sábado, 24 de dezembro de 2016

RENASCIDOS NO NATAL (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE - 17 de dezembro de 2016)

RENASCIDOS NO NATAL               
                                                                                             Vera Maria Viana Borges
          No crepúsculo deste ano que finda, o mundo inteiro se sensibilizou com a tragédia ocorrida com o avião em que viajava a equipe brasileira da Chapecoense da cidade de Chapecó/SC que caiu quando estava prestes a chegar ao seu destino, o aeroporto de Medellín, na Colômbia, onde deveria jogar a partida final da Copa Sul-Americana com o Atlético Nacional. No avião viajavam 77 pessoas (atletas, jornalistas, delegação técnica e tripulação), 71 morreram e seis sobreviveram ao acidente: dois membros da tripulação, três jogadores e um jornalista. A equipe que veio de baixo, com quarenta e três anos de história, foi campeã catarinense por cinco vezes e disputaria o seu maior título. Surgidos do anonimato construíram uma carreira de sucesso. Este foi o principal assunto durante vários dias no Brasil e no mundo. Foi um duro golpe para o futebol. Imensa tristeza, inúmeras famílias enlutadas. Comoção nacional! O Brasil parou e todo o povo brasileiro abalado, chorou  com todos os atingidos pelo terrível acontecimento. 
          Num dos dias mais tristes da História do futebol, enquanto o Brasil chorava, parlamentares mais preocupados com seus próprios interesses, na calada da noite, aprovaram medidas para desfigurar o pacote anticorrupção. Uma retaliação à operação Lava Jato. Do lado de fora, vândalos empunhando bandeiras destruíram repartições públicas, atearam fogo em carros, deixando um rastro de destruição na Esplanada dos Ministérios. A Câmara jogando um balde de água fria no combate à corrupção, o Legislativo declarando guerra ao Judiciário, um verdadeiro atentado à democracia. Situação crítica a que vivemos.
          É também de se lamentar a forma com que o aborto foi tratado num julgamento de Habeas Corpus, no STF, onde se entendeu que um aborto cometido até o 3º mês de gestação não é crime, inocentando uma clínica clandestina de aborto.  Um contrassenso, justo no Tempo do Natal que Celebra a VIDA. “A vida é um dom de Deus e só Ele é quem define sobre o seu fim”, assim se expressou a Santa Madre Teresa de Calcutá e ela ainda afirmou: “Eis porque o aborto é um pecado tão grave. Não somente se mata a vida, mas nos colocamos mais alto do que Deus; os homens decidem quem deve viver e quem deve morrer.” O embrião é VIVO, a vida se inicia no momento da concepção, quando o óvulo da mulher e o espermatozoide do homem que são células vivas se unem dando origem a um ser vivo da mesma espécie humana. “Ponho diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas com a tua posteridade, amando o Senhor, teu Deus, obedecendo à sua voz e permanecendo unido a Ele. Porque é esta a tua vida e a longevidade dos teus dias na terra que o Senhor jurou dar a Abraão, Isaac e Jacó, teus pais”  (Deuteronômio, 30, 19 e 20 ).  Quando fomos concebidos tivemos no aconchego do útero de nossas mães o primeiro berço. Lá estivemos por um dia, um mês, dois meses, três meses... Tivemos, com a graça de Deus,  com a boa vontade, o amor e o carinho de nossos pais, o merecimento de nascer aos nove meses de gestação. Rogamos aos Céus por todos os nascituros e nos colocamos em defesa da VIDA HUMANA desde a sua concepção.
          Mediante tantas incoerências, fica difícil, mas fechemos os olhos e pensemos nas alegrias que hão de vir em 2017 com CRISTO renascido em nós. Seremos felizes! Deus conosco sorrirá, certamente! Que o espírito do Natal se espalhe pelo ar, fazendo nascer sementes de esperança.
          Época de refletirmos corrigindo falhas e adotando firmes propósitos de acertos futuros, e para isto será indispensável não pensarmos apenas no feriado prolongando, na Ceia, nas compras e presentes; no consumismo que transforma o maior evento da humanidade em festa pagã. Tenhamos um NATAL comprometido com o Evangelho, fazendo JESUS crescer. O advento além de tempo de esperança, é um tempo de compromisso na construção de um mundo melhor, mais fraterno, mais solidário. Vamos celebrar a Paz, a Fraternidade, a Unidade, o Amor, a Festa da Família.
         Abramos os corações para que Jesus penetre com a paz anunciada pelos anjos; paz com Deus e com os irmãos. Deus se fez solidário à nossa condição humana, fazendo-se nosso irmão para nos resgatar e salvar. A comemoração cristã não é apenas ideológica, é sim um grandioso acontecimento, com contrastante e dupla dimensão na singeleza do Pequenino e na grandiosidade do Criador, no nascimento do menino humilde e simples envolto em panos e no canto dos anjos traduzindo a grandeza de Deus: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”.
          O nosso Natal seja uma Noite de ADORAÇÃO! Uma Noite Feliz! Noite de sonhos, noite sem mentiras! Noite de esperança, de alegria, porque é aniversário de Jesus. Festa de amor, de fraternidade, de unidade, de bondade e de paz. Noite da bondade de Deus, que por nos amar tanto enviou-nos o Filho Jesus, o Príncipe, o Arco-Íris da Paz. Em sua inexcedível bondade preparou tudo. Deus quis se fazer um de nós, para que se dissolvessem as trevas, para que se solucionassem os conflitos. Preparemo-nos para a celebração deste aniversário, desta Festa que nos reúne ao redor do Presépio que nos recorda o nascimento de Jesus e façamos uma revisão em nossa vida, para que possamos viver a exemplo da Família de Nazaré e que esta “Noite Feliz” perdure para todo o sempre e em especial por todos os dias do Novo Ano e possamos como irmãos, vencer tantos egoísmos, competições sem limites, crescentes desigualdades e consumismo exacerbado. Vivamos de uma nova maneira, renascidos no Natal compartilhado com os que sofrem, com os mais pobres e esquecidos, sejamos capazes de compaixão, afeto, com compromisso pela justiça.
             Que a Glória do Senhor desça sobre os que conosco caminham de mãos dadas. E possamos entoar juntos: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que Ele ama!” Com os melhores e mais sinceros votos, oriundos do Cristo Glorificado desejamos que as confraternizações deste final de ano se concretizem com muita PAZ e HARMONIA e que o 2017 seja pleno de proveitosas realizações.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

À ACADEMIA CALÇADENSE DE LETRAS EM SEU JUBILEU DE PRATA


SAUDADE E GRATIDÃO (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 19 de novembro de 2016

SAUDADE E GRATIDÃO              
                                                                                           Vera Maria Viana Borges
          
                             Um sentimento de irreprimível saudade e cristalina gratidão invade-me a alma quando penso no Dr. Luciano Augusto Bastos.  Homem de princípios, de inexcedível bondade, humilde para tratar com os mais simples, afável com os íntimos e leal em todas as circunstâncias, até com os próprios adversários, quer no futebol, na política ou em quaisquer outros segmentos. Um homem de caráter. Inteligência peregrina que caminhava ao lado de natural modéstia. Profícuo, intenso em todas as suas atividades. Recém-formada, com distinção, fui acolhida por ele para integrar o quadro de Professores do Colégio Rio Branco, onde muito aprendi. Patrão sem igual, prudente, sábio, humano, respeitoso e respeitado. Para cada direção que olho vejo traços do exemplar chefe de família, do cidadão incansável, do advogado, magnífico jurista, do jornalista, do historiador, do membro de várias Entidades Culturais, de Clubes de Serviço e do emérito educador. Preservar a memória foi sempre o seu objetivo e sua preocupação. Garimpava as mais rutilantes joias e até mesmo as mais modestas e simples publicações. Para tudo que caia em suas mãos havia uma resposta. 
         Algumas vezes tivemos, eu e meu marido,  o prazer de sua visita. De certa feita trouxe-me a edição de “O Norte Fluminense”, de 19 de maio de 1996 com a seguinte publicação: “VERA VIANA LANÇA BOLETIM DE PROSA E POESIA - Auspicioso acontecimento Literário. A poetisa e declamadora Vera Maria Viana Borges da Academia Bonjesuense de Letras, é sem dúvida, uma figura de maior destaque em nosso meio cultural. Poetisa renomada tem ela uma produção intensa por onde flui toda a beleza de sua sensibilidade. Bonjesuense nascida em Rosal, ela é, também declamadora emérita, festejada em reuniões literárias, pertencendo ainda a diversas entidades culturais. Vera Viana vem de lançar  “ASTROS & ESTROS”, um boletim alternativo, com poesias e prosa.” E ele continua, tecendo comentários, fala do nosso editorial e finaliza: “Nossos aplausos à Vera Viana que com o lançamento projeta ainda mais nossa Bom Jesus.” 
          O Boletim Alternativo de Prosa & Poesia, ASTROS & ESTROS, era apenas sonho, sonho que fora tomando forma, fora se fortalecendo e acabou por se concretizar. E, foi sob o signo e as bênçãos de MARIA, Mulher Forte e Mãe que ele veio a lume. Era mês de maio de 1996, a brisa trescalante do "monsenhor" e das belas e perfumadas rosas dos encantáveis jardins, dos artísticos buquês em homenagem às mães, dos delicados arranjos das noivas e da decoração de lares e altares, impregnava a atmosfera perfumando o nosso primeiro número. Nasceu ASTROS & ESTROS, simbiose de amor e ideal, 8 (oito) pequenas páginas repletas de textos selecionados de escritores consagrados e de autores contemporâneos. O Boletim fundado, editado e redigido por mim, sem fins lucrativos foi feito apenas pelo imenso amor às letras, tudo sob minhas próprias expensas.
          Enquanto Oriente e Ocidente conturbam-se de egoísmo, paixões exacerbadas se sobrelevam aos mais elementares princípios, não se respeitando sequer a dignidade humana é deveras salutar que se faça algo para que se dissipe esta nuvem de discórdia. A idéia inicial foi unir ASTROS da literatura. Através das publicações, fomos reunindo "Astros" com seus "Estros", identificando tendências, ilustrando com fatos, com inspirados versos, textos claros e enxutos, com toques diferenciados. O contato foi muito estimulante. Continuamos nossa missão a serviço da Vida, do Amor e da Esperança, conduzindo-nos através da ARTE, aos páramos dos sonhos, à fraternidade universal, sem preconceitos de raça, cor, língua, religião, desenvolvendo os valores humanos, apreciando o BELO, o BOM e o BEM, sem sombra de dúvidas o melhor investimento para a construção do mundo com o qual sonhamos.
          A cada mês uma publicação. Completando um ano expedi convites para missa em trovas e uma apresentação teatral na Igreja de São José, no Bairro Lia Márcia. Neste primeiro ano de circulação fomos conquistando e ganhando credibilidade. Ao ensejo desta data, dirigi minhas preces ao Todo-Poderoso, para que nos cumulasse de suas bênçãos,  inspiração e força para que pudéssemos continuar com dignidade, a escrever a história iniciada com tanto gosto.
          Recebi mais uma vez a visita do ilustre amigo, trazendo-me a edição de 11 de maio de 1997 de “O Norte Fluminense”, com o artigo que segue: “IMPORTÂNCIA DO FATO (Luciano Bastos) Vou confessar a indecisão de como escrever sobre este fato. Acho-o tão excepcional que receio não expressá-lo como merece. Há um ano uma mulher de talento lançou uma publicação bonjesuense, um boletim alternativo de Prosa e Poesia. Deu o nome de “Astros e Estros” e foi dizendo que os humanos são caminhantes de uma mesma jornada e que devemos nos unir para dizimar a tristeza e dissipar a discórdia. E citou a Via Láctea, a beleza exuberante do conjunto de tantos astros, e afirma: “A maior beleza é a união / pois uma estrela sozinha / não será tão bela não”. Pelo engenho poético, inspiração e rica fantasia fica o significado de estros, sublimando, o título.
           Esta mulher de fibra e sensibilidade é Vera Maria Viana Borges. Que sopra a primeira vela de aniversário da publicação, com circulação nacional e internacional, levando enlevo, poesia e amor. Tudo isto às suas expensas. E com aquele seu jeitinho gracioso e especial, no seu registro, vai distribuindo as macias, perfumadas e delicadas pétalas de rosas que ela colheu no enlevo de sua imaginação, a todos os seus amigos, confrades e familiares.
         Aqui fica o registro com os aplausos que sei ser de todos. Romain Rolland comentando sobre os chamados heróis da história que triunfaram pelo pensamento ou pela força, disse que heróis são aqueles que foram grandes pelo coração. E conclui: “O “coração” não é apenas a região da sensibilidade, entendo ser ele o vasto reino da vida interior”. Vera Maria alia ao pensamento o seu coração, ao que escreve tenta conseguir, pouco a pouco, o que na estréia preconizou.”
            Presenteou-me na mesma data com um exemplar de uma publicação simples, do Grêmio Estudantil Rui Barbosa do Ginásio Nossa Senhora Aparecida, de Santo Eduardo/RJ. Lecionei lá e fui redatora-chefe do Boletim VOZ ESTUDANTIL no ano de 1963. Eu não guardei, mas o Dr. Luciano guardou por trinta e quatro anos. Talvez tenha recebido  do Dr. Renato Pereira Pinto que também era professor no referido educandário. Ao ler o Editorial percebi que a maneira de me expressar ainda era a mesma. Agora, decorridos quase cinquenta e quatro anos, naquele texto há a minha marca registrada, não fugi ao estilo. Ele não deixava passar nada em branco, era generoso por excelência. Imenso coração! Grande alma! Grandiosa sensibilidade! Sou-lhe imensamente grata.
            Maior prova do quanto ele sempre preservou a Cultura, é o fruto do seu sonho, o ESPAÇO CULTURAL LUCIANO BASTOS, que já alcançou fama e é mantido e dirigido por seus amados filhos, seguidores do seu RASTRO DE LUZ.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

ATHOS E SEUS ATOS (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 28/10/2016)

ATHOS E SEUS ATOS
                                                                                Vera Maria Viana Borges
              A literatura tem o mágico poder de atingir pessoas e lugares. Para ela não há distância. Ela une e entrelaça sentimentos e produz uma efervescência, uma fantástica troca de saberes e de informações. Amealhei inúmeros amigos mundo afora através dela. Com uma publicação apenas, muitas vezes recebemos respostas várias que vão  solidificando as velhas amizades e se espalham ampliando novos horizontes proporcionando novos conhecimentos. 
                 Em dezembro de 1997 publiquei  em “ASTROS & ESTROS” um pequeno artigo sobre o Grande Poeta e Jornalista Athos Fernandes, intitulado “ATHOS E SEUS ATOS” que transcrevo na íntegra: 
                “Athos Fernandes, o vulto que marcou época na nossa adorável Bom Jesus por 58 primaveras, já faz anos,  enche de poesia o céu... Seu canto é eterno, a morte não calou a voz do poeta, perpetuada em seus livros “Ofir”e “Shangri-la” e em vários órgãos da imprensa nacional. 
                 Um dos fundadores da Academia Bonjesuense de Letras, artífice grandioso do SONETO, legou-nos um rosário de nacaradas pérolas com suas expressivas e magníficas composições de apurada sensibilidade, beleza, profundidade e técnica. Sem dúvida, sua poesia tem perfeição na forma, originalidade e arte. Verdadeiro esteta! Amante da mitologia fez constar em suas obras, divindades gregas e romanas; lá estão Pégaso, a fonte de Hipocrene e muito mais... Ao longo de sua extensa produção também estiveram presentes locais, fatos e personagens bíblicos. 
               Aprimorou seu estro na poesia e no jornalismo onde foi fluente e seguro. Esteve por várias décadas à frente do jornal “A VOZ DO POVO” de Bom Jesus do Itabapoana. 
                 Sobrevive completo em seus pensamentos e atos através da literatura, o homem de princípios, digno e bom, prudente e sábio, modesto, que teve o privilégio de ter duas terras. “DUAS TERRAS: Filho de Itaperuna, eu vivo em Bom Jesus,/ minha terra também, pelo muito que a estimo./ Sou pedra que rolou e deu no mesmo limo,/ besouro que voou e deu na mesma luz!// De um povo eu sou irmão, do outro povo sou primo,/ e a amizade dos dois me conforta e seduz./ Das cidades não sei qual delas faz mais jus/ ao sincero louvor destes versos que rimo!// Se uma me deu o berço, a outra me deu o teto./ Lá, o amor juvenil, de sonhos mil repleto,/ cá, o amor outonal, que outros sonhos produz.// Força humana não há que laços tais desuna:/ se estou em Bom Jesus, recordo Itaperuna,/ se vou a Itaperuna, eu penso em Bom Jesus!”
                Que Deus Nosso Senhor o tenha em seu Reino de Luz e Glória! Querido poeta, a nossa saudade!...”
            Tão logo leu, A. ISAÍAS RAMIRES - Rio de Janeiro/RJ, se manifestou: “Foi grande a emoção que experimentei com a leitura em “Astros & Estros” (nº 13), boletim alternativo dirigido pela poetisa Vera Maria Viana Borges, de Bom Jesus do Itabapoana, neste Estado, da croniqueta “Athos e seus Atos”, homenagem bastante merecida ao poeta ATHOS FERNANDES, amizade com que fui honrado durante vários anos, quando mantivemos assídua troca de correspondência, cartas, artigos e livros que sempre releio com profunda ternura. O soneto citado - “Duas Terras”, é obra de alguém que nasceu poeta, verdadeiramente. Nele, o Autor retrata, com profunda sentimentalidade, o seu grande amor a duas belas cidades fluminenses: Itaperuna, onde nasceu, e Bom Jesus do Itabapoana, onde viveu e repousam seus restos mortais. Seus livros “Ofir” e “Shangri-la”, sempre os releio, pois sendo eu apaixonado pelo soneto, vislumbro, em seu Autor, um verdadeiro mestre nessa modalidade de poesia que, ultimamente, possui tão poucos artífices de qualidade. Por indicação do Athos, fui incluído na Academia Bonjesuense de Letras (sócio correspondente), ocupando a Cadeira nº 1, patroneada pelo insigne poeta OlegárioMariano.”
                  P. DE PETRUS - Rio de Janeiro/RJ, assim me escreveu: “PAX... Esteja bem de saúde, em companhia de todos os seus... Mais alguns momentos de enlevo e de alegria, hoje ao receber o seu (nosso) “ASTROS & ESTROS nº 13, lindo, lindo!... Agradeço-lhe pela oferta desse exemplar, também pelas publicações de um soneto meu e uma trova, que figuram na página 5, onde, o meu soneto está ao lado do soneto “Sonhos de Primavera”, do saudoso e querido Athos Fernandes que me conduziu à ACADEMIA BONJESUENSE DE LETRAS. Assumi a Cadeira 33, patronímica de OLAVO BILAC. No ano de 1979, a pedido do autor Athos Fernandes, preparei, planejei, coordenei e revisei “SHANGRI-LA”- Poesias. Athos Fernandes estava muito doente e não tinha condições físicas para levar a um bom termo a edição do seu livro. Quando o livro “SHANGRI-LA” saiu do prelo, o seu autor falecera 7 dias antes. Não pôde ver a sua obra... Tristíssimo o seu desenlace, após grave enfermidade que comoveu a todos nós, poetas e acadêmicos da ABDL. Eis uma trova do Athos Fernandes: Meu coração desafia/  vossa perícia, doutor;/ não cura a Cardiologia,/ cardiopatias de amor...”
                   EUCLIDES DA CUNHA - Inhaúma/MG assim declarou: “Externo-lhe sinceros agradecimentos, pelo envio do excelente alternativo "Astros & Estros", sob sua brilhante direção. Tenho sobre a mesa, os exemplares 23, 24, 25 e 26. Gostei de seus trabalhos poéticos. Muito bonito o soneto "Enquanto Houver Tempo"... Gostei também dos sonetos: "Felicidade", "És Sol, Querido!" e "Deixe Cristo Renascer". Destaco entre todos, o que se intitula: "TRISTEZA". Lindo, lindo o Editorial do nº 26. Parabéns! Admiro-lhe o fulgor do talento. Você é uma grande expressão cultural de Bom Jesus do Itabapoana. Quando se fala em Bom Jesus do Itabapoana, ocorre-me à memória o nome do saudoso Athos Fernandes, meu grande amigo. Tenho em mãos a edição do Anuário dos Poetas do Brasil, de 1997, com a brilhante participação do ilustre jornalista, poeta e escritor. Releio com lágrimas nos olhos, seu lindo soneto: "Estrela Cadente" que termina com o seguinte terceto: "Quantas noites o vi, no anseio de revê-la!/ Se um poeta é capaz de amar e ouvir estrela,/ só Deus sabe entender o que um poeta sente!"
                Reiterando-lhe agradecimentos pela remessa de "Astros & Estros”, aqui fica o meu fraternal abraço.”
                  Resta-nos a saudade da presença física do ilustre vate Athos Fernandes. Honra ao Mérito ao verdadeiro esteta que buscou a beleza e perfeição ao escrever.  Sua Magnífica Obra é um valioso legado e ele vive através dela.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

MÉDICO E POETA (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 30/09/2016)

MÉDICO E POETA                

                                                                                         Vera Maria Viana Borges
          Ayrthon Borges Seródio já está em contato direto com a Literatura Maior dos Anjos e Santos. Encontra-se na presença inefável do Eterno Senhor e Criador, mas nem mesmo a morte poderá calar a voz do poeta pois sua obra não se extinguirá, pelo contrário, germinará em novas gerações e produzirá bons e muitos frutos.
      Ainda menina quando iniciava os estudos de música, presenciei ensaios e preparativos da LIRA 14 de JULHO em Rosal, para a recepção do então formado médico Dr. Ayrthon Borges Seródio em sua terra, Barra do Pirapetinga.  Estudei, cresci, casei e me mudei para Santo Antônio de Pádua. Quatro anos após ao retornar precisei de cuidados médicos e Dr. Ayrthon foi o anjo que Deus colocou em minha vida. Ele me ajudou a superar repetitivas faringites e outras “ites”que me acarretaram uma febre reumática. Muito inteligente e um ser humano inigualável, cuidou de mim e do meu filho por muitos anos. Em 1977 conheci o seu outro mister através do seu livro “A SEARA DE VENTO” e em 1994 brindou-nos com “O SACRIFÍCIO INÚTIL”. Não sei dizer se ele foi melhor MÉDICO ou POETA  porque em ambos os ofícios ele se superou e tornou-se insuperável. Não consigo distinguir em que área atuou melhor.
             Em 1997 trouxe a lume “A FIGUEIRA ASSOMBRADA”. Não pude me calar e publiquei em “ASTROS & ESTROS” o que segue na íntegra: “Com versos que encantam, sublimam e emocionam a alma do leitor, pela metrificação perfeita, pela naturalidade das rimas, pelo talento, entusiasmo e a excelência dos temas, o consagrado vate bonjesuense Ayrthon Seródio nos premia com mais uma joia rara, a sua esplêndida obra “A Figueira Assombrada” que se compõe de dez sonetos alexandrinos, escritos recentemente, e de dez depoimentos de intelectuais especializados em poesia sobre o seu penúltimo livro publicado - “O Sacrifício Inútil”.
       Ayrthon Borges Seródio, nascido aos 21 de maio de 1929, em Barra do Pirapetinga, no município de Bom Jesus do Itabapoana, do matrimônio do venerando e saudoso casal Oliveiro Vieira Seródio e Maria José Borges Seródio, carinhosamente chamada “Nenzinha”, dotado de brilhante inteligência e privilegiada memória, médico dedicado com inúmeros cursos de especialização nas cidades de Niterói, Rio de Janeiro e São Paulo, exerceu as funções de Professor Assistente de Clínica Pediátrica Médica e Higiene Infantil, de Professor Assistente de Puericultura e Clínica da Primeira Infância, ambas na Faculdade Fluminense de Medicina em Niterói. Exerceu a Medicina em Nova Esperança/PR e de volta à terra natal, o pediatra, cardiologista e notável clínico geral fêz-se médico da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (Posto de Saúde), do Instituto Nacional da Previdência Social além de atender em consultório particular.
           Foi proprietário da Clínica de Repouso Itabapoana, fundador da Academia Bonjesuense de Letras, tendo atuado como presidente da mesma por quase vinte anos, presidiu o Conselho Municipal de Cultura e não escondia o fascínio pelo “manga-larga”, raça de cavalos bem selecionada e cuidada em seu belíssimo “Haras”.
              De imarcescíveis sonetos publicou “A Seara de Vento”, suave vento que fez o poeta se exprimir desnudando o próprio ser e em diáfana transparência deixou que se visse uma seara de Amor; seara do Belo, do Bem e do Bom. “O Sacrifício Inútil”, sonetos perfeitos repletos de filosofia e lirismo. Em “A Figueira Assombrada o poeta se supera. Sobrepujar-se a cada obra é privilégio de talentosos artistas. Eis o soneto que dá origem ao título:” A FIGUEIRA ASSOMBRADA// Era uma árvore antiga, enorme e bem copada,/ Que ficava no alto, além da ribanceira,/ Que abrigava o viajor no meio da jornada,/ O pássaro no ninho e a coruja agoureira.// Dizia um capiau que a vetusta figueira,/ Após a meia-noite, era mal-assombrada:/ A mula sem cabeça, uma grande caveira/ E gemidos de horror de uma alma penada...// Incrédulo demais e também corajoso,/ Passava no local à noite desejoso/ De alguma coisa achar... Talvez - quem sabe? - a mula...// Uma noite porém, já era madrugada,/ Vi duas bolas de fogo à beirada da estrada:/ Era um burro pedrês saciando a sua gula...”
             Em 1998  “À SOMBRA DOS IPÊS”: Em cada verso, a presença do poeta em toda a sua plenitude, revelando-se e superando-se a cada edição o mestre artífice do Soneto, uma forma difícil e nobre popularizada por Petrarca e praticada por Shakespeare e outros célebres . O velho, respeitável e belo soneto continua vivo e AYRTHON o manejou com maestria. O autor dedicou-o a três grandes intelectuais e amigos que com ele fundaram a "Academia Bonjesuense de Letras" em 1976: Athos Fernandes, de saudosa memória, um dos maiores poetas contemporâneos; Antônio Miguel, professor, jornalista, escritor e poeta dos mais festejados e Walter Siqueira, professor, poeta de invejável fertilidade, um plantador de ipês merecedor do primeiro texto do florilégio, o soneto que intitula a magnífica obra. 
            Até 2005 um ou dois livros por ano. Uma extensa e valiosa obra. Em seu livro “A FOLIA DE REIS” dedicou-me o soneto “Recordando na Escuridão”: “Hoje não houve luz nem força na cidade,/ Que às escuras ficou, na falta de energia;/ E o povo conformado, após a tempestade,/ De casa não saiu, deixando a rua vazia.// Então eu me lembrei da roça, com saudade,/ Da minha jovem mãe que de noite cosia,/ Da luz da lamparina, à tênue claridade,/ Na cena familiar que tanto enternecia.// Menino, ouvindo história à beira do fogão,/ Tomava o meu café, sem medo à escuridão,/ Só vivendo o presente e esquecendo o futuro.// Mas hoje é diferente, e numa luta inglória,/ Não há mais o fogão e ninguém conta história,/ Só resta a frustração de um viver inseguro.” Em agradecimento, compus-lhe o soneto alexandrino, “ANJO DE TERNURA  (Ao Poeta Ayrthon Seródio, em memória de sua progenitora - Dona Nenzinha): Existe uma Mulher, um Anjo de Ternura,/ Que Deus do Céu cobriu com especial fragrância.../ Encheu-a de carinho e infinita doçura/ E pôs no seu olhar perpétua rutilância.// Abençoou seu Ventre, a proteção segura,/ O primeiro endereço, aconchegante estância.../ O terno coração, só o Bem e o Bom augura,/ É paz, sabedoria, amor e tolerância.// Voz firme e aveludada a da MAMÃE querida/ Que entoa em cada berço uma canção de amor/ E conta bela história após a dura lida./ Não há maior laurel a qualquer criatura,/ Nem prêmio mais bonito e de imenso valor/ Que comparar alguém, a este ANJO DE TERNURA!”
         Ainda consternada pelo seu falecimento peço ao POETA MAIOR, o Deus Pai Todo Poderoso, para o acolher em SEU REINO DE GLÓRIAS.
           “Requiescat in pace”!!!

NA CONQUISTA DO OURO (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 31/08/2016)

NA CONQUISTA DO OURO

                                            Vera Maria Viana Borges 

             O mundo se rendeu aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Antes foram muitas previsões pessimistas, mas ao desenrolar dos acontecimentos foi um triunfo, causando satisfação plena. Foi sucesso absoluto e foi extraordinário o desempenho dos atletas brasileiros.
                 As cerimônias de abertura e de encerramento foram apoteóticas. O evento foi muito bem sucedido e apesar dos gastos com a estrutura esportiva a cidade ficou com legado importante. O Rio de Janeiro que sempre foi lindo por natureza, continua ainda mais lindo com a revitalização do porto. Beneficiou-se com nova linha de metrô e vários projetos municipais. O saldo foi positivo.
             Foram dezessete dias de encantamento e de fortes emoções. O brasileiro parecia estar num oásis, ou quem sabe no paraíso esquecido das mazelas que afligem o país. Em cada residência, bar e clube sempre havia uma turma entusiasmada diante da televisão torcendo e vibrando com os resultados. Foram momentos incríveis. 
               Os esportes praianos foram acontecimentos marcantes nas lindas paisagens da Cidade Maravilhosa. Há muito, a combinação de areia, sol e mar deixou de ser apenas curtição para tornar-se espaço privilegiado para a formação de espetaculares atletas em muitas modalidades.
            O brasileiro que andava meio desiludido, voltou a vibrar e se orgulhar da seleção brasileira de futebol. Com a vitória sobre a Alemanha conquistou o tão sonhado OURO. Os torcedores muito animados  aplaudiram entusiasticamente enquanto cantavam: “Eu sou brasileiro, com muito orgulho e muito amor...” ,  “O campeão voltou...”
                Hoje muito se fala na importância do esporte para a nossa saúde e bem-estar. Em busca de uma vida saudável  cresce o número de adeptos de vários tipos de atividade física, para a melhora do tônus muscular, para uma maior disposição, melhor flexibilidade e fortalecimento dos ossos e articulações. Além da redução do peso, gordura corporal, diminuição do colesterol ruim e aumento do bom e os benefícios do bem-estar que são expressivamente relevantes. Ao praticar uma atividade física, o fluxo sanguíneo cerebral melhora favorecendo a diminuição do estresse, da ansiedade, da depressão, aumentando significadamente a autoestima.
                  O esporte é uma escola onde se aprende a dominar a vontade e a controlar os impulsos obedecendo a determinadas técnicas. 
                 O espírito exausto pela lida diária precisa distrações que serão lenitivos para o corpo cansado. Proporcionar distração sadia ao espírito quer pela leitura, música, arte ou jogos familiares é um relevante socorro, cujo fruto se fará sentir no indivíduo, na família e na sociedade. O homem é essencialmente gregário. No entender de Martins Fontes em “TERRAS DA FANTASIA”, “O homem... obedece ao espírito gregário, é um ser que vive em bando, como os pássaros.” Aí está o papel prepoderante do esporte: agregar e mostrar a necessidade da autodisciplina para se atingir metas e objetivos.
                  Um espírito sadio num corpo sadio é a intenção de todos, eis o motivo porque o esporte  hoje deveria ser considerado nas atividades educativas como parte imprescindível de seu programa para que se fizesse jus ao aforismo latino: “mens sana in corpore sano.” O Brasil precisa investir de forma correta em projetos sérios, com a finalidade de formar mais atletas e desenvolver o potencial dos mesmos. Talentos nós temos de sobra e a prova disso são os resultados dos Jogos, que mesmo sem as melhores condições de preparação nossos desportistas conseguiram obter excelentes resultados. As vitórias de Diego Hypólito, Isaquias Queirós e Rafaela Silva demonstraram que a perseverança e o desempenho não dependem de dinheiro ou privilégio, mas de garra, determinação e estado de espírito. Conquistamos dezenove medalhas, e em sete delas brilhou o OURO. 
                Acompanhei atentamente as ginastas que lançavam as fitas em várias direções para criar desenhos no espaço, formando imagens de todo o tipo: serpentinas e espirais. Estes lançamentos exigem da ginasta coordenação, leveza, agilidade e plasticidade e o mais importante a flexibilidade. Inebriante e belo. Admirando tanta beleza, livramo-nos das pressões do dia a dia por instantes. Libertamo-nos por instantes. Acabando voltamos  à realidade. E é um encontrão com a realidade, mas voltamos fortalecidos para a luta diária. Precisamos destes oásis de prazer. Isto faz muito bem.
               Aguardamos pelos Jogos Paralímpicos que são o maior evento esportivo mundial envolvendo pessoas com deficiência. Incluem atletas com deficiências físicas (de mobilidade, amputações, cegueira ou paralisia cerebral), além de pessoas com deficiência intelectual. Eu prefiro a forma “paraolímpicos” mas a  intenção foi igualar o nome ao uso de todos os outros países de língua portuguesa: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Timor Leste, onde já se usava o termo Paralimpíadas. A palavra vem do inglês "paralympic” que mistura o início do termo "paraplegic" e com o final de "olympics" para designar o atleta paralímpico.
                A judoca Rafaela Silva em 8 de agosto de 2016, conquistou a medalha de ouro da categoria até 57Kg nas Olimpíadas Rio 2016 e o canoísta Isaquias Queirós conquistou  três medalhas nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro: Prata na Canoa Individual - 1.000m, Bronze na Canoa Individual - 200m e Prata na Canoa de Dupla - 1.000m, com Erlon de Sousa Silva. Queiroz se tornou portanto o primeiro atleta brasileiro a conquistar três medalhas em uma única edição dos Jogos Olímpicos. Ambos vieram de favela ou periferia e lutaram com imensas dificuldades e deram exemplo de superação. Nos Jogos Paralímpicos há a inclusão dos atletas que além de superarem as dificuldades também superam suas deficiências físicas. Todos os holofotes se voltaram para os Jogos  Olímpicos. Esperamos  que eles se voltem da mesma forma para a edição que está porvir dos Jogos Paralímpicos que nos anos anteriores tiveram a cobertura reduzida significativamente pois a mídia não  lhes deu o destaque merecido.
                   E nós, pessoas comuns vamos nos exercitar, praticar esportes para uma vida mais saudável e feliz. Assim seremos mais que vencedores e conquistaremos o OURO.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

QUE PAÍS É ESTE? ( Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 29 de julho de 2016

QUE PAÍS É ESTE?
                                                       Vera Maria Viana Borges
                      Aos quatorze anos, tive o privilégio de ser aluna da notável e saudosa  Professora Alzira Seródio Amim. No primeiro dia de aula, ela pediu que fizéssemos uma Redação intitulada: “POR QUE ME UFANO DE MEU PAÍS?” Discorri sobre as belezas e riquezas do nosso Brasil com naturalidade e com leveza. Era a realidade daquela época. Logo preenchi uma lauda e conquistei com aquele texto os primeiros elogios pela forma de escrever.  A partir de então, fiquei mais dedicada, procurando sempre me aprimorar e me superar, o que estou tentando até hoje.  Os elogios daquela Amada Mestra me alavancaram. Tive sorte com o tema pois falar do que amamos, do que é majestoso, sublime e imponente é mais fácil. Hoje não poderia vaguear poeticamente sobre o assunto, porque apesar do grande amor e do patriotismo exacerbado que há em mim, as coisas por aqui não são assim tão belas. Já se disse: “O Petróleo é nosso.” “O Brasil é o país do futuro.” E esse futuro chegou  com Brasil e brasileiros atolados no caos e o petróleo que devia ser nosso, ilicitamente  vem enchendo os bolsos daqueles que foram eleitos pelo povo e deviam salvaguardar, proteger, defender, os direitos de todos. Atravessamos momentos tempestuosos, de extraordinária agitação quando somos arrastados por uma política recessiva, cheia de atropelos e presenciamos fatigados, miséria, guerras, mentiras, licenciosidades e violência. São escândalos e mais escândalos, denúncias e mais denúncias de corrupção. É estarrecedor o mau exemplo  da maioria dos políticos brasileiros que dizem fazer política e na verdade fazem politicagem. A corrupção alastra-se  desavergonhadamente. A crise antes de tudo é moral e ética.
                  O que se entende por corrupção? Corrupção é o ato ou efeito de se corromper, oferecer algo para obter vantagem em negociata onde se favorece uma pessoa e se prejudica outra.  "Corrupção" vem do latim corruptus, que significa no verdadeiro vernáculo "quebrar e manter o quebrado em pedaços (através da calúnia)". O verbo "corromper" (do latim e grego)  significa "tornar-se podre na calúnia e manter o podre ou caluniado no poder do corrupto e corruptor".  Segundo Calil Simão, é pressuposto necessário para a instalação da corrupção a ausência de interesse ou compromisso com o bem comum. “A corrupção social ou estatal é caracterizada pela incapacidade moral dos cidadãos de assumir compromissos voltados ao bem comum. Os cidadãos são incapazes de fazer coisas que não lhes tragam uma gratificação pessoal”.  
                       É lamentável ver este país imenso e lindo, cheio de riquezas, atolado em dívidas, Estados falidos atrasando pagamentos de servidores, onde os poderosos são riquíssimos e o trabalhador é quase indigente. A classe média cada vez mais empobrecida, conta níqueis no final de cada mês, para umas poucas prioridades. Esta gente sofrida, menosprezada, esquecida, deprimida, estressada, constrói a Nação e sem ela não haveria PÁTRIA.   
                      É para se refletir, o escrito deixado por Ayn Rand, uma judia, fugitiva da revolução russa, escritora, dramaturga, roteirista e filósofa norte-americana de origem judaico-russa, mais conhecida por desenvolver um sistema filosófico chamado de Objetivismo: “Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em autossacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.  Isto é o retrato da atualidade brasileira.
                   Vale recordar “Que País É Este", canção da banda de rock brasileira Legião Urbana,  escrita por Renato Russo em 1978, quando o mesmo ainda pertencia à banda Aborto Elétrico. Porém, ela só foi lançada com o álbum do Legião intitulado “Que País É Este”, de 1987. Em um texto contido no encarte do álbum, a banda explica sobre a canção: “Que país é este” nunca foi gravada porque sempre havia a esperança de que algo iria realmente mudar no país, tornando-se a música então totalmente obsoleta. Isto não aconteceu e ainda é possível se fazer a mesma pergunta do título nos dias atuais. A música atingiu a posição nº 81 da lista “As 100 Maiores Músicas Brasileiras” da Revista Rolling Stone Brasil. Em 1987, ela foi a música nacional mais tocada no ano. Se incluirmos as músicas internacionais, ela foi a 2ª música mais tocada, atrás apenas de Livin' on a Prayer, de Bon Jovi. Na década de 1980, o jovem e saudoso poeta Cazuza já evidenciava as mazelas do nosso país e suplicava em uma de suas músicas: “Brasil, mostra a tua cara”. E afirmava: Grande Pátria/  Desimportante/ Em nenhum instante/ Eu vou te trair/ Não, vou te trair...”  É triste constatar que o país apresentado pelo cantor não é diferente do Brasil de hoje.
                 Faltam poucos dias para o início das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Pesquisas mostram que metade dos brasileiros é contrária à realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Brasil. Isto teria que ter sido visto muito antes, lá atrás. Agora é realidade e pronto.  O Rio de Janeiro continua lindo, mas no momento enfrenta vários problemas que afetam diretamente a saúde, a educação e a segurança. O governador em exercício,  decretou estado de calamidade pública no Estado, em razão da grave situação financeira e os salários dos servidores públicos estão atrasados.  Uma enorme corrente de notícias negativas tem atingido o País, o Estado e a Cidade Maravilhosa, como  a zika,  a violência, o avanço descontrolado da criminalidade, assalto a turistas, além de suspeita de terrorismo.  A realidade é dura e constrangedora, mas a cidade anfitriã dos jogos terá a segurança reforçada pelas tropas nacionais e pelo sistema de inteligência. O carioca sabe fazer bonito e será certamente uma bela FESTA. Deus Nosso Senhor proteja e abençoe para que seja esplendorosa e bela dentro da mais perfeita ordem.
                   A sorte pode estar nas mãos e nas ações do povo brasileiro que com seu voto poderá fazer a diferença elegendo candidatos sérios que possam governar com respeito, moral, ética e transparência transformando o Brasil na Pátria Livre, Amada e Feliz com que todos sonhamos . Que nossos pósteros possam,  como eu na juventude, encantar seus mestres  com belos, maviosos e poéticos textos discorrendo sobre o Brasil livre dos grilhões que o estão forjando.
 

domingo, 10 de julho de 2016

E ELA SE FOI (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 30 de junho de 2016)

E ELA SE FOI
                                                                                         Vera Maria Viana Borges
“Não temos aqui morada permanente, mas andamos procurando a do futuro.” (Hebreus 13:14)  Buscamos o que há de vir. Há um Provérbio Aborígine que diz: “Somos todos visitantes deste tempo, deste lugar. Estamos só de passagem. O nosso objetivo é observar, crescer, amar. E depois vamos para casa”. Nas memoráveis palavras da ÚLTIMA CEIA, Jesus nos assegura: “Vou adiante para vos preparar um lugar”. Esta certeza nos conforta, mas apesar da nossa Fé, não estamos preparados para a separação de nossos entes queridos. É uma dor cruel, pungente e lancinante. Dói demais. É de cortar o coração.
Embora difícil de aceitar, é o que existe de mais certo. Quando o indivíduo nasce, ele já entra na grande fila com destino à Pátria Celeste. Somos migrantes, caminhamos ao encontro do PAI, somos Cidadãos do Céu e estamos aqui apenas de passagem. Nossa vida e nossos corpos são provisórios e em tempo certo deixarão para trás esta vida em busca da Morada Eterna. 
Estava apenas com um ano e três meses, quando Deus me presenteou com uma bonequinha de carne e osso, que sorria, chorava e recebeu o nome de Sílvia Márcia. Não demorou, interagia com todos. Bricávamos muito e nunca brigamos. Numa noite, ainda éramos muito pequeninas, após o jantar ela foi pular corda e sentiu-se mal e enquanto era socorrida por mamãe e alguns vizinhos,  eu sofri muito, tive medo que lhe acontecesse o pior. Senti uma sensação terrível, de perda. Nunca esqueci aquele episódio. Vivemos por toda vida, muitíssimo bem. Com o falecimento de nossa amada mãe, além de irmã ela se transformou para mim num misto de mãe e filha. E agora, tantos anos após ela se foi, deixando imenso vazio em nossas almas e em nossos corações. E naquele vinte e nove de abril,  a natureza chorou conosco, chovia e fazia frio.
Quando vamos colher um fruto numa árvore, sempre escolhemos o mais bonito, ou o mais maduro. Assim Deus faz conosco, quando estamos prontos Ele nos colhe e nos acolhe em seu REINO. Acompanhei de perto o sofrimento e o seu derradeiro momento. Aos pés da cama eu recitava em voz alta o rosário percebendo que sua respiração diminuia lentamente. A enfermeira fechou-lhe os olhos e eu terminei a oração, envolvida certamente pela Misericórdia Divina. Alma e coração despedaçados. Desolada, fiquei como se em pleno voo me arrancassem uma das asas. Momento terrível e atroz. 
                            Ela cumpriu a sua missão. Casada com José Roberto da Silva Nery, teve duas filhas. A primogênita, Roberta, deu-lhe dois netinhos, João Pedro e Maria Clara. Da mais nova, Clarissa, ela não chegou a conhecer o netinho Bento que nasceu vinte e cinco dias após o seu falecimento. 
Professora dedicada, artista plástica e artesã. Tinha mãos de fada, tudo o que tocava se transformava e encantava. Mulher de princípios, esposa admirável, mãe sensível e avó solícita. Prudente, sábia, humana e muito modesta. Foi esposa, mãe, irmã, cunhada, tia, amiga, vizinha, madrinha, patroa, quase angelical. Na brandura do seu olhar e na ternura do seu sorriso estava a imagem de sua alma generosa e boa. Uma guerreira! Com coragem e dignidade enfrentou os mais dolorosos tratamentos. Sua FÉ era inabalável, viva e grandiosa. Temente a Deus, fervorosa, fiel devota e caridosa. No jardim de sua residência, a Virgem de Fátima em mármore sobre uma arvorezinha  era coroada constantemente em Celebração com os seus amados vizinhos e familiares. Recitava de cor várias passagens da Bíblia. Nas Campanhas da Fraternidade e nos Novenários do Natal era assídua e os encerramentos sempre realizados em sua casa, quando confraternizava com vizinhos e amigos. Foi exemplo, o protótipo do bem e do bom. Deixou-nos um legado de incomensurável importância.
Havia tão grande sintonia em nossas almas e em nossos corações que parecíamos gêmeas e devido a tal sentimento escrevi-lhe um acróstico intitulado “Almas Gêmeas” : “Se sente algo, também sinto,/ Invade-me a alma o sentimento,/ Livre de preconceito, não minto./ Você sorri, desmancho em riso./ Instante após, se chora,/Aperta-me o peito, sinceramente.// Mana adorada, parte de minha vida,/ Amável, sincera em todos os momentos,/ Rainha, mãe, meiga, perdoa-me sempre as falhas,/ Carinhosa, perfeita, terna, querida./ Instala-me a certeza de que somos/ Almas gêmeas, dos mesmos pais, de barrigada diferente.” Dediquei-lhe também um Soneto intitulado “SÍLVIA MÁRCIA”: “Da selva tem a brisa aconchegante,/ Amiga, amável, doce conselheira,/  De Deus trazendo o traço edificante/ Projeta muito amor com sua maneira.// Guerreira, marcial, forte e constante,/ Uma FADA que guarda a prole inteira,/ Na promoção do bem ao semelhante/ É luz, raio de sol, é companheira.// Presença que nos traz o céu ao chão,/ Cumprindo sabiamente o seu mister,/ Uma SANTA prostrada em oração.// Doçura angelical, foi sempre assim,/ Divina criatura, flor mulher/ Com ombros de almofada de cetim.” 
Alguns dias depois fui ao Cemitério, enquanto lá rezava o terço olhava somente para o túmulo, lúgrube e triste. Suspirando olhei para o alto. Baixando o olhar senti, ela não está aqui é lá em cima que ela se encontra. Parei de focar na sepultura e olhei para o céu que estava muito azul, com brancas nuvens de algodão onde sobrevoavam jubilosos e contentes pássaros. Numa árvore próxima, maritacas em algazarra faziam festa, com  aquele canto costumeiro que ouvíamos de sua varanda nas árvores vizinhas em minhas constantes visitas.  Supus-me um pouco aliviada. Ainda estou me recompondo. O que importa agora é rezar e pedir por sua alma, para que ela descanse em paz, seguir os seus bons exemplos e recordar os momentos bonitos que tivemos o privilégio de viver com ela que  foi para mim e para todos os da nossa família, uma presença marcante, feliz e repleta de  virtudes  que contagiavam e transmitiam bondade e segurança.
                              Seremos eternamente agradecidos a toda a equipe médica, às dedicadas enfermeiras, aos vizinhos, amigos e familiares, pelas orações, pelas mensagens de carinho e pelo apoio em tão delicado e doloroso momento.
Que Deus Nosso Senhor a tenha em Seu Reino de Glórias e de Luz, “in aeternum.!
“Requiescat in pace”!

segunda-feira, 27 de junho de 2016

JUNHO DE TANTAS FESTAS ( Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE - 31 de maio de 2016)

JUNHO DE TANTAS FESTAS
                                                                                                  Vera Maria Viana Borges
            O outono chegou disfarçado de verão e só agora no final de maio a temperatura está mais amena. Quanto frio fazia nos “maios” de outrora! Este friozinho me aguçou uma saudade de tempos idos e  no capricho da imaginação adentrei naqueles “junhos” de tantas festas.
           No solstício do inverno, época que o Sol atinge o ponto mais distante do Equador, realizam-se as festas juninas em honra a Santo Antônio, São João e São Pedro. São elas por excelência coloridas, alegres, ornamentadas com arcos de bambus, folhas de bananeira, bandeirinhas, luzes, lanternas multicoloridas que embelezam o ambiente, animadas por “arrasta-pés”, por belíssimas “quadrilhas” engalanadas pelos babados das rodadas saias que acrescentam um toque romântico e mágico levando os cavalheiros se curvarem para tirar os chapéus de palha às belas damas, ao som de melodias executadas por exímios sanfoneiros e violeiros com desafio de cantadores, iluminadas por fogos de artifícios que projetam “lágrimas” das mais diversas cores, acompanhados de bombinhas, de rojões que  ecoam ao longe, de rodinhas, estrelinhas, busca-pés que as crianças soltam ao redor das tradicionais fogueiras que clareiam e aquecem. Os jovens, esses preferem tirar as sortes. Ver com quem vão se casar.
                Nessas tradicionais noites de céu estrelado, são consumidas as mais deliciosas guloseimas: a batata-doce e a mandioca assadas, chamuscadas nas brasas das fogueiras, os pés de moleque, as broas, doce de coco, de abóbora, de mamão, bebendo-se principalmente o “quentão” preparado com a bebida da terra, a cachaça, aguardente de cana a que se mistura gengibre ou frutas.
                     Bons tempos! Tempos que se vão longe... Suaves reminiscências! Doces lembranças!
                         Deixemos que aflore em nós a alma da criança pura e boa que viveu momentos simples, mas, que deixaram profundas marcas. Possamos nos dar uma chance, apesar dos atropelos da vida moderna, a nós, às crianças e aos jovens deste nosso torrão, com a oportunidade de se promover eventos simples, cheios de encanto, do rico folclore brasileiro. Infelizmente, hoje, não há coisas ingênuas e infantis como essa. Coisas verdadeiramente puras e imensamente belas, que nos fornecerão uma boa dose de bom humor, ajudando-nos a enfrentar os cada vez maiores problemas que surgem no dia a dia. 
         Sem soltar balões que são extremamente perigosos, soltemos nossos corações e festejemos os “Santos de Junho” nas mais divertidas e gostosas festas juninas. No dia 12 de junho comemora-se o Dia dos Namorados, data muito significativa para todos os que amam em plenitude. E, por falar em amor, deixo a seguir para o deleite dos leitores o meu soneto “ENAMORADOS”: “Teus olhos em meus olhos fixados, / Iluminam minha alma sutilmente./ Com as centelhas do olhar, os bens sonhados/ Afloram em meu ser ardentemente.// Tuas mãos em minhas mãos! Enamorados.../ O anseio da paixão surge fluente,/ Tecemos sonhos róseos, perfumados,/ Só o luar sendo nosso confidente.// Este sorriso que te enfeita a face,/ Que me fascina e que me deixa louca,/ Fez com que em mim o amor desabrochasse.// Inebriante, mais que o vinho, é o ensejo,/ De tua boca molhada em minha boca,/ Selando o nosso amor com um grande beijo.”
                     A obra de William Shakespeare, grande dramaturgo e poeta inglês, cheia de poesia, Midsummer night’s dream (Sonho de uma noite de verão), aborda antigo costume típico dos países do centro e do norte europeu, onde o verão começa em junho, sendo a noite de 23 a mais curta do ano. À tarde, as pessoas se dirigem aos bosques para comemorar a chegada da nova estação, quando fazem brincadeiras, dançam, acendem fogueiras, comem, conversam, aguardando o nascer do SOL.
                   Os ares de junho revolvem-me sentimentos adoráveis. Somente uma lembrança saudosa me resta, e é tão bom recordar com amor, com saudade, com ternura esses fatos jamais apagáveis da memória e do coração. 13 de junho! Festa magna de Santo Antônio de Pádua-RJ, terra que aprendi a amar em delicioso aprendizado, no colóquio diário, quando lá residi (1970-1974) onde tive a grata ventura de conceber e dar à luz o meu único, dileto e adorado filho. Lá conquistei muitas amizades. Terra boa e altaneira, de gente nobre e amiga, nascida sob os signos da flecha e da cruz, às margens do rio Pomba, onde no início do século XIX, o frade Antônio Martins Vieira construiu uma capela a Santo Antônio e catequizou os aguerridos puris e coroados. A localidade prosperou, prosperou muito. Tem na agricultura e na fabricação de papel as suas principais atividades. Estância hidromineral, explorando sua fonte de água iodetada, rara e indicada para tratamento do sistema cardiovascular. Curvo-me a esta querida “altiva terra-mãe do filho meu”. A ela declaro todo o meu amor através do soneto que lhe dedico - “SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA”: “Amando-te, venero-te! À distância,/ Procuro contemplar tua beleza./ O Pomba a deslizar com elegância,/ Sob a luz do luar, todinha acesa.//  Das águas minerais a bela estância,/ No parque banha a fonte, a realeza,/ Do sol claro com toda a rutilância./ És tu Pádua, o primor da natureza!// Altiva terra-mãe do filho meu,/ Nestas plagas viu ele a luz primeira,/ Deu os primeiros passos no chão teu.// Ninho de paz, de amor em profusão,/ A tua gente boa e companheira,/ De Santo Antônio tem a proteção.”

segunda-feira, 13 de junho de 2016

ELES CAMINHARAM JUNTOS (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 30 de abril de 2016)

ELES CAMINHARAM JUNTOS
                                                                                         Vera Maria Viana Borges

               Passados quase setenta anos, “O NORTE FLUMINENSE” continua firme, ultrapassando fronteiras, construindo a HISTÓRIA de nossa terra, de nossa gente, registrando no repositório fiel da memória o seu passado de glória. Jornal independente, sentinela avançada, pulmões, olhos, e voz do norte do Estado do Rio de Janeiro e sul do Estado do Espírito Santo.
                      Louvores ao dinâmico diretor e redator responsável, Jornalista Ésio Martins Bastos, que com seriedade comandou os seus destinos desde a fundação. As histórias do Jornal e do emérito jornalista se confundem e  nada mais justa e merecida a consagração de Ésio Martins Bastos, nome digno de respeito e admiração, baluarte da imprensa bonjesuense, que no Natal de 1946 ao lançar seu primeiro número expressou: “Iniciamos, assim, a nossa jornada como o excelso filho de Maria, com o coração despido de prevenções e malquerenças; um grande ideal a inundar a nossa alma, o de bem servir. Mas, como o grande Nazareno, saberemos fustigar os vendilhões do templo, porquanto, jamais, mercê de Deus, macularemos a nossa dignidade mercadejando a nossa pena. Poderemos errar, mas prevaricar, nunca! Poderá faltar à roupagem dos nossos argumentos as filigranas das culturas privilegiadas mas jamais faltará o calor vivificante da sinceridade.”  Por 57 anos, Ésio Bastos foi seu diretor e redator. Após seu falecimento no dia 24 de agosto de 2003, assumiu o seu irmão, Luciano Augusto Bastos. E ei-lo digno, íntegro e VITORIOSO, sob a direção de Gino Martins Borges Bastos.
                         Logo que fui alfabetizada, encantada com as palavras, soletrava em suas páginas. Ali conheci poetas e trovadores. Ésio no precioso jornal disseminava CULTURA. Além de proporcionar as informações da História política, econômica, administrativa e social do Vale do Itabapoana,  ainda trazia na medida certa  a cultura e o sentimento artístico da nossa gente. Na coluna “Sociais”, conheci os mais belos sonetos de  célebres autores e as mais expressivas trovas e entre estas estavam sempre as de Colombina, de Maria Thereza Cavalheiro e Amaryllis Schloenbach que ainda hoje enriquecem com seus talentos a referida coluna.
                       Cresci e segui as trilhas da poesia. Tornei-me amiga correspondente de Maria Thereza que é sobrinha-neta de Colombina e prima de Amaryllis. Quanta honra, o convívio com as magistrais poetisas que me fizeram sonhar e  me deleitaram com tão lindos e bem elaborados versos.  Na correspondência, muita suavidade, leveza, e ternura. Transcrevo algumas de suas valiosas joias que enternecem o meu coração e me enlevam a alma. 
                       De Maria Thereza: “É uma festa quando chega o "Astros & Estros"! E, desta vez, a festa veio duas vezes em dobro, com os números de Janeiro a dezembro/2000! Já estava sentindo muita falta do seu primoroso informativo poético, onde esplendem também seus próprios versos, como esse lindo "Deixe Cristo Renascer!"
                     Obrigada pela constante atenção, pela amável publicação de minhas trovas, crônica e carta... sempre a enaltecer a palavra dos seus correspondentes amigos! E a pregar o amor, a irmandade, exaltando a Oração de São Francisco de Assis, e usando da poesia para esse fim. Como diz em seu soneto "Rumo a Milênios de Paz", que Deus a ouça, e "encha de luz caminhos obscuros, / semeie em nós: PAZ, FÉ, FRATERNIDADE"!
                    Mando-lhe "O Radar" de dezembro último, com bela trova  sua em nossa coluna natalina. Continuo aguardando suas trovas, e será um prazer tê-la também como participante da coluna, com um depoimento sobre a trova, e, se quiser, também sobre a inspiração. Junte foto e dados biobibliográficos.
                       Que este Ano Novo seja para a querida Amiga cheio de alegria e realizações!”
                       De Amaryllis: “Amável Vera Maria
                Muito obrigada pela publicação de trovas minhas em "Astros & Estros"  números 24 e 26! Você sempre generosa e amiga, com uma palavra de afeto para todos, o que a diferencia neste mundo de tanta violência!
            Grata também pelo envio do seu "Boletim Alternativo", de janeiro a dezembro/2000. Estou a me deleitar com versos tão bem escolhidos, em especial com os nascidos de sua própria inspiração.
                         Como você, formulo votos para que Deus conduza a Humanidade "RUMO A MILÊNIOS DE PAZ"!”
                      Guardo com carinho todo o material recebido destas diletas amigas e de outros escritores e poetas de todo o Brasil e também de alguns do exterior.
                        Em “ASTROS & ESTROS”, julho de 1997, publiquei sobre Maria  Thereza: CAVALHEIRO,  A  DAMA  DA  POESIA.  A magistral dama da poesia tem Cavalheiro em seu nome. Sobrinha-neta da saudosa Colombina, sonhadora, ecologista nata, apaixonada  pela poesia, dedica-se ao culto da palavra para o engrandecimento de Deus e o aprimoramento do ser humano. A  escritora, poeta, advogada  e jornalista de grande valor, militante de importantes jornais e revistas de São Paulo, em “ O RADAR”-Apucarana-PR, divulga a TROVA e TROVADORES.
                       Como marco do início de sua carreira literária, o texto poético “Quero Amar”, dedicado ao primeiro namorado:“Eu quero que alguém  me ame,/ muito amada quero ser./ Desde o dia em que te vi,/ um grande amor quero ter.”/, publicado na “Folha Paulista” em janeiro de 1947.
                     Eclética, Maria Thereza Cavalheiro, é autora de “Antologia Brasileira da Árvore”, “Segredos do Bom Trovar”, de vários outros livros publicados e outros tantos  na gaveta e  de inúmeros poemas, sonetos, trovas, contos e crônicas. Em pequenas doses, nas Trovas, tem a difusão de suas grandes ideias. Afirma que: “Trova  é o instante que passa/ mas fica  n'alma da gente;/ exige estado de graça/ por  um minuto somente!”
                          Neste JUBILEU, rogamos para que Deus o “Maior dos Trovadores” cumule de bênçãos a dama  que magistralmente tem realizado este trabalho incontestavelmente grandioso e possa continuá-lo no gozo de muita saúde e muita paz! 
                  Em dezembro deste ano de 2016, os setenta anos de “O NORTE FLUMINENSE” e em janeiro de 2017 os setenta anos da carreira literária de  MARIA THEREZA CAVALHEIRO. Eles caminharam juntos. VAMOS COMEMORAR!!!

BOM JESUS EM OBRA DE AFRÂNIO COUTINHO (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE - 31 de março de 2016)

BOM JESUS EM OBRA DE AFRÂNIO COUTINHO
                                                                                               Vera Maria Viana Borges
   
                            Ao longo de minha trajetória sempre cultivei uma paixão exacerbada por livros. Não são os livros alimento para o espírito? Pelo que se podia ler à entrada da “Biblioteca de Menfis” (2000 anos Antes de Cristo) -“REMÉDIO DA ALMA”, conclui-se, que a leitura além de alimento é remédio para o espírito.
                              Melhor maneira de se difundir conhecimentos, para o contato direto com o Saber e com a Ciência e de nos familiarizarmos com Homero, Cervantes, Rui Barbosa, Padre Antônio Vieira, Machado de Assis, Érico Veríssimo, Josué Montello, Jorge Amado e tantos outros cultores da Literatura. Os gregos e romanos compreenderam bem isto e não é pois de se admirar que esses povos tenham produzido tanto no campo das letras e das artes. Por meio deles entra-se em contato com as mais sublimes criações, da Poesia, da Prosa, da História e da Ciência.
                            Lembranças da juventude! Recordações de tempo saudável e gostoso! O acendrado amor às letras, cultivado desde cedo, pois aos oito anos já rascunhava os versinhos da lembrança de minha Primeira Comunhão, fez com que aos quinze anos me aproximasse de exemplar, nobre, simpático, idôneo e autêntico casal de PROFESSORES, daqueles que se grafa mesmo com maiúsculas- NILCINEIA e VERO. Ainda os encontro vez ou outra nas ruas de nossa Bom Jesus. Conheci o ilustre casal no COLÉGIO ZÉLIA GISNER. Guardo, ainda, na memória do coração, lembranças daquele companheirismo e dessa amizade que continua viva, apesar da distância que nos separa. Gozo felizmente do convívio pressuroso do seu primogênito Védio Fernandes Baptista e demais familiares.
                       Vero Baptista Azevedo, aficionado por livros, possuidor de vasta, interessante e organizada biblioteca, bom esposo, pai dedicado, filho extremoso, amigo solícito, cidadão íntegro, prudente, sábio, de inteligência peregrina, modesto, campista da melhor cepa, orgulho de seus conterrâneos e que sem nenhum favor o será dos pósteros.
                              Menino simples, de origem humilde, teve como grande incentivador um irmão, proprietário de açougues que lhe empregara, oferecendo-lhe horário especial e obrigações mais leves para que pudesse estudar. E ele dividia o tempo: assíduo ao trabalho, frequentava com não menor assiduidade o Colégio Batista e posteriormente o Liceu de Humanidades de Campos. Sua diversão era ler e estudar. Ao receber a pequena quantia no final de cada mês, deixava de ir ao cinema ou de fazer qualquer tipo de extravagância e se abstinha até mesmo do necessário para a aquisição de livros, que eram lidos e relidos na íntegra a não ser aqueles destinados a pesquisa. A extraordinária Biblioteca ainda continua crescendo, contando hoje com aproximadamente 15.000 volumes, com obras completas de Direito, História, Geografia e Literatura principalmente Clássica, com livros em espanhol, inglês, francês e alemão. Consumidor voraz, frequentador assíduo de “SEBOS”, principalmente os da Avenida Central e da Rua São José, no Rio de Janeiro. É vero que a finalidade maior de Vero Baptista de Azevedo sempre foi a leitura e o estudo.
                              A generosidade do MECENAS fê-lo paciente a ponto de dar atenção aos meus rabiscos e levá-los a Campos onde tive em 1960 as primeiras publicações no Jornal “A Cidade”, coluna do Professor e Poeta Walter Siqueira. Amigo de muitos de nossos brilhantes concidadãos, entre os quais se incluía Afrânio Coutinho, então Catedrático de Literatura do Colégio Pedro II (Rio de Janeiro) de quem publicamos a seguir, na íntegra, carta que lhe fora endereçada.
                    Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1959.
                    Ilmº. Sr. Vero Baptista de Azevedo
                Com grande satisfação informo-lhe que estou trabalhando na confecção de um livro, com o título Brasil e Brasileiros de Hoje, que conterá nomes e biografias de todos aqueles que, com suas atividades, estão promovendo, em grande escala, o desenvolvimento do Brasil.
                   Sua atuação no terreno cultural, revelando-se das mais proveitosas, tem imposto o seu nome ao respeito de seus patrícios.
                   Assim, a sua biografia se torna imprescindível na presente obra, motivo por que ficaria muito grato, se V. S. nos devolvesse, devidamente preenchido e assinado, o questionário anexo, acompanhado de seu retrato autografado.
                O questionário original, depois de seu aproveitamento para o livro, e a fotografia, serão arquivados, para a posteridade, no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro.
                  Desejo esclarecer que, ao fornecer esses dados, os biografados não ficam com obrigação alguma.
                      Agradecendo-lhe antecipadamente a colaboração, firmo-me 
Patrício e admirador
(a) Afrânio Coutinho
                E sob a direção de Afrânio Coutinho, no ano de 1961, por “Editorial Sul América S.A.” o Volume I de “Brasil e Brasileiros de Hoje” veio preencher a falta de um dicionário atualizado de biografias de brasileiros contemporâneos partícipes do desenvolvimento do Brasil, constando à página 119, verbete do nosso ilustre e querido amigo: “AZEVEDO, Vero Baptista de. Professor. Campos, RJ, 10 dez. 1929. Pais: Antônio Baptista de Souza e Alice de Azevedo Baptista. Cas.: Nilcinéa Fernandes Baptista. Filhos: Védio, Vilcinéa, Vanda. Inst.: Sec. Carreira: Prof. sec.; jornalista; func. autárquico. Membro: Acad. Pedralva, Campos RJ. Obras: Artigos publicados em jornais. Endereço de residência: Aristides Figueiredo, 19. Bom Jesus do Itabapoana, RJ.”
             Após a publicação do referido verbete, nasceu-lhe mais um filho, Vero Fernandes Baptista e bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Campos.
           No serviço público começou fazendo Serviços Gerais e através de Concursos foi alcançando melhores posições chegando a Fiscal do INPS e finalmente a “Juiz” do CRPS.
              Deixou inscrita de forma inapagável sua passagem por Bom Jesus, durante a qual se exercitou continuamente na prática de atos de amor e de benquerença.
                Assim sendo, nos idos de 1961 a nossa amada cidade pôde constar na notável obra de Afrânio Coutinho.

ENVELHECENDO (PUBLICADO NO JORNAL "O NORTE FLUMINENSE" - 29 de fevereiro de 2016)

ENVELHECENDO
                                                                                              Vera Maria Viana Borges
 
                                    Velho? Velho não. Idoso. Tudo a mesma coisa, velho e idoso são sinônimos, assim diz o dicionário. Para suavizar há quem diga IDOSO, assim como para obeso se diz FORTE, para grosseiro é usado ESPONTÂNEO. Não é uma questão de sentido da palavra e sim de preconceito. A palavra velho é rejeitada porque está contaminada do descaso com que são tratadas as pessoas quando se referem a elas: OS VELHOS. Pensando bem se olharmos o sentido ao pé da letra vamos constatar que velho é de época remota, antigo, desusado, antiquado, obsoleto. Ai, é de doer! Verdade que já não se tem a mesma força produtiva e consumista da juventude, mas não se pode chegar a rotulá-los como desusados, antiquados e obsoletos. Os estragos da idade são inevitáveis. Alimentação inadequada, estresse, sedentarismo, álcool, drogas, fumo e até as condições climáticas  aceleram o envelhecimento. Tão ruim quanto viver menos, é viver mal : a memória falha, a estatura encolhe, a pele resseca, a gordura aumenta, os músculos enfraquecem, os reflexos diminuem, o coração cansa, os pulmões enrijecem. Feliz daquele que chega com saúde aos melhores anos, repleto de sabedoria adquirida ao longo do tempo bem vivido. A fluidez do tempo conduz sem distinção pessoas de todas as raças e de todas as classes ao envelhecimento. Começamos a envelhecer no momento em que nascemos. Por que discriminar se todos indistintamente, chegaremos lá? Só não fica velho quem morre cedo. Estamos no mesmo barco. Assim caminha a humanidade. Prova desta sequência são os interessantes versos da música “Velhos e Jovens” da cantora Adriana Calcanhotto : “Antes de mim vieram os velhos/ Os jovens vieram depois de mim/ E estamos todos aqui/ No meio do caminho dessa vida/ Vinda antes de nós/ E estamos todos a sós/ No meio do caminho dessa vida/ E estamos todos no meio/ Quem chegou e quem faz tempo que veio/ Ninguém no início ou no fim/ Antes de mim/ Vieram os velhos/ Os jovens vieram depois de mim/ E estamos todos aí.”
                    A Fonte da Juventude existe? Na corrida pela vida a preocupação com a longevidade deixou em segundo plano o interesse pela qualidade. O importante é viver bem. O melhor é dar mais vida aos anos do que simplesmente dar mais anos de vida.  A alma não tem idade. A mente jamais envelhece, a não ser que se permita. Não é minha intenção fazer apologia ao rejuvenescimento, não se trata de se submeter a tratamentos em clínica luxuosas que prometem apagar os sinais da idade como se passassem uma borracha nos vincos da pele. Claro que se deve manter uma aparência agradável  e saudável. A higiene pessoal, os cuidados com a pele , com os cabelos e com a saúde têm que ser mantidos, pois quem não se ama, por si se enjeita. Cada ruga e cada sinal são LUZES, são sinais de SABEDORIA, são marcas registradas pelo tempo que proporcionaram os SABERES que marcam a vitória. Jamais prefira o transitório ao eterno, nem prefira a beleza à sabedoria.
                         Parar de trabalhar é começar a morrer.  Aposentar?  O pré-aposentado sabe que em futuro bem próximo desfrutará de um “status” bem diferente daquele que costumava ter durante todo  o tempo que esteve trabalhando e teme provavelmente, com muita razão, que dos novos papéis lhe advenham situações menores. A possibilidade de afastamento dos colegas de trabalho, muitas vezes transformados em amigos pessoais, gera uma natural apreensão. E o medo da solidão e da dificuldade financeira? Claro, temos direito à aposentadoria, o que não se deve é acomodar no sofá e só colecionar dores. Há uma infinidade de coisas a serem feitas. Prevenir é o melhor remédio. Enquanto na ativa devemos manter os objetivos, as pretensões, os sonhos e o desejo de sempre aprender coisas novas. As pessoas não entendem que podem prevenir bem cedo a maioria dos males comuns à terceira idade ou “melhor idade” como muitos costumam dizer. Agindo desta forma a oportunidade vai nos encontrar preparados para darmos novo e melhor rumo à nova vida.
                                 A idade biológica não corresponde à idade cronológica. Conheço velhos de vinte anos e jovens de oitenta.  Comparemos pessoas nascidas numa mesma época a carros fabricados no mesmo ano. O carro que foi bem cuidado pelo proprietário terá um desempenho muito maior e melhor do que aquele que sofreu acidentes e não passou por uma boa revisão. Assim, alguém com setenta anos, gozando de perfeita saúde pode perfeitamente sentir-se como se tivesse sessenta, ou quem sabe cinquenta? Mais uma vez a prevenção entra em evidência. Nosso mal é acreditar que o envelhecimento só começa quando pode ser visto no espelho. Uma enxurrada de experiências e fascinantes descobertas entusiasmam velhos e JOVENS. O jogo da longevidade começa a ser decidido na adolescência. A longevidade é algo que se ganha desde cedo. “Tu és o arquiteto do teu próprio destino. Trabalha, espera e ousa.” Wilcox
                               Há um provérbio chinês que diz: “O segredo da longevidade é comer a metade, andar o dobro e rir o triplo.” Machado de Assis em suas obras há mais de cem anos referia-se ao velho de cinquenta anos, hoje, homens de oitenta, noventa e alguns com até mais anos dançam e praticam esporte. Aquela imagem de velho de pijama sentado na cadeira de balanço, sem andar, sem fazer qualquer esforço, sem ir à padaria,  já passou, graças a Deus.
                                  A auto-estima tem que estar sempre em alta. Assim sendo, pessoas que têm objetivos, que correm atrás de seus sonhos, que têm desejo de aprender algo e seguem projetos e expectativas, que gostam de si mesmas e dos demais, terão com certeza um envelhecimento muito mais saudável e independente.
                                 Que a juventude do nosso espírito ilumine o nosso corpo, tenha ele a idade que tiver. Vamos agitar as massas. Vamos em frente que atrás vem gente. Como canta a Adriana Calcanhoto: “Antes de mim vieram os velhos/ Os jovens vieram depois de mim/ E estamos todos aqui/ No meio do caminho dessa vida/...  E estamos todos no meio/ Quem chegou e quem faz tempo que veio/ Ninguém no início ou no fim/ Antes de mim/ Vieram os velhos/ Os jovens vieram depois de mim/ E estamos todos aí.”