segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

VIVER COM FÉ e AMOR - FELIZ 2013!


QUE CRISTO POSSA RENASCER EM CADA CORAÇÃO (Publicado no "O NORTE FLUMINENSE" - 14/12/2012)




QUE CRISTO POSSA RENASCER EM CADA CORAÇÃO
                                                                                                  Vera Maria Viana Borges

Foi-se o tempo das cadeiras nas calçadas! A pressa, a correria da vida moderna escraviza e o homem escravo do relógio vive um mundo louco, cheio de contradições e continua emocionalmente imaturo frente ao vertiginoso avanço tecnológico. Corre-se contra o tempo em busca de sucesso e as palavras de ordem são Vencer, Fazer Nome, Aparecer, Ser Notícia, Acumular Riquezas... Assim perde-se a rota das estrelas, perde-se a trilha da alma e tudo fica sob tensão, vive-se esticado qual cordas de “VIOLA” que bem apertadas produzem maravilhosas melodias. Mas com nosso corpo é bem diferente, é na calma, na tranquilidade, na paz que melhores resultados serão produzidos. No afã de ultrapassar obstáculos seguidos, acontecem os desajustes, as frustrações e os conflitos. Quando se dá conta passa o tempo sem ser visto. E assim termina mais um ano. Período de muitas festas: Formaturas, Natal e Ano-Novo. Correria com compras, arrumações, ornamentações, confraternizações; momentos eufóricos que vividos atropeladamente quase não são sentidos. Época de planos, de viagens, programas especiais, corre-corre. Muita gente trocando abraços, mensagens, presentes, preparando CEIAS! Gente que se reúne e confraterniza deixando esquecido o ANIVERSARIANTE, Maior Dádiva de Deus. Uma festa comum! Influenciados pelo comércio, caros objetos são comprados. Desaparece rapidamente o dinheiro suado, adquirido na  grande lida do dia a dia, prejudicando prioridades. Parece um período de transição; temos a impressão de estar tentando vencer obstáculos, e afunilando, buscando o fim do túnel na esperança de que do outro lado, com o novo ano, tudo vai se renovar e melhorar.
A cada final de ano a cada um de nós cabe dar um balanço em nossas vidas. Vitórias, derrotas, sucessos, frustrações, alegrias, tristezas e uma busca incessante por felicidade... Descobrimos que a felicidade completa não existe, apenas há gotas de felicidade, momentos felizes aos quais devemos nos agarrar com unhas e dentes, vivendo-os intensamente; se assim o fizermos, o hoje, o agora bem explorado será transformado num ontem bem sucedido, exalando ternas recordações perfumadas de satisfações e o amanhã se traduzirá em expectativas e sonhos, em ESPERANÇA que será capaz de tornar real qualquer desejo. Somente AQUELE SANTO MENINO que nasceu em Belém, compartilhou nosso fardo e semeou em nós a esperança e o gosto de uma vida digna, plena e feliz será capaz de transformar o mundo e ELE mudará nossas vidas se nós O fizermos o Senhor de nossas vidas, e nos será concedida a PAZ, a mais preciosa dádiva, haverá saúde e felicidade em todos os lares e serão plantadas virtudes em nossas almas para que possamos ser bandeirantes da PAZ entre os HOMENS. Assim fortalecidos em CRISTO compreenderemos o valor da HARMONIA e da PAZ e haverá proteção para os fracos, desamparados e vacilantes. Serão valorizadas a liberdade, a justiça e a fraternidade. Só através DAQUELE MENINO acontecerá o MILAGRE da tão sonhada PAZ.
Para que o NOVO ANO seja melhor consideremos nossas reflexões sobre o ANO VELHO, avaliemos os erros e confiantes, com renovadas energias sigamos determinados nos melhores propósitos, com coragem, alegria e otimismo.
É dezembro outra vez! Mês lindo, mês de alegria, de confraternização, de perdão, de presentes, de cartões. Vitrines enfeitadas, tudo fica mais colorido e músicas natalinas ecoam nas residências e em ambientes públicos; as pessoas se tornam mais amáveis, mais descontraídas. Muita coisa vai se transformando em nosso espírito. Na verdade perguntamo-nos pelo sentido de nossa vida, ao ver que a vida vai acontecendo na sucessão dos anos, que nos enobrecem, mas também nos envelhecem. É Tempo de Gratidão. É Tempo de Agradecimento!
Na humildade do estábulo de Belém nasceu o Salvador: o anúncio de seu nascimento veio alegrar Maria, José e os pastores. Esta mensagem toca profundamente o coração da humanidade, porque os anseios fundamentais têm seu fundamento garantido pela presença do próprio Deus entre nós.
“Glória a Deus e paz para seus bem-amados!” os anjos cantaram naquela NOITE SANTA. Sim, pelo Nascimento de Jesus, a Luz Divina do céu resplandeceu sobre a face da terra. A distância entre Deus e os homens foi preenchida de amor e paz.
Que Cristo possa renascer em cada coração e a luz deste Natal ilumine nossas vidas, trazendo paz, compreensão e alegria por todo o novo ano.
FELIZ NATAL e PRÓSPERO ANO NOVO!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

ANOS DOURADOS DA POESIA EM BOM JESUS (Publicado no Jornal O NORTE FLUMINENSE - 14 de novembro de 2012)



ANOS DOURADOS DA POESIA EM BOM JESUS
                                                                                          
Vera Maria Viana Borges
“A vida vale pelo uso que dela fazemos, pelas obras que realizamos. A medida social dos homens está na duração de suas obras, e a imortalidade é privilégio dos que fazem com que essas obras possam sobreviver ao tempo”. Este pensamento de José Ingenieros nos faz refletir sobre os ilustres intelectuais bonjesuenses do passado que não se aquietaram e sobreviveram ao tempo. 
Por volta de 1945, literatos reuniam-se de preferência na Praça Governador Portela, em aprazíveis noites embaixo do Pau-Ferro, na Farmácia Normal e também no “Bar do Noé” de propriedade do Noé Borges do Carmo, antigo “Bar do Otto” onde também Padre Mello em tempos idos fazia suas tertúlias literárias.
Padre Antônio Francisco de Mello foi vigário da Paróquia do Senhor Bom Jesus durante meio século. Uma das maiores culturas que a nossa terra conheceu. Poeta de grande sensibilidade estética, jornalista de escol, cronista invejável, professor, músico, matemático e agrimensor.  Versejava com maestria tanto em português como em latim, língua que dominava com perfeição. Orador sacro de grande eloquência. 
Além de Padre Mello compareciam aos referidos locais: Antônio Dutra, Octacílio de Aquino, José Silva, Athos Fernandes, Romeu Couto, Dr. Delton de Mattos, o então rapazinho Ayrthon Borges Seródio, Oscar de Andrade,  Dr. José Vieira Seródio, Dr. Deusdedith Tinoco de Rezende, Dr. Aurélio Gomes, Osório Carneiro, Antônio Miguel e outros.
Oscar de Andrade chegou a Bom Jesus na década de 40. Grande orador, grande cultura geral, afora a cultura especializada em advocacia. Homem de hábitos morigerados. Não fumava, não bebia, não jogava. Ele nutria pelo jovem Ayrthon um apreço muito especial. Enaltecia-lhe a inteligência e a oratória. Sempre que surgia um tema, pedia que discursasse sobre o mesmo. Oscar dedicou-lhe um artigo de duas laudas datilografadas, iniciando assim: “Dezesseis anos são as flores que lhe enfeitam a vida; se a voz não lhe tremesse nos lábios, certamente seria o maior orador deste país...” Caso Dr. Oscar  hoje aqui estivesse deveria se orgulhar da eloquência que se faz sentir na fala do nosso queridíssimo  poeta Ayrthon Borges Seródio, conspícuo orador do nosso Município.  Oscar de Andrade  criou aqui, um vasto círculo de amigos e admiradores; desempenhou com brilhantismo, vários papéis. Criminalista,  Professor do Colégio Rio Branco, Promotor Substituto de nossa Comarca e ainda emprestou a alma de Jornalista, ao jornal “A VOZ DO POVO” onde foi auxiliar de redação. Conhecedor profundo da Língua Portuguesa e da Literatura Universal. Grande estilista, escrevia com elegância onde impunha um estilo próprio. Versado em Latim e Grego; falava fluentemente o Francês. Grande cultura, grande devoção  à oratória e desempenho literário. De palavra clara, profunda e culta.
Os poetas Ayrthon Borges Seródio, Athos Fernandes e Antônio Miguel sonhavam com uma Academia em nossa cidade e com o respaldo do mecenas campista, o Professor Walter Siqueira, valoroso homem de letras sendo chamado “O Fundador de Academias” por tantas que ele apadrinhou Brasil afora, criaram a ABDL (Academia Bonjesuense de Letras) instalada solenemente aos 04 de dezembro de 1976, enriquecida com os 40 membros efetivos e seus respectivos patronos. Dr. Ayrthon foi o seu  1º Presidente, Athos Fernandes o 1º Vice- Presidente e o notável poeta Antônio Miguel o 1º Secretário.
A ABDL nasceu sob o signo da Poesia Clássica pois os quatro eméritos poetas que a trouxeram a lume são sonetistas de escol, eruditos, possuidores de vasta e ampla cultura. E, já são 35 anos a serviço da Língua Portuguesa. Dando prosseguimento a tão feliz iniciativa, atualmente são muitos os seguidores e inúmeros os sonhadores e entre tantos, eu, uma simples e humilde poeta, mas de grande coração e ainda maior IDEAL, procurando manter viva a chama do SONETO ( poesia Clássica devidamente metrificada e rimada, agrupada em dois quartetos e dois tercetos).
A ACADEMIA que tem como finalidade fomentar a cultura através das atividades de seus integrantes, aglutinando aqueles que se interessarem pela produção literária, procurando ser o centro de referência da cultura, das letras e demais artes, buscando o reconhecimento e respeito da comunidade e o desenvolvimento de atividades culturais, neste ano de 2012, está recebendo com expectativa e carinho, os novos intelectuais, Dr. Gino Martins Borges Bastos, Jailton da Penha, Ademir Azevedo, Victor de Almeida Silveira e Tereza Cristina de Lima Nazareth, que chegam para ilustrar as Letras de Bom Jesus e que futuramente abrirão alas para novos astros e estrelas do cenário cultural de nossa adorável terra, como deverá acontecer sucessivamente... 
“ A poesia lida ou declamada, não perde nunca a sua extraordinária virtude da comunicabilidade que a distingue e a torna querida, dos mais altos espíritos e dos mais humildes e ignorantes ouvintes.” Guimarães Rosa.  
Jamais nos falte a determinação, a coragem, a fé e a esperança e que possamos atingir os objetivos propostos, entre os quais, o engrandecimento da Cultura de Bom Jesus. 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

HINO DO SESQUICENTENÁRIO - Paróquia do Senhor Bom Jesus - Bom Jesus do Itabapoana-RJ


HINO DO SESQUICENTENÁRIO
Paróquia do Senhor Bom Jesus- Bom Jesus do Itabapoana-RJ

                                                                               Vera Maria Viana Borges

                                             Bom Jesus, Deus e Homem, verdadeiro,
                                             Desceu à terra para nos salvar,
                                             Desta Paróquia sendo o Padroeiro,
                                             Graças mil está sempre a derramar.

                                                                 REFRÃO

                                             Salve, Salve, o Sesquicentenário
                                             Da Paróquia do Senhor Bom Jesus,
                                             Salve o Servo do Evangelho, o operário,
                                             Que a mantém plena de FÉ e de LUZ.

                                             Comemorando o seu aniversário
                                             Neste Bendito Ano jubilar,
                                             Fiéis devotos junto ao Campanário
                                             Presenciam EXCELSA LUZ brilhar.

                                             Fique sempre retida na memória
                                             A grande festa feita com fervor
                                             Ao GRANDE REI que guia a trajetória,
                                             Jesus Cristo, o Mestre, o Senhor.

                                             Jubilosa Paróquia és o Sacrário
                                             Que dá abrigo ao nosso Redentor.
                                             És guardiã e feliz relicário!
                                             Ao Bom Deus, o louvor, por seu valor. 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

MÃOS ( O NORTE FLUMINENSE 14/10/2012 )



MÃOS
                                                                               Vera Maria Viana Borges

Dia desses, após as orações da noite, apaguei a luz, aconcheguei-me, rolei para lá e para cá e nada de sono. Veio-me então à mente o medo que tinha da escuridão naquelas frias noites da minha infância em Rosal. A prosa era sempre a mesma, assombração e vários mistérios da vila. Minha mãe fazia serão bordando a máquina e enquanto ela bordava a luz permanecia acesa o que para mim era extraordinário. Muitas vezes eu me levantava e observava aquelas alvas e firmes mãos conduzindo o bastidor que girava e girava executando uma perfeita dança, uma coreografia ritmada sob a agulha que formava encantáveis crivos, richelieus, matizes, aplicações e bordados de cordonê e ponto cheio. O resultado era algo surpreendente tal a beleza das peças elaboradas.Nas minhas reminiscências percebi o desempenho das mãos de mamãe também no bordado a mão, nos desenhos, na culinária e muitas e muitas outras coisas pois ela fazia de tudo em casa e com muita perfeição. Apreciando as mãos de minha irmã Sílvia Márcia, vejo muito nelas o talento de nossa genitora, tudo que elas tocam é transformado, há harmonia e beleza nos trabalhos que realiza. Sem delongas comecei a admirar  e refletir sobre outras mãos. Voltei à Escola Primária, deparei-me com as mãos de D. Julieta Roseira que nos ensinou os pontos básicos de bordado. No Colégio Zélia Gisner, as mãos de fada de D. Odete Tavares Borges (D. Niniu). Ambas excelentes professoras, tão exigentes quanto carinhosas. No final de cada ano apresentavam belas e requintadas exposições. 
A maravilhosa arte de bordar de D. Niniu foi transferida para suas filhas Leny Borges Bastos e Ercília Borges do Carmo. No meu viajar por habilidosas mãos deparei-me com D. Geninha, esposa do Senhor Santinho Tavares e a graciosidade e beleza de sua obra que foi assimilada por Celise Tavares Xavier , esposa do Senhor Luiz dos Santos Xavier, o primeiro gerente do BANERJ em Bom Jesus cuja agência foi inaugurada no dia 15 de agosto de 1968. Bordadeira de mão cheia, Celize vive num universo de novelos e linhas, cores e texturas, tendo o privilégio de ver na sua filha Sílvia Xavier Borges, a criatividade em vários segmentos. Silvinha da Garnier  paira num estado permanente de delicadeza onde são compartilhadas emoções e vivência enquanto as mãos produzem expressando sentimentos quer no artesanato, no piano, no violão ou no acordeon que chora a CHALANA, composta em 1954 por Mário Zan e Arlindo Pinto, interpretada por Almir Sater e “vai navegando no remanso do rio Paraguai”. Evidentemente sentimos uma ligação do passado com o presente, as gerações mais novas recebem das mais velhas, suas técnicas e demais experiências. Quem utiliza bem os seus dons desempenha papel relevante na comunidade e sua arte é fator de prestígio. Se além de habilidade manual possuir talento e sensibilidade, torna-se artista. 
São tantos os artistas anônimos que se revelam com suas aptidões, encantam com fartas produções e imprimem traços culturais em tudo o que realizam. Continuei observando e ali estavam Rosete e Mariazinha Dutra Baptista, José Carlos Thiebaut e Arlene Moraes Thiebaut, Drª Claúdia Borges Bastos do Carmo e Dr. José Alfredo Borges do Carmo, Tarcísio André e Cláudia Espinoza André, produtores de delicadas e belas peças. Extasiei-me com as mãos de Gerson Carlota Oliveira  que instantaneamente, em poucos minutos, reproduz com desenho sombreado a lápis, perfeitas fisionomias, tamanha a perfeição, não fica a dever às mais sofisticadas fotos.Arrebataram-me, as mãos zelosas das Irmãs do Abrigo José Lima e as mãos habilidosas do nosso Artista Maior: Raul Travassos.
Detive-me, que horror, em mãos que podem ferir, agredir, magoar e matar. Visualizei Pilatos que “lavou as mãos” para limpar a consciência e recordei da expressão “lavo as minhas mãos”, no sentido de desistir. Há a mão que destrói mas felizmente há muitas e muitas que constroem.  Mãos que oferecem rosas, mãos que trabalham, mãos que fiam, mãos que tecem, mãos que agasalham, mãos que oram, mãos que louvam,  mãos que carinham, mãos generosas, mãos caridosas, mãos dadivosas, mãos que afagam, mãos que bordam, mãos que pintam, mãos operárias, mãos amigas, altruístas e misericordiosas. Mãos que plantam e mãos que preparam alimentos. Mãos que falam em “LIBRAS” (língua de sinais, usada pelos surdos), mãos que falam de beleza e de tristeza, mãos que dirigem, mãos que acenam para quem fica, mãos que fotografam, mãos que escrevem, mãos que gesticulam poemas, mãos de artistas que compõem, que regem, que tocam, mãos que enxugam lágrimas, que confortam e consolam. Mãos Sacerdotais, benditas, que transformam pão e vinho no Corpo  e Sangue de Jesus. Mãos que curam feridas. MÃOS ENSANGUENTADAS DE JESUS e MÃOS PODEROSAS DE DEUS PAI.
Caminhantes que somos de uma mesma jornada, sejamos viajantes de mãos dadas, de mãos que se juntam, de mãos que se entrelaçam, como elos de uma corrente, juntando nossa história a outras histórias, envolvendo-nos numa semeadura boa para que a colheita seja de sazonados frutos. Com nossas “MÃOS” lancemos as sementes para que a paz, o amor, a fraternidade e a igualdade renasçam nos corações das pessoas, para que um dia estes sentimentos não sejam apenas o SONHO de uma noite mal dormida.

domingo, 30 de setembro de 2012

BOM JESUS MUSICAL ( O NORTE FLUMINENSE - 20 /09/2012)




BOM JESUS MUSICAL
                                                                        Vera Maria Viana Borges

A Música, paixão que supera obstáculos, colore a vida com sua vibrante força. Embala com seus sons e balanços os nossos pequenos, com  melodia, harmonia e ritmo faz-nos balançar o corpo,  mexer as cadeiras, marcar o compasso, tirar os pés do chão e nos eleva aos páramos da alma onde habitam os nossos mais puros sonhos. Proporciona uma leveza, um recurso terapêutico. Bálsamo salutar, é o remédio da alma e o alimento do amor.  De todas as artes é a que mais enleva, enobrece e melhor traduz os nossos anseios.  Exerce sobre todos um efeito salutar, animando, suavizando, encantando e até encorajando. Cultivar a música, é sem dúvida cultivar o que há de mais belo e nobre. LINGUAGEM UNIVERSAL , a música, é lida  pelas partituras da mesma forma em todas as partes do mundo, tendo o mesmo sentido aqui, no Japão ou na China.  
Quis o Bom Deus premiar Bom Jesus dando-lhe muitos artistas. Belíssimas composições estão entranhadas no âmago de nossa gente. A “Marcha a Bom Jesus” de autoria de Salim Tannus é cantada com entusiasmo e passada de geração em geração.  “Rio Itabapoana” composta por Oliveiro Teixeira, Tertuliana e Ana Maria, linda melodia e poética letra. “Alva Pomba que meiga apareceste...” de autoria do Padre Delgado, que  Padre Mello importou da Ilha de São Miguel em Portugal para ser cantada nas Procissões da Coroa do Divino na nossa magna festa. “Juntinho de Você” de Samuel Xavier que nos bailes do Aero Clube embalou muitos namoros...  “Juntinho de você /Até o amanhecer /Não posso esquecer amor...” Dá para sentir saudade!  Já se disse que saudade é a prova de que o passado valeu a pena.   
Sebastião Ferreira, maestro da Lira Operária  (Professor Bastião) ministrava aulas  nas áreas de sopros, cordas, percussão, piano e acordeon.  Foi um dos grandes responsáveis pela formação de muitos que hoje brilham no cenário  da música popular e erudita. Apresentou vários Shows com os alunos acordeonistas em Festas de Agosto, na Praça Governador Portela (cerca de 50 acordeons, uma verdadeira orquestra sanfônica que executava do Clássico ao Popular) e em vários cineteatros da região e mais tarde a  “Escola de Música Levi de Aquino Xavier” dirigida por várias décadas pela Professora Georgina Melo Teixeira.  Atualmente contamos com a “Escola de Música Cristo Rei” dirigida por Marise Figueiredo Xavier e com a “Escola de Música JEMAJ” de  Anísia Maria Aguiar Pimentel.
Como não lembrar o “Juquinha Sapateiro” com seu conjunto sobre camionetes ou caminhões executando marchinhas de Carnaval, fazendo propaganda para lojas da cidade?  O Conjunto do Jaime Figueiral. As  fortes vozes do Ricardo Medina e do Antônio João.  A voz marcante do Edílio Miranda nas ondas da “ZYP31 - Rádio Cultura de Bom Jesus do Itabapoana”, com o Programa: “Edílio Miranda Canta Para Você!” O Cristóvão com o Programa Tangos e Poesias. Os Programas de Calouros comandados por Freire Júnior, o “Garoto”. O “CONJUNTO GAROTAS BONJESUENSES” composto por Ana Maria, Maura Júlia, Conceição Pedrosa, Cândida e Lourdinha do Capitão. O vozeirão do Manoel Ribeiro nas mais encantáveis serenatas, a  cantora Carmem Guimarães, o Aurinho e o Walzenir Fiori.
Nas igrejas os magníficos Corais. Na Igreja Batista a maviosa voz de Vilméia Godoy. Na Matriz do Senhor Bom Jesus o Ilis Carlos Machado, a Maria da Conceição Fragoso de Oliveira, a Yole e Dona Nina (Georgina Melo Teixeira), regentes inconfundíveis. Hoje em dia as abençoadas mãos de  Ana Maria Teixeira Batista,  André Megre e muitas outras dão as notas para nossas mais lindas celebrações. Na Paróquia Pessoal do Senhor Bom Jesus Crucificado (Abrigo José Lima) magnificente Coral dirigido pelo pianista e organista Tadeu de Moraes Almeida.
O “Coral Acalanto” sob a regência do Maestro Francisco Oliveira Júnior e os “Chorões do Vale” que tocam, cantam e deveras nos encantam. O “Grupo Musical Amantes da Arte” comandado por Ana Maria Teixeira Batista,  abrilhanta quase todos os eventos do Vale do Itabapoana, já uma tradição nas festas Natalinas da região, culminando com a célebre Cantata de Natal na escadaria da Matriz e nas janelas do antigo sobrado da Panificadora Borges. Belíssimo e emocionante acontecimento. Supera-se a cada apresentação.   
As belas vozes de Marisa Valinho, Maria José Martins, Ester e Maria Lúcia Borges, o teclado e violão de João Vitor, Paulinho e Neumar Monteiro. Pedro Salim Júnior  e Martha Salim (nossa estimada Martinha), sempre envolvidos no movimento artístico-cultural nos brindam com espetáculos da “Cia Musical Corre Coxia”.  Os pianistas Antônio Bendia Júnior,  Luís Otávio Azevedo Barreto e Ana Luíza Xavier contagiando com a apresentação de  “3Piano”. Os divinos e angelicais sons do violino de Roberto Feijoli. O teclado de David Assad.  O cavaquinho do Marcelo Rezende e o violão de sete cordas do Sebastião  Rocha.  O Toninho do Tupy e o Cláudio (Negrito) na percussão. O Professor de violão e guitarra Ozéias Silva. O Conjunto “ABADART”.  O Fábio Ferreira, baixista e tecladista. O músico Roninho Louvain. Tenho o privilégio de ser vizinha do compositor,  pianista e  grande violonista Amílcar de Abreu Gonçalves  e de ser prima de Geraldo de Almeida Viana, maestro de incomparáveis méritos, conhecedor profundo de oboé, saxofone, clarineta, violão, violino e flauta. Festejado compositor. O Paulinho Natividade, o Jefferson  Alves, a Vânia Lissa, a Fatinha , Leziel e Arnaldo e muitos e muitos outros. Em cada barzinho, música ao vivo com os inúmeros artistas que esta terra possui.  É muita gente boa. 
A Lira Operária Bonjesuense, altiva, bela, nobre e forte, nas alvoradas, procissões e em quase todos os eventos. Está sempre presente. É de se admirar a determinação, a garra, o entusiasmo e a fidelidade do Maestro Nilo, a quem aplaudimos e nos curvamos agradecidos.
O Deus Pai Todo Poderoso vele sobre estes abnegados que dotaram e aos que se propõem a dotar nossa comunidade de tão sublimes benefícios. Abençoado é este povo com a multiplicidade de dons, de carismas, de sons, de intérpretes e de compositores. Tenho muito orgulho de ser Bonjesuense e me ufano desta Bom Jesus Musical. 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

UM MUNDO DE ENCANTAMENTO ( "O NORTE FLUMINENSE" - 08/08/2012 )



UM MUNDO DE ENCANTAMENTO
                                              Vera Maria Viana Borges

Agosto é o mês de ventos e queimadas. Uma típica brisa leve, gostosa e faceira nos delicia  em tardes fagueiras e no bailar das folhas há sempre um rumorejo que assanha e mexe com nossa imaginação. Tem um cheiro de tempos de outrora, de um tempo que tentamos resgatar dentro da alma, que surge em flashes, doces e fugidios lampejos, os retalhos que formam a nossa história. 
Descerra-se a cortina! Surpreendemo-nos no dia 14 de agosto de 1950, na inauguração do Cine-Teatro “Monte Líbano”, de propriedade do Sr. Merhige Hanna Saad. Com grande sucesso foi exibido nas noites de 14, 15 e 16, o filme nacional “Carnaval no Fogo”, marcando como era a expectativa geral, um verdadeiro recorde de bilheteria.
               Inventado em 1895 pelos irmãos Lumière para fins científicos, o cinema revelou-se peça fundamental do imaginário coletivo do século XX, seja como fonte de entretenimento ou de divulgação cultural de todos os povos do mundo. Aos poucos os produtores entenderam que astros e estrelas eram indispensáveis para aumentar a popularidade de suas produções. A mistura de business e arte deu certo, criou personagens inesquecíveis, imortalizou ídolos e eternizou cenas onde glamour, sensualidade, beleza e magnetismo eram palavras de ordem. Um mundo de encantamento. Arte poderosa que destinando-se a doutrinar pode-se tornar fonte eficaz para influenciar cidadãos.
Quantos sonhos e quantas emoções nos “ seriados”, nos “cowboys das matinês”, nos“ faroestes”, nos “inesquecíveis clássicos”, nos “policiais” repletos de suspense e ação, nos “religiosos”, nos “musicais”, nas “comédias”, nas “aventuras” e nos “magníficos cartazes” que com ávidos olhos apreciávamos e nem sempre podíamos assistir, eram tempos duros, de verba curta, costumávamos assistir a uma e vez ou outra  a duas sessões por semana, mas nos extasiávamos diante de Fred Astaire, perfeito dançarino, de Marilyn Monroe com gestos sensuais e roupas provocantes, Ava Gardner, morena, sedutora, bonita, divina. Bette Davis, com personalidade forte. Humphrey Bogart no papel de tipos durões, celebridade em filmes clássicos, dentre eles o inolvidável “Casablanca”. James Dean, inquieto, ar indefeso, olhar inocente, o herói rebelde que foi o personagem principal de “Juventude Transviada”. Uma carreira efêmera, mas suficiente para criar o mito. Katharine Hepburn, a “dama rebelde” mostrava beleza, independência, coragem e inteligência. Cary Grant, o galã mais sofisticado do cinema, talentoso, eternamente jovial, elegante e bonito. O gênio do cinema mudo, o inglês Charles Chaplin, de bengalinha, chapéu-coco, sapatos compridos, olhos melancólicos, criador do “Carlitos” que mesclava humor, poesia, ternura e crítica social. Gostosas reminiscências!  É de alma ajoelhada que se incensa o gênio e se reverencia o passado. Merhige disseminou a cultura em Bom Jesus e ajudou a transformá-la neste celeiro de tantos talentos. A este empreendedor em cujo coração tremulavam entrelaçadas as bandeiras do Brasil e do Líbano, a este baluarte, idealista, o nosso reconhecimento, a nossa homenagem, não a que ele merece, mas a que está ao nosso alcance prestar.
Gerou frutos! Paulo Tardin, aos cinco anos, esteve assentado nas primeiras fileiras do “Monte Líbano” na exibição de “Carnaval no Fogo”. Por incrível coincidência, Paulinho Discos como é carinhosamente chamado, tem hoje a ÚNICA cópia do referido filme, em película e DVD e  nem mesmo a produtora possui a preciosidade. Considerado pela mídia e pela opinião pública como o maior colecionador de filmes antigos do MUNDO, tem aproximadamente 31.000 títulos. Aficionado pela sétima arte ele não esmoreceu, foi ao Velho Oeste em busca das fantasias infantís, viajou pela América do Norte entre os Estados da Califórnia, Arizona, Nevada e Utah, conheceu os palcos naturais onde atuavam seus grandes heróis. Tornou-se amigo de antigos mitos das matinês de outrora, dentre eles Roy Rogers, o Rei dos Cowboys, tudo documentado em vídeos e históricas fotografias. Fez amizade também com as “mocinhas” Teggy  Stewart, Virginia Mayo e outros atores como George Montgomery, Harry Carey Jr.,  Frank Coglan Jr. e John Agar. Entrevistado por Amaury Júnior na TV Bandeirantes, pelo Jô Soares na TV Globo. Há matérias  sobre o pesquisador e colecionador de raridades do cinema e da televisão nos maiores jornais do país. Partes do fantástico acervo têm sido apreciadas através de “Mostras” realizadas em NOBRES ESPAÇOS do Rio, São Paulo e outros Estados. Recebeu nas últimas semanas uma equipe de superprofissionais de altíssimo gabarito de um Estúdio do Rio de Janeiro. Filmaram vários pontos de nossa cidade incluindo o “Monte Líbano. Fizeram também tomadas na Zona Rural, para um documentário de 17 minutos que será exibido inicialmente pelo CANAL FUTURA ( Canal de Educação e Cultura do sistema Globo de Televisão) sobre sua vida, trabalho e obra e posteriormente será exibido em Festivais de Cinema no Brasil e no exterior. Deus fortaleça e inspire sempre mais o ilustre conterrâneo, eterno ASTRO, para que ele possa prosseguir espalhando sonhos, entretenimento, cultura, fulgor e rutilância ao povo de nossa doce e encantável terra e a todos os povos do mundo. Avante, Paulo Tardin!

ABDL LANÇA JORNAL


domingo, 5 de agosto de 2012

GRANDES PRESENTES DE DEUS (O NORTE FLUMINENSE- 13/07/2012)


GRANDES PRESENTES DE DEUS
                                                                              Vera Maria Viana Borges
          Apreciar cada momento, como o bom conhecedor de vinhos aprecia um cálice de raro néctar, dando sentido amplo à existência em todas as suas etapas é fundamental, pois a vida é para ser vivida em plenitude.
            Após anos de trabalho, a maioria das pessoas sonha com a possibilidade de um tempo livre para se dedicar a si e à sua família. A aproximação da aposentadoria provoca uma grande expectativa. Chegando  o momento desejado, a euforia costuma acabar e muitos não se organizam no tempo e no espaço. Os dias ficam vazios. Para maior qualidade de vida é importante ter projetos para que possa desfrutar com inteligência a ocasião da conquista de todo o esforço ao longo da vida. Fazer esporte, ler, caminhar é muito bom para o idoso, mas é muito pouco para ocupar todo o seu dia. Mesmo enfrentando mares encapelados é imperioso impedir que as vicissitudes, os reveses, os infortúnios possam recobrir a poesia que nos encanta, a esperança eterna que nos incentiva e anima. Nada poderá eliminar o mistério das coisas e dos nossos sentimentos. Idade serena, idade de perfeito equilíbrio de nossas faculdades, idade suprema, onde se pode doar afinal toda a medida do nosso ser. É o momento de nos entregarmos às tarefas a que nos destinou a Providência Divina.
          O tempo não perdoa. Sentimos sua passagem visível e irremediável sobre nossas faces e sobre nossas almas. Rugas e cabelos brancos colocados sobre nossos traços de outrora, mas continuamos o que são nossas obras e nossos frutos. Somos pais, avós, homens e mulheres de ação.
          A cada dia que passa, novas tecnologias atingem cada vez mais cedo os nossos pequenos. A modernidade faz com que sejam esquecidos pontos e pessoas fundamentais na transmissão de conhecimentos e valores. O aumento da média de vida está levando à descoberta dos avós e sua preciosa função na sociedade.
          A ideia de avó muitas vezes esteve ligada a uma figura antiga, cadeiruda, mulher madura e corpulenta com 40 ou 50 anos que apesar desta idade, parecia uma anciã, usando xale, sentada em uma cadeira de balanço, envolvida com novelos, bordados, tricô e crochê, após o preparo das mais finas iguarias, deliciosas guloseimas que alimentavam a família. A avó moderna, está “antenada”, usa aparelhos eletrônicos, celulares, navega sem dificuldades pela Internet, interage nas Redes Sociais, frequenta Academias de Ginástica, faz Pilates, pratica esportes, lê, escreve, compõe, também costura, faz tricô e crochê e mesmo com a vida dinâmica por natureza, organiza-se em função de uma contínua transformação. Não se discute se o passado é melhor que o presente, nem este que aquele. Os valores morais são inalteráveis, constantes e imutáveis.
          Enquanto os pais estão inseridos no mercado de trabalho, em busca da digna sobrevivência, a  avó dedica-se a um empenho sério, exigente e extremamente positivo, tanto para os netos, como para os seus pais e no fundo, principalmente para si própria. Ela sai ganhando, porque isso a obriga a sair de seus mundos nostálgicos para contar histórias, participar, estar disponível, passear, cansar-se vivendo por eles. Os pais são os principais, os primeiros responsáveis pela educação dos próprios filhos mas a contribuição dos avós pode ser extremamente eficaz e importante. Acompanhá-los aos parques, às praças, estar atentos àquilo que veem na TV, programando o uso da mesma com seriedade e prudência e monitorando o uso do Computador, são funções que escondem riquezas imensuráveis. Orientações que são passadas sem pressa e sem medo por quem já percorreu o caminho e que com sabedoria são generosamente transmitidas para que seus descendentes se tornem pessoas íntegras e felizes. Os mais velhos transformam assim sua atual disponibilidade de tempo numa autêntica ação educativa. Uma educação com liberdade e limites em prol do ideal da paz, a PAZ que CRISTO trouxe aos homens, do ideal do dever cumprido, da fé , da esperança e do amor frutuoso que promove a paz, a harmonia e o amor, preciosidades para as famílias e para o mundo. Avós são pais duas vezes, isto nos traz o CÉU ao chão. Amor gratuito, nada se exige em troca, apenas um sorriso nos leva ao Paraíso.
          A natureza é sábia, nos premia com os netos que dão prosseguimento ao ciclo da vida e vêm nos lembrar todas as possibilidades de recomeço, vêm renovar trazendo luz e sonhos, enchendo de júbilo as nossas vidas. A chegada deles é bálsamo que tem a capacidade de perfumar e curar, incentiva à esperança e alegria transformando em tranquilidade e PAZ o nosso viver.  Grandes presentes de DEUS.
          “Grandes coisas fez o SENHOR para nós, por isso estamos alegres”.

NOSSA LÍNGUA, NOSSO PATRIMÔNIO (O NORTE FLUMINENSE-13/06/2012)



NOSSA LÍNGUA, NOSSO PATRIMÔNIO
                                                                                      Vera Maria Viana Borges
“Última flor do Lácio inculta e bela!” Olavo Brás dos Guimarães Bilac refere-se ao fato da Língua Portuguesa ter sido a última língua neolatina formada a partir do latim vulgar, falado pelos soldados da região italiana do Lácio.
A língua é um código, um sistema de sinais de que serve o homem para a comunicação falada ou escrita. É um fenômeno social da mais alta importância, é o veículo do conhecimento humano e a base do patrimônio cultural de um povo. A linguagem coloquial é espontânea, usada sem preocupações com formas linguísticas. É a fala cotidiana, que comete pequenos, mas perdoáveis, deslizes gramaticais. A vulgar é própria das pessoas sem instrução, livre de convenções sociais, infringe totalmente as convenções gramaticais. A língua culta compreende a língua literária, empregada na literatura e constitui o espelho de todas as normas da nossa gramática.
A língua consegue ser ao mesmo tempo de todos e de cada um de nós. Há pessoas que moram nas cidades, outras moram no campo. Há os que trabalham em indústrias, em lojas, em escritórios. Há músicos, poetas, jogadores de futebol, estudantes, empresários, metalúrgicos, engraxates, professores, médicos, advogados, químicos, programadores de computador... Cada grupo de profissionais desenvolve uma língua própria cheia de palavras e expressões técnicas que muitas vezes não são compreendidas por quem não participa desses grupos. Contamos ainda com os “regionalismos”, um patrimônio vocabular próprio e típico de cada região, e mais a invasão e incorporação de termos estrangeiros, sobretudo a crescente e indiscriminada utilização dos mesmos no âmbito profissional. Muitas vezes para entendê-los precisamos de dicionários de vários idiomas a tiracolo. Fazendo reserva em Hotel, para o que é necessário enviar “comprovante de depósito”, a atendente poderá lhe dizer: enviaremos o seu “voucher”. O que é? O “voucher”. Voucher? Sim, voucher! Não seria mais fácil usar os termos que temos, como “comprovante ou recibo”? O inglês invadiu salões de beleza, restaurantes, a mídia, lugares de compras, propagandas, nomes de grifes nacionais, etc. Não entendo o uso de palavras inglesas quando elas existem na língua portuguesa. O indivíduo que não sabe inglês terá dificuldades quando deparar com - delivery, free, off, play, outdoor, coffee break, beauty hair... 
E, aí, brother, beleza? Será o Benedito? Caramba! Viajei na maionese! Meu Deus, que idioma é este? Loucura! Ó Céus! É gíria, estrangeirismo, gerundismo, modismo. Antigamente falava-se “mentira”, hoje é “caô”. Gafe virou mico. Algumas gírias são iguais em todo lugar, outras não. Gíria, jargão, modismo, o certo é que a maioria dessa enxurrada de palavras acaba na lata de lixo. Mas, há o que permanece, importante fonte de renovação da língua e mesmo tendo origem popular, chega um tempo em que ninguém se lembra mais de onde a palavra veio. A língua é viva, dinâmica e cada grupo cria sua linguagem própria, gerando o economês, o baianês, o internetês ou miguxês, e por aí vai... Gírias são sempre usadas em qualquer idade, o engraçado é que de tanto ouví-las acabamos por repetir e às vezes me pego falando coisas que ficam ridículas saindo de minha boca. Na BABEL contemporânea das linguagens de grupos, entre gírias e jargões, vale a lei do “Salve-se quem souber!” Difícil entender a forma esdrúxula usada pelos internautas: “naum eskreva feitu retardadu na net pq tem jenti lendu o q vc escrevi.” Torna-se necessário conscientizar os jovens para que entendam que ficarão prejudicados tanto na fase escolar como no futuro em suas profissões. O maior temor é que esse disparate venha deturpar ou deturpe a nossa língua compreendida pelo senso comum como pura, ideal e única.
O “Português” está sendo fruto de uma “desnacionalização linguística”. Impôs-se um “Acordo Ortográfico”, já em vigor, onde se pretende fazer acertos no “Vocabulário Ortográfico Comum” aos países que confirmaram tal acordo, sendo que Angola e Moçambique ainda não aderiram. Assim está sendo o nascedouro de um “Português” inventado,  que se abdica de características regionais, perdendo a ligação à raiz que lhe deu a vida, privado de identidade própria. Coragem estudantes, professores e interessados pela linguística. Lutemos, com a certeza que o estilo da mediocridade não chega a lugar algum. Somente o Saber de Qualidade, fruto do Labor Intelectual abrirá as portas para o aperfeiçoamento, para salvaguardar uma das preciosidades mais requintadas, herança valiosa de um povo, que é a sua língua. Cuidemos bem da NOSSA, da nossa tão aviltada, vilipendiada  e maltratada,  ao mesmo tempo tão querida e amada  Língua Portuguesa! Por mais longa que seja a caminhada ela será iniciada com o primeiro passo.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

NÃO BASTA QUERER - Publicado no Jornal O NORTE FLUMINENSE - nº 2253 - 12 de maio de 2012

                 NÃO BASTA QUERER                                                             
                                                                                           Vera Maria Viana Borges
             Tem certos dias que nos pegamos a pensar no que já se foi. É a saudade, são as lembranças e a angústia de amados familiares e amigos, já à direita do Deus Pai Todo-Poderoso, ou mesmo a compensadora satisfação de um passado venturoso, na construção de uma bela história, cheia de magia e prazeres. As reminiscências afloram, o que é muito natural, pois no caminho percorrido registramos  todos os acontecimentos que formam a nossa saga. É mesmo normal sentir uma saudade gostosa, saudável e até mesmo dizer - “Recordar é Viver”,  não podemos permitir é que esta saudade doa uma dor tão doída, que não tenha cura, às vezes chegando a ser tão mórbida que costumamos ouvir: “éramos felizes e não sabíamos”. Arte complexa a de viver!
              A História deve ser valorizada sempre, “um povo sem história é um povo sem memória”, contudo no cotidiano temos que buscar coisas novas sem deixar que nos prendamos às coisas velhas, ao que passou,   ao rudimentar, ao obsoleto. Cumpre-se seguir os rumos da modernidade sem se perder, claro, os valores cristãos, morais, culturais, intelectuais, políticos e filosóficos, vivendo o aqui e agora, neste mundo moderno, globalizado, dando prosseguimento à trajetória, caminhantes que somos em busca do futuro. Estamos em permanente construção. Cada dia é uma fase, um estágio de crescimento, aprendizado e amadurecimento. Ampliando nosso olhar vislumbramos um mundo novo que nos concita a novos desafios a cada instante. É essencial que vivamos intensamente o PRESENTE. O futuro a Deus pertence, vivamos então entusiasticamente o dia de hoje, como se ele fosse o último. Viver do passado é fugir da realidade. É algo irreal. É estar preso a um tempo que já não existe, é estar alienado. É óbvio que o que buscamos é a liberdade, a condição almejada para vivermos a vida em sua grandeza, em sua plenitude. Só o PRESENTE é real.
              O elixir da vida está em cultivar o Belo, o Bem e o Bom e encontrar caminhos novos. Somos os mesmos, apenas com maior bagagem, o ancião tem um fecundo dossiê. Com o aumento da expectativa de vida, um número cada vez maior de pessoas tem a chance, a oportunidade de testemunhar com mais maturidade os autênticos valores humanos. Só se é possível tornar plenos estes valores através da Providência Divina e da Ciência que  proporcionam melhores condições para se viver bem.
              A maturidade é o ápice, o apogeu, o auge, a plenitude do homem. É o alvorecer da Sabedoria. Com o passar dos lustros adquire-se mais Sabedoria. Só se envelhece quando se perde o interesse, quando se deixa de sonhar, de amar, de procurar novos conhecimentos e algo novo a conquistar. A mente tem que estar aberta a novas ideias, a novos interesses, inspiração de novas verdades, preservando a força jovial, contribuindo para a beleza e harmonia na distribuição de sabedoria e talento.
              Cora Coralina estreou na literatura aos 76 anos de idade e fez da vida e da morte uma poesia: “Não morre aquele/ Que deixou na terra/ A melodia de seu cântico/ Na música de seus versos”.
  Benjamim Franklin foi mais útil ao seu país, após os sessenta anos. Diplomata, escritor, jornalista, editor, cientista,  inventor, enxadrista norte-americano e descobridor dos para-raios. Depois dos oitenta anos, Verdi escreveu óperas. Compositor italiano, autor de “A Traviata”, “Rigoletto”, “Aída”, “A Força do Destino”, etc. Ticiano, pintor italiano, pintou seu incomparável quadro “Batalha de Lepanto” aos noventa e oito anos e sua “Última Ceia” aos noventa e nove. Monet  pintou grandes obras de arte depois dos oitenta e cinco. Michelangelo, escultor, pintor, arquiteto e poeta italiano, ainda esculpia suas obras-primas aos oitenta e nove anos, em1564, ano de sua morte. Kant escreveu algumas de suas maiores obras filosóficas depois dos setenta anos. Goethe escreveu a segunda parte de “Fausto” após os oitenta e Victor Hugo ainda encantava o mundo com seus escritos depois dos seus oitenta anos.
              O famoso arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer, comemorou em dezembro de 2011 os seus 104 anos, com novos projetos, desafiando qualquer regra de longevidade.
              Parar de trabalhar é começar a morrer. A morte caracteriza-se pela inação e a vida pela ação. O trabalho nos ocupa e revigora. Aposentar não significa tornar-se inútil, a vida continua, certamente mais intensa e sobretudo mais plena de liberdade para se trabalhar em algo útil, com propósito digno, para o próprio bem, para o bem da família, para o crescimento da comunidade e para o desenvolvimento do Estado e da PÁTRIA.
              “Que o beneplácito do Senhor, nosso Deus, repouse sobre nós. Favorecei as obras de nossas mãos. Sim, fazei prosperar o trabalho de nossas mãos”. Salmo 89:17
              Possamos, com a graça de Deus, estar atentos e produzindo até o último segundo de nossas vidas, seguindo a máxima de Goethe: “Não basta saber, é preciso aplicar; não basta querer, é preciso fazer!
  

sábado, 12 de maio de 2012

segunda-feira, 16 de abril de 2012

UM NOVO CICLO - Publicado no jornal O NORTE FLUMINENSE nº 2252 - 12 de abril de 2012

                                        UM NOVO CICLO      
                                                                       
                                                                            Vera Maria Viana Borges
            
             As chuvas de março fecharam o verão e inauguraram o outono. É o início de um novo ciclo, período em que a natureza se renova. Um dia desses, comendo bolinho de chuva que tem delicioso sabor de infância, adentramos no Portal das Fantasias e no mundo do faz de conta que extasiam crianças onde muitos adultos pedem carona. Revivemos assim muitos flashes com sabores, aromas, fragrâncias, cores, ideias, texturas que outrora conhecemos, tantas coisas que vivemos e que se esconderam na memória. Fomos penetrando no túnel do tempo seguindo em busca do tempo perdido, aquele que não tem volta.Se pensarmos nos sabores que fizeram parte da nossa infância, a lista será longa. Como num filme fomos recordando tantos episódios e nos perdemos naquele aconchego gostoso, saudoso, lindo, poético e humano. O importante destas lembranças não está somente no fato propriamente, mas na história contada em torno da mesa, do afeto que está impregnado naquela recordação.
            Aterrissamos em Rosal, terra de muitas flores, muitos encantos e muitos mistérios.
             Monsenhor, dália, lírio, orquídeas que  fazem  lembrar a casa de Pequena e  José Rosa, copos- de- leite, extremosa, buganvília, beijo, suspiro, brinco-de-princesa, rosa, rosa graúda, exageradamente bela; gérberas que lembram o jardim de Bibi e Fluminense Alt, tão perfumadas e delicadas quanto a delicadeza, pureza, meiguice e simplicidade do casal.
             Terra de tantas histórias, de misteriosos cavaleiros que troteavam e disparavam atravessando as ruas desertas na calada da noite e de uma mulher tão alta, tão alta... que percorria a vila em altas horas e que  do coreto, ao lado da Igreja de Santana, com um passo apenas chegava ao cemitério. Tínhamos tanto medo! Da “Luz do Monte Azul”, que clareava a noite escura, tornando-a tão clara como o dia, iluminando tudo em derredor. Da dita luz, uns diziam ser a “mãe do ouro”, decorrente do mineral supostamente existente no subsolo, outros, uma alma benfazeja que sempre aparecia em momentos difíceis para ajudar a alguém que necessitasse. Cavaleiros indo buscar remédios para doentes graves e maridos que buscavam parteiras eram iluminados e guiados por aquelas serras do Monte Azul, denominação devida aos fenômenos da tal luz que era muito intensa e azulada e em escuras noites, muitas vezes chuvosas e até mesmo sob verdadeiras tormentas prestava auxílio  com seu intenso brilho.
             Àquela época era costume matar porco em casa e fazer quitanda, nome usado para designar diversas gulodices da culinária doméstica. Sempre que se fazia algo, eram oferecidos “pratinhos” para os amigos mais chegados.
             O dia em que matava porco era uma festa. Cedinho já chegava alguém para ajudar; um mais corajoso para furar o “bichinho” que gritava anunciando para toda a vizinhança a sua “execução”. Após destrincharem, antes da preparação para que a carne e a gordura fossem para as grandes latas, na despensa (compartimento da casa onde se guardam mantimentos), as crianças iam distribuir  em tigelas (quase sempre de ágate) algumas porções, verdadeiras lições de “partilha” ali ao vivo, pela vizinhança.
             À noite, cadeiras nas calçadas onde famílias se juntavam conversando animadamente enquanto a gurizada se divertia pulando corda, brincando de roda. Os aniversários... Amistosamente vivia aquela gente que se confraternizava nas alegrias e  era  solidária  nos  infortúnios, nos  momentos   de dificuldades, tristes e difíceis.
             As jabuticabeiras, com os troncos pretos de graúdos frutos, muito doces, de agradabilíssimo sabor, ricos em tanino, eram ponto de encontro em quase todos os quintais, em afáveis reuniões de amigos sob suas aprazíveis sombras.
             No tempo das goiabas, o aroma das goiabadas tomava conta do lugar.
             O cheiro do “óleo de peroba” nos móveis, o assoalho lavado aos sábados, também eram característicos... Casas enceradas, escovão pra lá e pra cá... Piqueniques memoráveis,  as alvoradas da Lira 14 de Julho, as melodiosas serenatas, o Caxambu e as fogueiras do Sr. Levino Soares onde cantavam e dançavam o Tão Ananias, Miracema e Antônia Paula: “Quem nunca viu vem vê, cardeirão sem fundo frevê...”
             No mês de maio, as coroações de Nossa Senhora, perfumadas pelas trescalantes brisas do “monsenhor despetalado” que jogávamos na “Santinha”. Vestidos de cetim, de anjo com asas cheias de graciosas penas; vestidos de Virgem... Muito frio!... Após a ladainha  sensacionais leilões! O coreto todo decorado, cheio de deliciosas prendas. Todo o povo à sua volta. Cada noite dedicada a uma família que se esmerava na confecção das prendas que eram arrematadas por altos preços, estimulados pelos apregoadores que iam induzindo, em sadia brincadeira a competitividade entre os presentes que num clima de total descontração contribuíam para os cofres da Igreja de Santana.
           O Rosal Esporte Clube, vasto acervo de craques que lhe enalteciam as cores esportivas: vermelho e branco que tremulavam em bandeiras agitadas por animadas torcidas. Nos bailes da Rainha do Rosal Esporte Clube, as mais encantadoras valsas, quase sempre duas ou mais, “Danúbio Azul”, “Vozes da Primavera”, “Contos dos  Bosques de Viena”, fazendo com que  rainhas, princesas e seus pares rodopiassem em belos e diáfanos trajes pelo salão.
           O alto-falante do Sr. Chiquinho Nunes, no Cine Rosal sensacionais seriados, Durango Kid, Zorro, O Gordo e o Magro, Os Três Patetas. A Escola Luiz Tito de Almeida, as aulas de ginástica com o Sr. Hildebrando, os parques, touradas e circos que vez ou outra enchiam de alegria a petizada.
           Falando em circo regressamos ao tempo real. Os espetáculos ainda atraem enorme público de todas as idades. Na TV ou sob a lona, o mundo da magia incorpora linguagens modernas e tenta manter a tradição do reino da marmelada, numa era de velozes mudanças. Sempre um novo ciclo, onde tudo se renova.

 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

A RESSURREIÇÃO

O BAIRRO QUE FOI NOVO (O NORTE FLUMINENSE-14/03/2012)

                    O BAIRRO QUE FOI NOVO                                                     
                                                                      Vera Maria Viana Borges

                    Trajeto muito percorrido em minha infância, foi a Estrada Rosal - Bom Jesus. Lá da santa terrinha, descíamos para vir ao dentista, ao médico, por vezes ao cinema e mesmo para assistir aos espetáculos circenses no ALTO DE SANTA RITA, com os famosos "Globos da Morte". Grandes Companhias!...
                  Para a criança vinda do distrito, aqui tudo era maiúsculo... A Avenida Padre Mello era grandiosa, a casa do Padre, um monumento, que hoje sinto deveria ter sido tombado, preservado, para a história da nossa adorada Bom Jesus... A Igreja Matriz, arquitetônica!...
                  Vim prestar o "Exame de Admissão ao Ginásio". Tendo sido aprovada, mudamo-nos para cá em 1955.
                 Descendo a  Rua Dr. Abreu Lima, que nasce na Praça Governador Portela, caminhávamos em paralelepípedos. A rua já era calçada até a entrada da Avenida Padre Mello (que também tinha calçamento). Daí para frente era barro vermelho. Imponente na esquina avistava-se o Armazém de Café do Sr. Karim João, onde nos fundos residia Orlando Alves de Oliveira, motorista, figura popular, amiga de todos. A seguir, bem edificada, a residência do Sr. Alípio Garcia, o então proprietário do Cartório do 2º Ofício de nossa cidade. Após, havia uma casinha bem simples, com cerca de arame farpado, que abrigava o Sr. Armindo Carroceiro. Finalmente, afastada do alinhamento, a "Fábrica de Balas" do Sr. Ésio Bastos... aquelas balas branquinhas, tão docinhas, com listrinhas coloridas... doces lembranças!...
                Aí estava delimitado o perímetro urbano, pelo Valão Soledade que se atravessava em ponte de madeira.
                Daí para frente era macega, e um novo loteamento, onde já eram edificadas as primeiras residências.
                O "Departamento do Café", a residência do Gerente do IBC e o casarão de alpendre do Sr. Elias Ferreira,  já se incorporavam ao cenário.
                Lembro-me bem do Matadouro Municipal, construído onde é hoje o DER e inaugurado a 13 de agosto de 1952,  e,  do funcionário eficiente, vindo de Itaperuna, o nosso estimado amigo José Camilo.
                Uma construção aqui, outra ali, surgia o Bairro Novo...
                Onde está o "Abrigo dos Velhos"  era o local em que se depositava o lixo de Bom Jesus.
                Construiu-se o prédio da Delegacia na beira-valão, e em seguida fez-se a ponte de cimento. Alair Ferreira Tatagiba trouxe o Posto de Gasolina.
                O Sr. Quinca (Laurindo Henrique), Antônio Trindade e Sinfronino Braga  foram os pioneiros da Rua Joaquim Ferreira Ramos.
               Chichico das Areias empreitou duas obras para  residências de Irma e Vera Ribeiro, respectivamente. Construía-se com tijolos de cimento da fábrica do Prefeito Gautier Figueiredo.
               Depois vieram Sr. Marcílio, Bolivar Teixeira Borges, Antônio dos Santos, Cerizê (costureira afamada), Dr. Pery, e, até mesmo  o Desembargador Sampaio Peres, construiu e residiu no novel bairro.
                Nos terrenos vagos, os garotos improvisavam campinhos para as peladas, nas horas de lazer...
               Pelas novas ruas, desfilavam de bicicleta, meninas casadoiras... Conta-se de um romance que terminou em casamento, acreditando-se que o feliz casal, reside no referido bairro, atualmente.
              Onde é hoje o "POSTO GUERRA", acampavam ciganos, e frequentemente, armavam-se circos e touradas.
              Inúmeras oficinas de lanternagem e mecânica se instalaram na região. A do Chico da Lata, a do Sebastião Godói, a do Canico, a do Polaca.
              Juca Moraes, músico da Banda, tinha um botequim, onde engarrafava vinho tinto, fabricado por ele próprio,  mais tarde surge ali o Depósito de Bebidas do Jovair.
             Na Rua Vereador João Rodrigues do Carmo, conhecemos o Ari, Inspetor de Trânsito, o Clemiltom, o Luís da Água, Antônio Martins de Souza e Catarina, o Candico, o Emídeo, fiscal da Prefeitura. Na referida rua ficava o Armazém de Café do Higino Belloti.
              As famílias abasteciam suas despensas, na vendinha do José Mangefeste.               
             Onde já foi o "Bamerindus", e posteriormente a "Constrular", o empresário Pedro Braga, proprietário da grandiosa "BRAGA MÓVEIS", inicia sua vida profissional, com um simples barracão de marcenaria. O não menos bem sucedido Passaline, também cresceu com o Bairro.
            Chega o asfalto em 1960, trazendo maior progresso à nossa terra.                
            Extrapolou, nosso bairro virou centro da cidade. A zona urbana fora esticada e no final da década de 60, o Matadouro foi transferido para a beira-rio de um novo bairro, o Lia Márcia que também se desenvolveu e estava ele novamente plantado no perímetro urbano...  Atualmente, o gado é  abatido em Frigoríficos...