quinta-feira, 8 de março de 2018

BANDA DO INSTITUTO DE MENORES (Publicado no Jornal O NORTE FLUMINENSE - 28 de fevereiro de 2018)

             BANDA DO INSTITUTO DE MENORES 

                                                                                             Vera Maria Viana Borges

                                “Assim diz o Senhor: Eu não perdi o controle da tua vida, está tudo no meu tempo. Não há nada atrasado.” Nada acontece por acaso e para tudo há o tempo certo. Hoje em dia ouve-se com frequência, “temos que viver o presente, o passado é passado e o futuro a Deus pertence”, mas, não se faz História sem resguardar o passado. E o futuro, como ignorá-lo? Temos que fazer projetos e executá-los para que a oportunidade nos encontre preparados.
                         Em 1962, aos dezessete anos prestei Concurso para o Magistério e iniciei a minha Carreira Profissional na Escola Maria da Conceição Pereira Pinto, na Usina Santa Maria, em Bom Jesus do Itabapoana/RJ.  Em 1964 fui removida para o Instituto de Menores Roberto Silveira na sede do Município, instituição mantida pelo Centro Popular Pró-Melhoramentos de Bom Jesus. A princípio, a professora era paga pelo Centro Popular que conseguiu do então Secretário de Educação a designação de duas professoras contratadas pelo Estado para ter exercício naquele estabelecimento, uma boa economia e também ótimo aproveitamento para os alunos que tinham apenas uma professora. Quando cheguei, concursada, trabalhei com a saudosa Mestra Alcélia Diniz e com Sucena Maria Seródio Amim. Dois anos de muito aprendizado, acho que mais aprendi do que ensinei. Havia muitos garotos levados, mas a maioria com olhos ávidos e ouvidos atentos buscavam através da aprendizagem alcançar um futuro promissor, uma vida melhor e felizmente muitos aproveitaram a oportunidade e são mais que vencedores. Muitas saudades daquele tempo. A ordem era mantida e era muito rígido o sistema. Após as aulas eles se dirigiam ao refeitório onde era servida uma deliciosa refeição feita pelas cozinheiras Zeny e Amélia. À tarde iam para o Ensino Profissionalizante. Havia muitas oficinas em funcionamento e mesmo com embaraços por falta de recursos para a aquisição de matéria prima,  estiveram em atividade a aprendizagem de marcenaria, de fabricação de malas, de vassouras, de encadernação, de funilaria e sapataria, com um índice de aproveitamento bastante satisfatório.  Atuavam também na Granja, onde recebiam ensinamentos práticos de agricultura. Para o coroamento de todas estas disciplinas, havia aulas de Música ministradas pelo ilustre Maestro Raul Lopes da Costa que ali formou a BANDA DO INSTITUTO DE MENORES que também faz parte da História Musical de Bom Jesus do Itabapoana.
                          Recebi, dias atrás, uma solicitação de amizade no Facebook. Certifiquei-me e reconheci um querido ex-aluno do Instituto, Domingos José dos Santos. A sua aproximação fez-me reviver aqueles bons tempos do Instituto de Menores. Em nossa primeira conversa ele já se expressou: “Jamais me esquecerei de cada experiência vivida naquela “Instituição Mãe” que me trouxe benefícios imensos durante os dez anos em que lá estive. Para começar, meus parabéns por ser colunista de uma Organização tão expressiva e conceituada, como o nosso “O NORTE FLUMINENSE”,  onde tive o meu primeiro emprego quando me desliguei do Instituto de Menores. Ali, eu fui encadernador (profissão que aprendi com o Professor Arnaldo de Jesus) a convite do grande bonjesuense Dr. Luciano Bastos, meu particular amigo”.
                      Além de aluno da MARCENARIA, Domingos dedicou-se também aos estudos de Música e fez parte, da surpreendentemente bela e encantadora Banda. Enchia de alegria e satisfação a todos que ouviam e viam os meninos, uniformizados, elegantemente perfilados, de peitos estufados executando as mais variadas e maviosas melodias, desfilando pelas ruas de nossa cidade. Faziam parte da Corporação os alunos Francisco Theodoro, José Sezareth, Cipriano Soares,  Flávio Panes Barbosa, Humberto Diniz, Eclayton Panes Barbosa, José Teles dos Santos, Sebastião Galdino, Francisco Piolho, João Batista Lauriano, Trilhinho, Joaquim José, William, Antônio de Souza, Luís Carlos Camilo, Raimundo,  Domingos, Rolinha, Adalmir,  Antônio de Souza, Elias da Conceição e Carlos Alberto Pinto. Muitos deles se sobressaíram: Francisco Theodoro foi para a Banda da Polícia Militar de Minas, William, para a Banda da Polícia do Estado do Espírito Santo e Adalmir foi para a Banda do Exército. Antônio de Souza, Elias da Conceição e Carlos Alberto Pinto foram para o Exército, seguiram carreira, mas, não como músicos.
                     Domingos foi para o Exército, onde tocou na Banda por 14 meses. Deu baixa no Exército e voltou para o Instituto e ajudou o Maestro Raul, como sub-regente. Nesse período participou das Bandas de Bom Jesus, de Apiacá, São José do Calçado, Natividade e Itaperuna, mas sempre dando prioridade aos trabalhos da nossa inesquecível Banda do Instituto. Conseguiu uma vaga gratuita no Conservatório de Bom Jesus e estudou segundo ele, com o maior músico e maestro que já conheceu, o saudoso Professor José Carlos Ligiero, seu grande inspirador. Contou-me de uma outra grande professora e amiga que passou pelo Instituto, Maria Eliza Borges Figueiredo que lhe deu a maior oportunidade de sua vida, como músico. Seu marido, o saudoso Evandro Figueiredo o levou para fazer uma prova na Banda da Polícia Militar de Niterói. Foi aprovado e aos 21 anos se incorporou àquela banda que na época era regida  pelo itaperunense Édimo de Abreu. Resolveu deixar a carreira militar e seguir novos caminhos profissionais, mesmo tendo na música a sua maior forma de expressão. Formou-se em Administração de Empresas, Gestão Imobiliária e trabalhou durante 22 anos no ramo da Hotelaria e Turismo, mas a música nunca saiu de sua alma e nem de seu coração. Voltou a estudar e bacharelou-se em Regência pela  Academia de Música Lorenzo Fernandez/RJ.  Atualmente exerce a função de Professor de Música na Rede Pública, tanto Municipal quanto Estadual, em Duque de Caxias, preparando Bandas, Fanfarras, Orquestras de Câmara com flautas doce e Canto Coral. Atua também como Coordenador Geral de um grande Colégio particular e como regente e formador de Coro em várias Igrejas daquele Município da Baixada Fluminense.
                        Carinhosamente ele conclui: “Quanto a minha vida de orfandade, antes da ida para o Instituto de Menores, eu me lembro pouco. Sei que aos dez anos de idade, por ordem do juizado de menores, eu fui para lá. Mas isto não me importa. A verdade é que ali eu pude conviver com grandes educadores que direta ou indiretamente, trouxeram grandes benefícios para a minha formação: Dona Ledyr do Canto Mascarenhas, que foi uma espécie de segunda mãe para todos nós daquela época,  Dona Thieria Gomes Faial, Dona Cenira Fontes Feitosa, Salvador de Moraes, Wenceslau Caetano e muitos outros.
                           Tempos saudosos e extraordinárias recordações...  Agradeço sua atenção e carinho, querido Domingos, e ao Deus Pai Todo-Poderoso rendo louvores pelo seu EXEMPLO DE SUPERAÇÃO, pelo seu TALENTO e por não se afastar da MÚSICA, que das ARTES é a que mais sublima a alma.
                              Parabéns, Maestro Domingos José dos Santos!!!

BANDAS DA NOSSA HISTÓRIA (PUBLICADO no Jornal O NORTE FLUMINENSE - 27 de janeiro de 2018)

                         BANDAS  DA NOSSA HISTÓRIA 

                                                                                                 Vera Maria Viana Borges
                                                                                                         
                     “A música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição” (Aristóteles). Uma boa música nos transforma, nos eleva, nos acalma, nos toca profundamente e nos leva a um estágio de paz. É arte, sendo a linguagem da alma que se expressa através da voz, de instrumentos  musicais e outros artifícios.  Aqui no Vale do Itabapoana ela floresceu abundantemente.
                     Segundo registro garimpado pela historiadora Maria Cristina Borges, no ano de 1900 já existia na Barra do Pirapetinga uma banda musical, fundada e regida pelo Professor Joaquim Teixeira Magalhães (Quinca Magalhães). A Banda era formada por seus filhos Josino Teixeira Magalhães, José Teixeira Magalhães, Sebastião Teixeira Magalhães (Tatão Magalhães, um dos fundadores da Lira 14 de Julho, de Rosal) e outros membros de sua família, somando 14 músicos. A Banda era mantida pelos Teixeira Borges e o principal incentivador foi Antônio José Borges, o Borginho. Por volta de 1926 seus componentes eram: Sebastião Teixeira Magalhães, Joaquim Teixeira Borges, Elias Moraes Borges, Antônio Teixeira Borges (Antoninho), Adolfo Moraes Borges, Rui Borges de Moraes, Leny Xavier Borges, Alcebíades Justino, Alcides Lima, João Justino, Aristides Nobre e Pedro Roza. Em reconhecimento ao trabalho dos Teixeira Borges, Tatão Magalhães compôs o dobrado intitulado “TEIXEIRA BORGES”.
                       Feliciano de Sá Viana e Ambrosina de Sá Viana, meus bisavós, chegaram à Fazenda da Prata, oriundos das Minas Gerais em 1862. Apaixonados por música, decidiram adquirir um piano, o primeiro do Vale do Itabapoana, a princípio tocado por um escravo vindo de Diamantina, pianista dos bons. Forte foi a emoção aos primeiros acordes que quebraram o silêncio daquelas matas e daqueles cafezais. Passaram os Sá Viana a organizar saraus, atraindo pessoas da vizinhança e alegrando sobremaneira a todos os que vinham dançar e apreciar as bem executadas valsas da época. Contratou-se a seguir o Professor “João Lino”, iniciou-se assim a realização do sonho do fazendeiro. Os filhos, Romualdo, Eulália, Aureliano, Adélia (Sinhazinha), Elpídio, Henrique, Malvina, Adolfina (minha avó), Mulata, Adelaide, Diana, Abílio e Julinho se entusiasmaram e logo formaram conjunto com clarinetas, trombones, contrabaixos, Sax Horn, requinta e piano. 
                     Mudando-se para a Fazenda União, mais próxima de Rosal, ficou mais próximo de seu amigo e compadre Luís Tito de Almeida (Lulu), sogro de seu filho Elpídio que desposara Elzira. Lulu já se contagiara com a música e se tornara músico ardoroso, o que transmitiu também à sua descendência. Era presença constante em suas festas. Tocavam em ladainhas, casamentos e festas em geral, até que um dia reuniram-se Lulu (Luís Tito de Almeida), Elpídio de Sá Viana, Durval Tito de Almeida, Custódio Soares de Oliveira, Sebastião Magalhães e Elias Borges, iniciando o trabalho de formação da Corporação Musical 14 de Julho, que tem como data oficial de sua fundação, 14 de julho de 1922. Continua firme e vibrante com retretas nas praças, espalhando vida e alegria por onde passa, com suas marchas, dobrados e peças do cancioneiro popular.
                     Chico Gomes também veio de Minas, casou-se com Ana Alves Pimentel, oriunda do “SACRAMENTO” e do matrimônio advieram dez filhos,  Júlio,  José, Sebastião, Francisco  (Quiquito),  Amélia, Itelvina, Mário (pai do Dr. Antônio Bendia), Cecílio,  Honorelino e Álvaro,  criados na Fazenda Barra Funda no distrito de Rosal. Já trouxe de sua terra a paixão pela música e em especial pelo bombardino que executava com maestria. Convivendo com os Sá Viana  que  já haviam feito repercutir o gosto musical naquela região, os filhos cresceram com a hereditariedade dos dons musicais e com a influência do meio. Então pai, filhos, sobrinhos, afilhados e vizinhos mais um compadre de Varre-Sai que além de tocar clarineta era maestro (Maestro Ernestino), formaram para os festejos de SANTANA em sua Fazenda, no ano de 1911, a Banda que marcou época, a Banda do Chico Gomes: Mário e Honorelino tocavam sax, Júlio batia o bumbo, José Gomes e José Pimenta tocavam contrabaixo, Sebastião tocava trombone, Quiquito e o maestro tocavam clarineta, Álvaro e seu  pai que  era o  próprio  Chico,  o  dono da  Banda tocavam bombardino, João Laurindo tocava barítono, enquanto seu sobrinho Dionísio e Antônio Laurindo tocavam piston. Constantemente havia encontro das Bandas. Chico Gomes era avô do Dr. Antônio Bendia de Oliveira, nosso confrade da Academia Bonjesuense de Letras, tio-avô do emérito Professor Héliton Dias Pimentel, avô do Ilustre Professor Anízio Gomes Pimentel e bisavô da ANÍZIA MARIA AGUIAR PIMENTEL, da Escola de Música JEMAJ MUSICAL. Elemento de uma Banda tocava também na outra; foram se casando e misturando as famílias e finalmente todos se tornaram parentes, acabando praticamente numa só família.
                        Reinava paz e muita harmonia entre os laboriosos incentivadores da música de nossa amada terra, as famílias se entralaçaram com os casamentos dos filhos e as almas se uniram na fraternidade, no amor e no idealismo. Tudo era motivo para festejar. Não tocavam somente em festas, tocavam também apenas para eles próprios, para o enlevo da alma, cultivando das artes, a mais bela e nobre, e enchendo de alegria aquele sertão.
                      Elpídio de Sá Viana (meu tio-avô) organizou na década de 40 uma filarmônica em São José do Calçado. Inicialmente contou com cinco de seus filhos: Luís, Antônio, Feliciano (Nenem), Hélio e Geraldo, todos excelentes músicos e procurou completar o grupo com elementos da localidade a quem ministrava aulas. A filarmônica recebeu o nome de “Euterpe São José”, mais tarde passou a “Lira 19 de Março”, apresentando-se impecavelmente uniformizada e executando sempre com perfeição o vasto e  riquíssimo repertório.
               A Lira Operária Bonjesuense nossa amada, aplaudida  e admirada “Furiosa” foi fundada e registrada no dia 12 de dezembro de 1940. 
           Música é saúde, música é vida. Quem canta seus males espanta. Já dizia William James: “O pássaro não canta porque está feliz, mas sim está feliz porque canta”. Vamos à VIDA!

UMA NOITE FELIZ (Publicado no Jornal O NORTE FLUMINENSE - 19 de dezembro de 2017)

     UMA NOITE FELIZ    

                                                                                   Vera Maria Viana Borges

                  Nos derradeiros dias deste ano de 2017, sou grata a todos aqueles que nos foram solidários e nos incentivaram e ao DEUS, PAI TODO-PODEROSO, louvo e bendigo, agradecida pela SUA presença constante em  nossas vidas, pelo vigor, pela força e energia, pela saúde, pelo amparo no sofrimento e nas tristezas, pelas lágrimas enxugadas, pelas alegrias, pelo trabalho, pelo ócio, pelo lazer, pelo lar, pela família, pelos amigos e por tantas bênçãos que nos foram concedidas.
           Foi um ano difícil. O caos se instalou no Estado do Rio de Janeiro, com desmandos, corrupção ativa e passiva, roubos e fraudes. O sistema de SAÚDE, muito doente, está agonizando e as Escolas estão em estado precário. Servidores Estaduais, diga-se de passagem, CONCURSADOS,  humilhados e desesperados amargam sem salários, e à míngua, clamam por dias melhores, por uma vida digna e pelo resgate de sua cidadania. Multiplicam-se  a cada dia as histórias das dificuldades enfrentadas por eles que estão à deriva sem saber quando vão receber os vencimentos. Não podemos perder a esperança e precisamos ter muita FÉ. Dias melhores hão de vir. 
               Aproxima-se o  NATAL de JESUS, uma Noite Feliz. "Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a sabedoria repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da Paz". (Isaías 9,5)
             " Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo." É o próprio Cristo suplicando que abramos o coração para que ELE renasça em nós. Atendamos ao seu apelo!
                   Será que nosso dever tem sido bem cumprido? Tivemos progresso na vida espiritual? Fomos úteis aos nossos semelhantes? Buscamos a Paz? Já se passaram mais de dois mil anos, e, ainda somos tão infantis em nossas atitudes. Já não faz diferença se o que passou foi bom ou ruim. Não vamos remoer erros , vamos encará-los bem de frente. Se perdemos ou ganhamos, já não importa, o importante agora é tirarmos proveito dos fracassos pois na vida só ganha quem sabe perder. Construamos um futuro positivo e promissor, cheio de expectativas e oportunidades, repleto de esperança, de sonhos e de infinitas realizações, lembrando que quando se busca o cume da montanha, não se deve dar importância às pedras do caminho. Ultrapassemos com dignidade todos os obstáculos.  Anos e anos se passaram e a cada Natal reverenciamos diante da humilde manjedoura, o REI dos Reis, mas ainda não alcançamos a grandeza de sua mensagem e não seguimos corretamente os seus passos, falamos da Estrela Guia, ornamentamos nossos lares com a Estrela de Natal, com quatro pontas e uma cauda luminosa, orientadora dos Magos até Belém, e nem assim nos damos conta que ela orientou os magos e continua nos convidando a adorar a grande LUZ, que é o Filho de Deus, Jesus a estrela radiosa que ilumina o caminho de nossa vida. Quanto mais nos aproximarmos de Cristo, mais e mais seremos luzes e estrelas e assim poderemos atrair mais e mais irmãos para Deus. A garantia de um futuro feliz é realizarmos o que Jesus nos ensinou. ELE é a plenitude do Universo e, somente na plenitude d'ELE, encontraremos a nossa plenitude. Maria Santíssima, a Mãe do Verbo Encarnado nos ensina a lição: "Fazei tudo o que Ele vos disser”. (Jo 2,5). “Haverá um dia em que o mundo descobrirá o verdadeiro significado do NATAL e então cônscios da autêntica plenitude da vida, o Natal da humanidade será o Natal de JESUS".
                 “Hoje Deus deu à Virgem o sorriso, porque dela nasceu o nosso sorriso”. “Eu vos anuncio uma grande alegria”. Isto ouvimos hoje do anjo, porque nasceu Cristo. Alegremo-nos, portanto, e exultemos juntos com a bem-aventurada Virgem, porque Deus nos deu o sorriso, o motivo de sorrir e de ser feliz com ela e nela: “Hoje nasceu-vos o SALVADOR”. “Oh, pobreza! Oh, humildade! O Dono de tudo está envolto em pobres panos, o Rei dos anjos é ajeitado numa manjedoura. Envergonha-te, insaciável avareza! Consome-te, soberba do homem! A sabedoria é balbuciante, a majestade inclinada, a imensidão diminuta, pobrezinho o rico”. (Dos SERMÕES DE SANTO ANTÔNIO). Santo Antônio é muito festejado e venerado pelo povo. O Santo é menos conhecido como homem de incomum Cultura e como autêntico intelectual da Idade Média, o que se comprova por sua obra escrita, repleta de beleza e profundidade de pensamento, tesouro da Literatura e da História.
                    Não nos preocupemos com as coisas materiais, o Filho de Deus adormeceu tranquilo em uma manjedoura, prova maior de que a verdadeira Luz descansa na simplicidade e na pureza de coração e de espírito. Que o Menino-Deus seja o presente mais precioso e a mais duradoura alegria que seu coração possa receber neste NATAL! Que os ensinamentos deixados pelo Filho de Deus sejam nossa lição de vida neste Natal e no Ano Novo.
                    Aos meus diletos leitores deixo através destas minhas singelas trovinhas os meus mais expressivos votos de Boas Festas: Natal festa esfuziante/ De sentidos desviados,/ Que ao aniversariante/ Os olhos sejam voltados.// Que reine paz no Natal/ E no Ano Novo também,/ Sejam de luz, afinal,/ Os dias do ano que vem.// Deus nos dê grande Natal/  Pleno de PAZ e de LUZ,/ Seja de AMOR, sem igual,/ Como a VIDA de JESUS.
                    “Derramai, ó céus, lá dessas alturas o vosso orvalho, e as nuvens chovam ao JUSTO.  Abra-se a terra e brote o SALVADOR: e ao mesmo tempo nasça a JUSTIÇA.” (Isaías 45,8).
                    Que o Papai Noel possa nos trazer o que pedimos e mais o que esquecemos de pedir. Unidos em preces a JESUS, principal  personagem desta festa, peçamos SAÚDE, LUZ, AMOR e PAZ para toda a humanidade. Que no Brasil e em nosso Estado a VIDA possa ser mais respeitada e CRISTO possa renascer no coração de todos.

MESTRES (Publicado no Jornal O NORTE FLUMINENSE - 29 de novembro de 2017)

                                           MESTRES                                                                                                                                                          Vera Maria Viana Borges
          “Não é só de pão que vive o homem, vive também dos sonhos e dos pensamentos puros que trazem alento e alegria ao coração...”  (Gibran Khalil Gibran) 
          Dias atrás, quando se comemorava o Dia do Mestre, lembrei-me do nobre gesto do ilustre escritor miracemense, Maurício Monteiro, que desde a sua  juventude desejava editar um livro do Dr. Hermes Simões Ferreira, seu amado Professor. E ele conseguiu realizar o seu sonho. Decidi então publicar novamente aqui, o artigo que escrevi e publiquei em outubro de 1996 no Boletim ASTROS & ESTROS, ao receber suas importantes obras :
          O jornalismo e a literatura transpõem  barreiras insondáveis e aproximam-nos através de uma corrente cujos elos são intelectuais de nomeada que deixam exalar de suas sensíveis almas a essência mágica do acendrado amor às letras, à história de sua terra, de sua gente, deixando vivo, imortalizado seu passado político-sócio-cultural, retratando com fidelidade a sociedade através dos tempos.
          Ao ocupar a cadeira patroneada pelo Capitão Altivo Linhares, da Academia Itaocarense de Letras, no ano de 1992, recebi de Miracema, da parte do ilustre Escritor Maurício Monteiro, advogado, amante de bons livros, possuidor de enorme e organizada Biblioteca, a sua célebre obra “MEMÓRIAS DE UM LÍDER DA VELHA PROVÍNCIA”, trabalho devido exclusivamente à tenacidade, obstinação do Velho Capitão, Mestre em Política, que já doente, no ocaso da vida, convoca o escritor para ouvir suas memórias e transformá-las em livro.
          Com nobreza e altivez numa linguagem fluente e clara o historiador Maurício Monteiro relata episódios notáveis da vida do homem valente e forte, de coragem férrea, conservando vivas e palpitantes as ânsias e conquistas do líder altruísta, que com precários estudos, mas com determinação, coragem, fé, carisma, com desejo de ver progredir sua terra, luta pelos interesses de seu povo, pelo bem-estar de sua gente, alcançando a Prefeitura de Santo Antônio de Pádua, sendo também Prefeito de Miracema, de Niterói, Deputado Estadual, chegando inclusive ao Senado da República.
            Temos absoluta certeza de que o conteúdo não seria apenas recordação de uma época, ou da vida de um simples mortal, mas a reconstituição de fatos ocorridos na Velha Província, vividos e narrados pelo líder imortalizado por suas obras e realizações, pelos seus feitos, e pelas páginas douradas do eminente Maurício Monteiro que tão bem soube registrar a história, repositório fiel da memória de nossa amada terra.
           A alma obstinada do escritor fê-lo autor destas memórias, mas o alto descortino daquele HOMEM de coração generoso, de alma simples, cidadão popular, respeitoso, humilde, porém franco, incisivo, corajoso, que jamais se acomodou como aqueles que se entregam a comodismos no meio do caminho, sempre disposto a lutar, grande idealista, que com firmeza apontou os rumos a serem seguidos para uma nova dimensão de vida, forjando a ferro e fogo a História da Velha Província.
     Sua terra natal jamais sonharia que aquele seu filho fosse se projetar brilhantemente no Cenário Nacional, extrapolando as fronteiras de seu Município.
          Altivo capitaneava em uma época de crise que cidadãos comuns não conseguiam equacionar, trazia nas veias o espírito crítico do verdadeiro político. Com retidão de caráter, o homem público dos mais brilhantes, expoente do nosso Estado, prestou grande contribuição à história fluminense.
          Maurício Monteiro doou-se por inteiro nestas narrativas e fez palpitar nossos corações, fazendo-nos mergulhar nos vórtices do tempo com o minudente relato, trabalho de valor inconteste, resgatando a memória de uma época, divulgando a profícua vida do destemido, valoroso Político e Mestre, hábil na maneira de agir.
          Maurício não para por aí. Acalentava desde a juventude o sonho de editar um livro com os versos do Dr. Hermes Simões Ferreira, mineiro de São Geraldo, que tendo sido bancário, formou-se em Direito, para agradar aos pais, chegou a Promotor de Justiça, abandonando a carreira para se tornar Professor do Colégio Miracemense, onde lecionou várias matérias, na fase áurea do educandário dirigido por Alberto Lontra.
         Através dos olhos da memória, o ex-aluno se vê uniformizado de cáqui, de dólmã, com gravata preta de laço enjambrado, caminhando pelas ruas, em manhãs frias. Raro era o dia em que não encontrava o Professor, vestindo um jaquetão, óculos escuros, segurando na mão direita várias listas de chamada. Sua rotina era, de casa para o Colégio e do Colégio para casa. Casado com Almerita, a namorada de infância. Tiveram duas filhas: Maria das Graças e Maria da Salete. Com o falecimento da esposa, dedicou-se inteiramente às filhas e ao Magistério, fundando o Colégio N.S. das Graças em 1952, possibilitando a quem trabalhava , frequentar aulas noturnas.
          Lembra com ternura o antigo mestre absorvido no final de cada ano, pela redação dos discursos para os paraninfos de turmas. Também os discursos das autoridades locais eram redigidos por ele. Altivo Linhares era o Prefeito e mandava um portador com as instruções necessárias e logo o mensageiro retornava com a peça oratória pronta.
             Ao contrário de Maurício, possuidor de vasta Biblioteca, abrigava alguns livros, gramáticas e dicionário em surrada escrivaninha. A Biblioteca era mínima, mas jamais deixou de responder a qualquer indagação que lhe fora feita. Nos pequenos jornais que se editavam na cidade, estavam sempre os seus bem elaborados sonetos.
              Um pouco antes de seu falecimento em 1989, aos 83 anos, a última visita e um pedido, os seus versos preferidos. Dias depois vai buscá-los em folhas soltas e com a letra inconfundível.
          A gratidão e a generosidade moveram-no à magnitude de trazer a lume os imarcescíveis sonetos do Velho Mestre, artífice do verso, do ritmo, da cadência, das ricas rimas, em decassílabos e alexandrinos capazes de abrir-lhe de par em par as portas da morada consagrada a Apolo e às Musas, em obra intitulada “PASSAREI”, com posfácio do nada mais, nada menos, consagrado escritor JOSUÉ MONTELLO, da Academia Brasileira de Letras.
        De parabéns a simpática e ALTIVA “Miracema”, pelos Grandes Mestres exaltados pelo preclaro, ilustre e notável, jornalista, historiador e escritor Maurício Duarte Monteiro; de parabéns o próprio Maurício, também Mestre, pela capacidade, generosidade, pelas mãos dadivosas, pelo ato de amor à terra, à sua gente, sua história e pelo grandioso ideal que o anima.
               Deixo o meu forte, fraterno e carinhoso abraço a todos os PROFESSORES!!!