sexta-feira, 27 de março de 2015

PROGRESSO! PROGRESSO! (Publicado no Jornal O NORTE FLUMINENSE - 21 de março de 2015)

PROGRESSO! PROGRESSO!
                                                                                           Vera Maria Viana Borges

                            Há miudezas que povoam a nossa memória que são dignas de histórias grandiosas para os que as presenciaram, para os que vieram após nós e para os que ainda hão de vir: o nosso folclore riquíssimo, destacado pelas coloridíssimas Folias de Reis, pelo Boi-Pintadinho e pelas Festas Juninas dos deliciosos pés de moleque, das broas, dos balões, busca-pés, do Casamento do Jeca e das grandes fogueiras. No final da década de 50 e início dos anos 60, residi nas imediações da atual Rodoviária de Bom Jesus do Norte e pude viver momentos mágicos e magistrais nas festas juninas no Campo do ORDEM E PROGRESSO, sempre no Dia dos Namorados quando os casais apaixonados participavam de animadas Quadrilhas. Com meu acordeão toquei algumas delas e nosso amigo João Batista Assad Tavares, Diretor Comercial do Jornal “O NORTE FLUMINENSE”,  num daqueles inesquecíveis anos, foi o noivo do Casamento do Jeca. Tal é meu encantamento pelo município que lhe compus uma música cujo refrão aqui transcrevo: “Bom Jesus, terra boa, meu tudo,/ De céu lindo inundado de azul./ O seu nome tem "Norte" e contudo/ É uma estrela que brilha no Sul.” 
Honrou-me sobremaneira, anos após, por ocasião das comemorações alusivas ao nonagésimo aniversário, quando foi lançado o CD do Mais Querido, a solicitação do Presidente João Carlos de Campos Catharina, para que eu produzisse um texto narrando a História e as Glórias do referido Clube. Atendi prontamente e entre Pompas e Circunstâncias em noite de gala, no dia 06 de maio de 2004 foi narrado por Lisandro de Ferrão, como segue: Corria o ano de 1914! Enquanto na Europa era deflagrada a I Grande Guerra, época de grandes conflitos, no sul capixaba, seis jovens bonjesuenses, Antônio de Oliveira Borges, José de Oliveira Borges, José de Souza Firmo, José Cabeça Freire, Oswaldo Santos e Ótis Menezes, dotados de inteligência, cheios de sonhos considerados inatingíveis se uniam para fundar  uma associação  desportiva. Lançaram a semente! Para que germinasse havia necessidade de uma área para a prática do futebol. A ideia, porém, para que se torne proveitosa, deve converter-se em deliberação, vontade e execução. José de Souza Firmo, incumbiu-se de pedir ao Sr. Carlos de Figueiredo Firmo, seu progenitor, para que fosse cedido  terreno de sua propriedade para o funcionamento da novel instituição.  Atendendo ao pedido do filho, iniciou-se o trabalho para as primeiras instalações. Assim no dia 06 de maio de 1914  foi fundado o ORDEM E PROGRESSO FUTEBOL CLUBE e iniciadas as obras que modificadas ao longo dos anos se transformaram no ESTÁDIO CARLOS FIRMO, que recebeu o nome do doador do terreno.
Mal podemos conter a emoção de reviver os dias de nosso passado e as glórias desta Associação Desportiva da nossa Bom Jesus do Norte, nascida no Sul Capixaba, às margens do majestoso Itabapoana. Inúmeros foram os títulos conquistados. Em 1951/1952, sagrou-se BI VICE-CAMPEÃO DO ESTADO. Em 1957 foi Campeão da LIGA BONJESUENSE DE DESPORTOS. Em 1972 Campeão pela LIDEG- Liga Desportiva de Guaçuí. Em 1974 Campeão pela Liga Desportiva de Cachoeiro de Itapemirim (L.D.C.I). Em 1976/1977 BICAMPEÃO INVICTO- LIDEG. Em 1979 Campeão Incentivo da 1ª Divisão do Campeonato Capixaba. Em 1980 Campeão Invicto da Repescagem e Seletiva da 1ª Divisão Capixaba. Em 1989 Campeão do 1º Turno do Campeonato Capixaba. Em 1993 Campeão do II Quadrangular Interestadual.  Em 2001 Campeão do Campeonato SULINO Espírito-Santense. Em 1952, o ORDEM E PROGRESSO foi chamado carinhosamente “CANARINHO” pela imprensa de Vitória. Em pesquisa feita pela Rádio Bom Jesus e Jornal “O NORTE FLUMINENSE” em 17  de outubro de 1957   foi considerado “O MAIS QUERIDO” da região, com esmagadora vitória sobre os demais Clubes do Vale do Itabapoana.
Bem valerá uma volta  ao passado para trazer aqui aquelas figuras que construíram a grandeza de nosso presente, aqueles que elaboraram nossa tabela de valores no dia a dia do nosso querido ORDEM E PROGRESSO. Além do Show de bola no pé, vem se modernizando através da Escolinha que transmite processos táticos em aulas teóricas para o ensaio de jogadas, preparando o tracejamento da evolução de ataques. Bons técnicos sempre mantiveram o Clube em forma. Por vários anos Desfiles Alegóricos de raríssima beleza abrilhantaram as festas das nossas duas tão amadas BOM JESUS. Em 15 de agosto de 1959, conquistou o TROFÉU GOVERNADOR ROBERTO SILVEIRA. As Rainhas do Clube! Tempo do samba-canção e dos boleros, dois passos para lá, dois para cá; rumbas, mambos... Nos bailes de Coroação, as mais encantadoras Valsas, fazendo com que rainhas, princesas e seus pares rodopiassem em belos e diáfanos trajes pelo salão. Eram promovidas FESTAS CIGANAS e a cada ano a tradicionalíssima FESTA JUNINA, sempre no DIA DOS NAMORADOS.
O  PROGRESSO não foi. Até porque o seu passado de glória reside exatamente no fato de ter-se projetado para o futuro aquele passado. Cultuando o PROGRESSO de agora, estamos a reviver a sua própria História e damo-nos por pagos, por satisfeitos por termos feito deste CLUBE, a menina dos olhos do povo bonjesuense. Exaltamos as torcidas organizadas que tanto vigor emprestaram e emprestam aos nossos atletas pelos espetáculos vibrantes nos mais variados estádios e logradouros. Nossa gratidão, nossa ternura, nossa saudade aos baluartes e gigantes que não mediram esforços para o engrandecimento do ESPORTE em nosso Município. Honra ao Mérito aos atletas, dirigentes, associados, torcedores, ao Poder Público, ao Comércio das duas Bom Jesus que têm dado sustentação para a realização de todos os Eventos. Honra ao Mérito aos destemidos jovens, idealizadores que se associaram na realização desta obra histórica. Honra, mil vezes honra, a todos os que com garra e bravura superando dificuldades sem conta garantiram os desempenhos deste Clube ao longo destes anos. 
Nesta festa de lançamento do HINO do ORDEM E PROGRESSO FUTEBOL CLUBE em CD, vibra a alma bonjesuense que evoca a memória dos seus autores: CLÓVIS BRANDÃO e OCTACÍLIO DE AQUINO. “ORDEM E PROGRESSO FUTEBOL CLUBE”, vasto acervo de craques que lhe enalteceram e enaltecem as cores esportivas: VERDE E AMARELO que tremulavam e tremulam em bandeiras agitadas por animadas torcidas, ao som de: “Avante! Avante!/ Obreiros do sucesso!/ A alegria das glórias nos cante:/  Progresso! Progresso!”
Certamente, muitos e muitos outros títulos já foram conquistados. Após o festejado CENTENÁRIO, aplausos ao POLACA (João Carlos de Campos Catharina) com uma afirmação de apreço, pelo dinamismo e pela grande obra que tem levado a cabo nesta importante agremiação.

“MAS QUE CALOR, Ô Ô Ô Ô Ô Ô!” (Publicado no Jornal O NORTE FLUMINENSE - 12 de fevereiro de 2015)

“MAS QUE CALOR, Ô Ô Ô  Ô Ô Ô!”
                                                                                                 Vera Maria Viana Borges
               
                       “Mas que calor, ô ô ô ô ô ô/ Atravessamos o deserto do Saara/ O sol estava quente/ Queimou a nossa cara/ Allah-la-ô, ô ô ô ô ô ô...” Esta Marchinha carnavalesca ainda continua pertinente nos dias de hoje. Que calor é este que invadiu a terra? Calorão intenso, nunca vi um verão tão abrasador, a água saindo com elevada temperatura nas torneiras. Enfrentamos um dos verões mais quentes. A impressão que temos é que o SOL se enamorou da TERRA, aproximou-se tanto para beijá-la e perdidamente apaixonado não quis saber de voltar. A chuva se escafedeu, sumiu, desapareceu. A seca no sudeste é uma realidade assustadora que atinge milhões de pessoas. É de arrepiar! Os níveis dos reservatórios e das represas baixando vertiginosamente. São cenas dolorosas que presenciamos. Vemos nossos rios agonizando. Acredito que esta seja a seca mais intensa dos últimos cem anos em nossa região. Triste realidade!
                 O Carnaval da década de 50 ficou na história devido à quantidade de marchinhas que denunciavam mazelas sociais e políticas, situações de escassez, de privação do necessário por que passavam as classes menos favorecidas. A irreverência das letras nos ataques aos políticos, nas críticas aos péssimos serviços públicos era saboreada nos bem elaborados versos cadenciados em esfuziante e animado ritmo. Mas as dificuldades não são coisas do passado, percebemos que após tantas décadas elas se repetem e se agravam. A questão hídrica é mais grave do que imaginamos e as referidas marchinhas continuam mais atuais do que nunca e muito mais relevantes ao longo dos anos. Com o agravamento da mais recente crise hídrica, em pleno século XXI, mais precisamente em 2015 o apelo continua o mesmo e mais uma vez a marchinha VAGALUME de Victor Simon e Fernando Martins poderá embalar os foliões brasileiros: “ Rio de Janeiro/ Cidade que nos seduz/ / De dia falta água/ De noite falta luz./ Abro o chuveiro/ Oi, Não cai um pingo Desde Segunda/ Até Domingo/ Eu vou pro mato/ Oi, pro mato eu vou/ Vou buscar um vagalume/ Pra dar luz ao meu chatô." Também muito popular a composição “Tomara que Chova”, de Paquito e Romeu Gentil: “Tomara que chova/ três dias sem parar/ A minha grande mágoa/ É lá em casa não ter água/ Eu preciso me lavar.” Lembro-me também da campeã do Carnaval de 1952, na voz da grande cantora Marlene, LATA D’ÁGUA composição de Luís Antônio e Jota Júnior: “Lata d'água na cabeça/ Lá vai Maria, lá vai Maria/ Sobe o morro e não se cansa/ Pela mão leva a criança/Lá vai Maria. / Maria lava roupa lá no alto/ Lutando pelo pão de cada dia/ Sonhando com a vida do asfalto/ Que acaba onde o morro principia.”
               A estiagem que atinge a nossa região é tão vertiginosa que nos faz lembrar o Gonzagão com a imortal  “ASA BRANCA”, composição de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, canção que teve como tema a seca no nordeste brasileiro e chegou a ser tão intensa, a ponto de fazer migrar até mesmo a ave “asa-branca” (Patagioenas picazuro, uma espécie de pombo também conhecido como pomba-pedrês ou pomba-trocaz). A seca obrigou, também, um rapaz a mudar da região. Ao fazê-lo, ele promete voltar um dia para os braços do seu amor.  É a saga de um povo sofrido. Aqui no sudeste os nossos rios estão muito abaixo do nível normal, tomados por bancos de areia, as cachoeiras secando, um prejuízo imensurável no campo, com lavouras perdidas, o gado magro e muitas e muitas cabeças já mortas. Peçamos com Fé a Deus que nos mande uma chuva boa e promissora para que voltem as nascentes e que as águas cresçam porque água é fonte de vida, é fonte de energia, consequentemente fonte de luz. Água e luz são bens indispensáveis. Sem energia é muito difícil mas ainda se sobrevive, mas sem a água torna-se impossível. Eu era bem pequenina, lá em Rosal, quando havia seca, o povo subia o morro do cruzeiro em procissão rogando ao Pai do Céu que mandasse a chuva e muitos levavam vasilhas com água para jogar aos pés da CRUZ. Lembro-me vagamente de um dos cânticos: “São Sebastião Glorioso/ Que mora na beira do mar/ Levanta a Bandeira pra cima/ Deixa a água derramar.” É a religiosidade do povo brasileiro. E a chuva vinha. Creio no PODER DE DEUS e neste momento crucial só Ele poderá nos valer. A história se repete, no Facebook,  no dia 15 de janeiro a jovem senhora Fabiana Morais, musicista, pessoa de grande sensibilidade, extremosa esposa e dedicada mãe, nora de uma outra grande mulher rosalense a inesquecível Professora Ana Glória, convoca para novena pedindo chuva como segue na íntegra: “Estamos passando por um momento delicado em nossa região: A FALTA DE CHUVA! O quadro atual é altamente preocupante, não há previsão de chuvas! Por isso começamos hoje, em Rosal, uma peregrinação ao cruzeiro, onde rezaremos o terço, a novena e orações. Convidamos a todos para que venham participar conosco, pois para Deus nada é impossível e nós cremos NELE! Também Nikolai CP, outro querido amigo do FACE postou suplicando: “Deus, nosso Pai, Senhor do Céu e da Terra,Tu és para nós existência, energia e vida. Faça cair do céu sobre a terra árida a chuva desejada a fim de que renasçam os frutos e sejam salvos homens e animais.” Vamos implorar como aquela viúva do Evangelho, vamos pedir, pedir, pedir pois ELE mesmo nos afirma: “Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta" (Mateus 7 : 7)
                  Estamos sem virador, em outros tempos podíamos correr para as praias em busca das brisas do mar, mas para todo lado tem racionamento d’água e neste caso o melhor é obedecer ao dito popular: “Boa romaria faz quem em sua casa fica em paz.”
           Que a chuva venha e possa suprir todas as nossas necessidades, necessidades estas não só para nossa sobrevivência pessoal, mas para a sobrevivência de toda a humanidade. Com os reservatórios voltando à normalidade vamos unir forças para um melhor gerenciamento dos recursos naturais, incluindo o desperdício e a elaboração de normas que assegurem a preservação da água, com o fim de assegurar a todos este bem tão necessário e garanti-lo às gerações que ainda hão de vir.
                  Tombem as chuvas purificando os ares, trazendo novo ânimo para toda a criação.
                  O Tríduo de Momo seja alegre, animado divertido e feliz. 
                  BOM CARNAVAL!!!