princípio fiquei temerosa. Estaria eu, preparada para tal incumbência? Tive dúvidas, mas foquei e fui. Fiquei bem, pois apesar da minha simplicidade, o apresentador sustentou com brilho e habilidade aquela nossa conversa sobre a LITERATURA.  A partir de então tornei-me assídua leitora de suas crônicas e de seus versos. O “Ponto Facultativo” que vai ao ar às 11 horas das terças-feiras, já não é facultativo, tornou-se obrigatório. 
       O carisma que emana de Wagner Fontenelle Pessôa, quando profere seu criterioso e belíssimo pronunciamento, arrebanha todas as atenções. Ele é extraordinário! O laureado orador, de verve fluente, quando lido, revela o grande jurista, dedicado ao DIREITO e às causas da Justiça; o grande escritor, de palavra clara, profunda e culta imprime versatilidade em seu estilo. Fala às pessoas mais simples fazendo-se entender, sem contudo se distanciar da erudição do PROFESSOR. Maneja os recursos linguísticos como verdadeiro e grandioso Mestre. De memória privilegiada recita vários poetas brasileiros, com intensidade e muita emoção. Invejável a sua CULTURA. 
             Em 2003 aposentou-se pela Rede Federal de Ensino, mas não se acomodou em moles almofadas como aqueles que se afundam no indiferentismo, num “dolce far niente” , inoportuno aos homens de boa fibra. O Advogado, Especialista e Professor de Direito, que exerce o Magistério Superior há quase trinta anos, lecionando disciplinas como Criminologia, Direito Penal, Direito Desportivo e Teoria Geral do Direito,   presenteou-me com quatro “pérolas de sua lavra”, quatro livros seus que tão bem e tão grandemente dignificam  a LITERATURA BRASILEIRA. A princípio trouxe-me “Palavra é Arte” de Wagner Fontenelle Pessôa e outros autores, onde ele abre a sua alma e nos enleva com doces, melodiosos, encantáveis e imarcescíveis versos. Uma digna, valorosa e extraordinária contribuição à poesia contemporânea que vem  comprovar o talento do Poeta. De outra feita trouxe-me os outros títulos. “CONFESSO QUE ESCREVI” composto de Crônicas do cotidiano de uma conhecida Instituição de Ensino da qual muito se orgulha de ter participado, publicado em 2006.  “NEM SÓ DE PETIÇÃO VIVE O HOMEM”, textos escritos por um advogado avesso à excessiva tecnicalidade da redação jurídica, trazidos a lume em 2009. E, finalmente em 2015 nos apresenta a sua mais recente obra “SE ERA PARA ESCREVER, ESCREVI”, histórias contadas por uma família nordestina.
              Cultor das Letras e das Artes! Sua maneira de escrever é  agradável e tão convincente que nos leva a amar sua terra e sua gente, dando-nos imediato desejo de pisar aquele chão palmilhado pela nobre e altruísta família. Pude através de suas narrativas, percorrer seus cantos e recantos. Adentrei e naquele universo mágico  ouvi os fatos íntimos relatados com  leveza e naturalidade.  Detive-me com o autor diante da CASA GRANDE dos Pinho Pessôa. Reportei-me a Olavo Bilac: “Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste!” O escritor, poeta, jornalista e compositor imprime serenidade e elegância em cada assunto e do repositório fiel da memória, os sentimentos e lembranças são aflorados e relatados com lucidez, valorizando sempre o amor às suas origens, à família e aos amigos com textos ornados com leveza e graça num delicioso desenrolar que encanta. As interessantíssimas e bem-humoradas crônicas, a memória do grande escritor de  pena de fino estro e o relato gostoso de suas histórias,  nos levarão a inúmeras releituras. 
             Atualmente reside em Campos dos Goytacazes mas já passou por vários Estados, residindo em inúmeras localidades. Tem uma grande simpatia por Bom Jesus e aqui tem aglutinado inúmeros talentos  através do seu amor à ARTE, pelo que somos muito gratos.
          Meus agradecimentos e efusivos parabéns, caro PROFESSOR, pela sensibilidade e pela esperança de dias melhores como nos demonstra nos seus lindos versos, neste limiar do ano de 2016: “OUTRA VEZ, COMO CRIANÇA...// Depois de um ano bem tumultuado,/ Assisto, após as tristezas e as dores,/ 2015, em seus últimos estertores.// Lanço um olhar sobre o caminho trilhado/ Mas, no meu íntimo, alguma coisa diz:/ 2016 será um ano mais feliz!// E, assim, me renasce a esperança,/ Que me embala, que me acalma o coração,/ E me permite ver o “outro” como irmão.// Olhar brilhando, outra vez, como criança,/ Quero esquecer que, no mundo, há tanto mal,/ Pelo menos nestes tempos de Natal...”
                   FELIZ NATAL, PROFESSOR!!! UM VENTUROSO 2016,  para o senhor e para todos os seus!!!

DEIXE CRISTO RENASCER!


sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

CIRCUITO DA SAUDADE (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 27 de novembro de 2015)

CIRCUITO DA SAUDADE
                                                                                           Vera Maria Viana Borges
        
                                 Passando rapidinho pelo Facebook, surpreendi-me com um vídeo intitulado “Saindo e entrando na Vargem Alegre (Pirapetinga, 5º Distrito de Bom Jesus do Itabapoana) e a seguir um outro “FAZENDA DAS AREIAS”. A postagem era do Dr. Eduardo Ribeiro Gomes, exímio pianista e médico brilhante na cidade do Rio de Janeiro, filho de Vera Ribeiro e Romeu Gomes, consequentemente neto de Chichico das Areias. Vera Ribeiro era mais conhecida como a Vera do INSS. Mulher elegante, alegre e guerreira, brava e forte ante as vicissitudes da vida. Um enorme Ser humano, de nobre e elevado coração, defensora ferrenha dos pobres e oprimidos.
                            Resolvi pegar uma carona virtual e fiz o percurso de Bom Jesus a Pirapetinga junto com os protagonistas daquele circuito da saudade. Enquanto assistia aos agradáveis, sensíveis e primorosos vídeos que exaltavam a beleza do campo e da natureza daqueles lugares em que viveram, senti as ações e reações do Dr. Eduardo e de sua irmã Tê, Maria Tereza Ribeiro Gomes. Quanta saudade, quantas coisas maravilhosas ali vividas e agora sepultadas pelo tempo, mas muito VIVAS em suas almas e em seus corações. Na primeira parada, admiravam a casa de Iracema e Agostinho Boechat, quando Maria Lúcia Seródio Boechat , nossa dileta amiga Lucinha, chegou e os recebeu com gentilezas e lhes apresentou o Museu da Imagem mantido pelo Instituto Iracema Seródio Boechat. Cordialmente ela sempre se coloca à disposição de todos os visitantes que lá comparecem e os leva a conhecer o extraordinário acervo que conta com RELÍQUIAS, entre as quais objetos da época dos escravos. Ali está registrada a HISTÓRIA de todo aquele amado e belo torrão. Dr. Eduardo e Tê suspiravam a cada foto, a cada objeto e a cada documento, fazendo comentários saudosos e amáveis sobre aqueles com quem ali conviveram. A sensibilidade aflorava às vezes em sorrisos, outras vezes em lágrimas. Virtualmente revisitei o  MUSEU em Pirapetinga. Após, partiram para a Fazenda das Areias. Acompanhei-os naquelas andanças. Emocionei-me com eles e muitas vezes do riso se fazia o pranto. Foi muito bom aquele mergulho no TEMPO. Foi espetacular!!! Um documentário histórico-cultural pontuado de reminiscências de uma época ditosa e saudosa... Retalhos de uma infância saudável e feliz. Contente estou por adentrar nesta viagem mágica, cheia de encantamento. Senti a emoção dos dois ao se depararem com as RUÍNAS da Fazenda na qual viveram a quadra mais feliz da vida e que está perpetuada no recôndito mais fiel de suas memórias. No percurso de vales e montes, desabafos e doces lembranças da lua linda prateada, dos pássaros, da bucólica paisagem e das recordações dos mais íntimos sentimentos. Adorei todo o percurso e percebi naqueles irmãos muita grandeza de espírito e nobreza de sentimentos. Bem se diz que, “quem sai aos seus não degenera”. “A formosura da alma campeia e denuncia-se na inteligência, na honestidade, no reto procedimento, na liberalidade e na boa educação.” (Miguel de Cervantes)   Momentos emocionantes e belos pontuados de angústia e saudade. A vida é mesmo assim. No dizer de Guimarães Rosa, “Viver é um rasgar-se e remendar-se”.
                                 Bendigo aos que preservam a memória. Retratá-la é valorizar o passado e seus legados e quem a renega pode-se dizer que não tem história. Retive as imagens e todo o encantamento daquela viagem no tempo.  Remotos sons, vozes e aromas se fizeram presentes. Parei novamente no Solar dos Boechat. Com o fluir dos anos vamos conquistando experiências e com os sentidos vamos captando impressões da vida buliçosa e irrequieta. Há lugares e pessoas que são fontes inesgotáveis de reminiscências que jamais saem do nosso imaginário. Como perder da lembrança os momentos vividos com  Iracema Seródio Boechat? Grande Mestra, Poetisa das mais admiráveis, credora da eterna gratidão e amor de quantos se privaram de sua amizade e de seu convívio.  De têmpera rija, defensora do progresso moral e intelectual de sua terra. Conheci a nobre dama na residência de sua prima, Professora Alzira Seródio Amim , mãe de Sucena, minha amada colega de turma.  Cursamos juntas o Ginasial e o Normal. Formamo-nos em 1961 e em abril de 1962 ingressamos no Magistério. Àquela época havia uma folga em data específica para o pagamento do professorado, assim Iracema e Isa Boechat vinham a Bom Jesus para receber. Era religioso o nosso encontro e minha admiração por ela era crescente. Fizemos o primeiro Vestibular da FAFITA e tive a grande honra de ingressar no Curso de Letras com ela e sua dileta filha Lucinha. Nossos laços se estreitavam. Tive alegria de compor o Hino da Escola Municipal  que ostenta orgulhosa o seu grandioso nome. Musiquei a letra, do HINO DE PIRAPETINGA,  feita por ela. Fiz-lhe o NECROLÓGIO na Academia Bonjesuense de Letras. Em ASTROS & ESTROS, publiquei em julho de 1996, a matéria intitulada - ESSAS ADMIRÁVEIS AVÓS!  AVE, CEMA!,  que está disponibilizada no site www.veraviana.com.br e que segue na íntegra, apenas em outro formato:  “...Filha, serás mamãe... por teu amor profundo/ /Jamais abrigarás desilusões... feridas.../ Porque já és divina em dar um filho ao mundo...”/ (Iracema Seródio Boechat) Iracema, mulher guerreira, que empunhando a bandeira de um grande ideal se transforma em nume tutelar no “berço de seu sonhar ”, a feliz e doce Pirapetinga. Seu trabalho reflete toda a beleza que exemplifica a arte. Sua poesia penetra, encanta com o perfume que exala de sua alma carismática. De aprimorada sensibilidade revela-nos a meiga, sensível e requintada poetisa. “Um dia ausentar-me-ei, terra querida e boa,/ Mas levarei comigo a glória de ser filho/ De solo idolatrado - a mãe que ama e perdoa.” E... ela se ausentou... O 21 de agosto de 1992 toldou-nos de tristeza e dor. Com a alma pungida curvamo-nos  reverentes à grande dama. “Abençoa Senhor, nossos netos que amamos: O Guto, o Frederico e a viva Mariana, E aqueles que de Deus nós ainda esperamos.” Deus ainda lhe proporcionou- Miguel Henrique, Agostinho Neto, Lara, Betina e Felipe.  Imortal é verdadeiramente a alma. Mas nessa descendência teve também a sua imortalidade. Nos grandes feitos de sua vida ela ficou perpetuada, e, imortalizada pelo seu talento, pois o poeta e a poesia não morrem... Publicou “Paisagens e Perfis” onde exaltou a terra, os pais, o esposo amado, os filhos, os NETOS, os irmãos, os amigos, as flores e a natureza. Esta mulher deixou inscrita de forma inapagável a marca insólita da esposa, mãe, AVÓ, mestra e literata. O Soneto Roda D’Água inicia seu livro, evidenciando assim o espírito de progresso e desenvolvimento da vila, a qual a “Roda D’Água” ajudou a crescer. “RODA D’ÁGUA:  Barulho de comportas, marulhante,/ Pingos d’água orvalhando a ramaria,/ É tua faina, diária, ofegante,/ Na jornada sem par de cada dia.// E a água cai sonora, deslumbrante,/ Em meio às flores em policromia./ Como és feliz, assim, cantarolante!/ Na jornada sem par de cada dia.// E se despede o dia. E a noite chega/ E do meu leito embalo a nostalgia./ Cessa a jornada igual de cada dia.// Cessa a jornada. É mudo o fim do dia./ E assim ficamos quietas de repente:/ Só as lágrimas caem do olhar da gente.”