quinta-feira, 14 de novembro de 2013

CALÇADO DE TANTOS PRIMORES (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 10/11/2013)

CALÇADO DE TANTOS PRIMORES      
                                                                                 Vera Maria Viana Borges

                      Entrando no Facebook deparo-me com postagem de Wender Vinícius Carvalho de Oliveira, calçadense (atualmente residindo no Rio de Janeiro), amigo dileto, um destes meninos de ouro, que ouve Chopin enquanto estuda Direito Penal. Um rapaz inteligente, zeloso, devoto da Virgem Maria, estudante de Direito, Pesquisador do Programa Institucional de Iniciação Científica na  Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Amante das Artes e da Literatura, tão empenhado e envolvido, que ainda tão jovem (completará vinte anos no dia 02 de fevereiro de 2014), já é membro da Academia Marataizense de Letras (Confraria de Artes, Cultura e Letras de Marataízes-ES, cadeira número 18, patronímica do Poeta Elmo Elton Santos Zamprogno. 
                 E, no FACE o Wender desabafa: “É uma pena estar tão longe de Calçado. Sem dúvidas, é a cidade mais bela, por ser a minha aldeia, de onde vejo o mundo, como diria o poeta. Só desejo que o frescor de suas montanhas azuladas, oh Calçado, e o doce perfume de suas flores jamais se percam em mim!”  O poeta por ele referido é Fernando Pessoa que assim se expressou: "Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo... Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer. Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura..." ("Da Minha Aldeia" In: O Guardador de Rebanhos). Prossegue o Wender com  trecho da “BALADA A SÃO JOSÉ” de autoria de Pedro Caetano: “Eu lhes falo de uma Cidade onde a tranquilidade escolheu para morar. Vive entre montanhas e flores e os trovadores se perdem a sonhar. Eu queria que o meu coração descobrisse a canção mais bonita que há e cantasse prá minha Cidade, com toda saudade que tenho de lá. São José, São José do Calçado! Como eu tenho sonhado com você São José... Como vai essa gente querida qu'inda é minha vida. Como vai São José?”  
                   Berço de gente boa, nobre, hospitaleira, amiga e altaneira.   Cenário de belezas, de encantos naturais, de passado culto e heróico, marcado por filhos ilustres que com galhardia lançaram a semente que caiu em terreno fértil, fato comprovado pela colheita de sazonados frutos,  saboreados pelo povo honrado neste presente  glorioso onde se cultua a FÉ e a CULTURA. No topo da Colina estão os ícones, os quatro pilares guardiões de sua bagagem ética, espiritual e  intelectual:  A Igreja Matriz de São José, a Escola Mercês Garcia Vieira (Colégio de Calçado), a sede da Academia Calçadense de Letras e a tradicional Biblioteca Municipal Homero Mafra.                             De autor desconhecido é sempre repetido o aforismo: “Posso não ter quase nada, mas sou calçadense e basta!” Do  exímio Poeta Edson Lobo Teixeira a encantadora cidade  recebe rica e expressiva declaração de amor: “Debrucei meus sonhos/ em tuas montanhas/ deixei meu amor/ se envolver no perfume/ das flores de teus jardins...” E, finalizando diz  Edson: “Sou teu filho!/ E amo-te tão profundamente/ que me agasalhei/ nos braços de São José/ para jamais abandonar-te, Calçado!” Assim se refere Pedro Teixeira em um de seus livros: "A cidade é pequena, mas gosto muito dela. Tem coisas que talvez não encontre mais em outros lugares. Suas ladeiras, duas praças, seus jardins com palmeiras que quase alcançam os céus e até seus casarões com assoalho de meter medo em qualquer um"(In:"Memórias de um Menino Pobre que Sonhava ser um Grande Escritor"). O Dr. José Carlos da Fonseca, no primeiro quarteto e segundo terceto de seu imarcescível soneto “História de Minha Terra” revela-nos a origem de sua denominação: “Ao colo destas serras verdejantes,/ Nestas paragens ínvias e remotas,/ Trouxeram os antigos viajantes/ Uma imagem calçada em suas botas. ...E assim se transformou a velha aldeia,/ Na cidade feliz, de vida cheia,/ E que hoje é São José e do Calçado.” 
               A “Cidade Simpatia entre Montanhas e Flores” é berço de Geir Campos,  poeta, jornalista e ativista cultural de grande presença e influência na literatura brasileira e de muitos outros vultos ilustres que brilham nos mais variados setores por este mundo afora e que têm demonstrado acendrado amor à terra natal. Berço de notáveis que lhe impulsionaram. Quantas gerações transpuseram os umbrais do COLÉGIO DE CALÇADO, fruto do sonho de Dona Mercês e do empreendorismo de Pedro Vieira,  realidade que frutificou e se multiplicou miríades de vezes!  Neste ano está sendo comemorado o centenário da nobre e generosa Professora e Diretora Mercês  Garcia Vieira. Quantos recebem as benesses da Academia Calçadense de Letras, guardiã da HISTÓRIA e da CULTURA, que se preocupa com a formação de crianças e jovens propiciando-lhes oportunidade de apresentações em todas as solenidades! Incansáveis e profícuos  o Presidente Edson Lobo Teixeira, a Secretária Maria da Penha Borges de Rezende Teixeira, a Diretora Maria Dolores Pimentel Rezende e demais membros, insopitáveis a conduzem, tornando-a uma das mais dignas e atuantes do país. Tem sede própria, fruto do amor e abnegação da família de um dos seus mais ilustres membros, Dr. José Carlos da Fonseca, de saudosa memória, personalidade que desempenhou importantes atribuições, como Deputado Estadual-ES, Deputado Federal, Diretor administrativo do Banestes, Diretor do IBC, Vice-Governador do Estado do Espírito Santo, Procurador do INCRA e Ministro do Tribunal Superior do Trabalho.
                Saindo de Bom Jesus, seguindo a sinuosa rodovia já nos encantamos com as belas flores à beira da estrada, com a florada na serra, com os ramos buliçosos, com a brisa suave, com a amenidade do clima de montanha que nos garante deliciosa temperatura. Ao pisarmos seu  solo enchemo-nos de júbilo. O meu primeiro contato com Calçado foi numa apresentação de acordeonistas no Cine-Teatro São José, devia ter oito ou nove anos, nosso Professor de Música, Sebastião Ferreira, mais conhecido como Maestro Bastião fazia exibições com seus alunos por toda a região, inclusive por vários anos nos apresentamos nas Festas de Agosto, na Praça Governador Portela em Bom Jesus. Sempre visitávamos o tio Elpídio Sá Viana e seus filhos. Tio Elpídio, competente Maestro, formou a filarmônica “Euterpe São José”, hoje “Lira 19 de Março” (composta inicialmente por  seus filhos Luís,  Antônio, Feliciano, Hélio, Geraldo e outros elementos da comunidade),  corporação que manteve o respeito pela tradição musical que a fez respeitada não só pelo povo calçadense mas também por todos que apreciam o gênero e reconhecem a importância da música na formação do cidadão. A música nos enleva e em se tratando de Calçado não posso olvidar o  vozeirão do Antônio João,  não podendo deixar de citar o Luís Fernando Pimentel que tem nos agraciado com louvores e glórias na Matriz do Senhor Bom Jesus. Aos doze anos já frequentava a cidade em visitas à  tia Enói e tio Euclydes , tia Dalva e tio Francisco Glória, tia Rita e tio Manoel Vieira, muito amáveis e mais tarde nossos padrinhos de casamento. Bons tempos aqueles!
                  São José do Calçado esplendorosa e bela, cantada, decantada e exaltada em maviosos versos... Calçado terra de tantos amores, tantas delicadezas e de tantos primores!


A PUREZA DAS CRIANÇAS (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE - 10/10/2013)

A PUREZA DAS CRIANÇAS
                                                                                               Vera Maria Viana Borges

        “Eu fico com a pureza da resposta das crianças/ É a vida, é bonita e é bonita...” Gonzaguinha
   “Eu quero a paz de criança dormindo...” Dolores Duran
  Nas crianças podemos ver a graça espontânea, a paz de espírito, a alegria fácil. A infância é voltada para fora tendo como expressão máxima de pureza muitas ações contidas na história de suas brincadeiras. O método de se estudar brincando é sem dúvida o mais recomendável para se adquirir noções elementares nesta época em que mais se aprende. Bom é estudar com o mesmo prazer com que brinca. É lastimável, que atualmente existe uma perigosa tendência a querer se antecipar a idade vindoura: a criança quer ser adolescente antes do tempo, o adolescente aspira ser moço, o moço deseja a vida do homem maduro. Estão atropelando o desenrolar natural das idades. A infância deve ser prolongada por mais tempo possível para que se sedimente a formação necessária e  o espírito infantil deve ser mantido em todas as outras idades para que sejam formados autênticos adultos, dignos, ponderados e felizes, conservando, assim, em nós, a pureza, o frescor, a alegria, a esperança e a saudável vitalidade. Precisamos manter fiel a criança imortal dentro de nós.
A criança de hoje é o homem de amanhã. A formação do caráter é necessariamente um longo processo. Inicia-se com o nascimento e perdura por toda a vida. Os anos formativos da infância e da juventude são os de maior valia na formação da personalidade. Faz-se mister preparar nossos pequenos para o futuro. O filho, criação de Deus, nasce de um pai e de uma mãe, e destes é a responsabilidade de sua primeira educação. Aos pais compete formar o corpo e a alma do filho. A lição mais forte é o próprio exemplo, ele vale mais do que muitas palavras. Com a modernidade eles são bombardeados por uma imensa quantidade de informações cheias de apelo de consumo que precisam ser supridas não com fórmulas mágicas, com historinhas que enganam,  mas com presença, amor, companhia, caminhos, rumos, projetos, sonhos e sobretudo LIMITE e reflexão com firme propósito em DEUS, na Família, no estudo e no trabalho, pequenas tarefas que preparam para a vida... 
  Hodiernamente as crianças têm ido cedo para as Escolas e em classes maternais elas brincam, aprendem e se socializam convivendo com os coleguinhas. Nos tempos antigos só se ia para o Colégio aos sete anos e  havia resistência de alguns pais que temiam enviar principalmente as meninas que consideravam indefesas, extremamente frágeis, para o convívio com muitos outros alunos, fora do alcance de seus olhos. A sede do saber  entranhada em muitas delas, faziam-nas desejosas por conhecimentos, ávidas por aprender. Conheci  a linda trajetória escolar de uma pura e ingênua garotinha que ansiava estudar e  o pai temeroso relutou em consentir. Ela pedia, pedia... Seu irmão, Cristóvão  desposou a grande mestra Olga Tardin e só assim o pai severo permitiu fosse matriculada. Ela deslanchou e feliz captava todos os ensinamentos. Já na Quarta Série, Olga ensinando a redação de cartas, disse que elas deveriam ser iniciadas com uma saudação, que poderia ser “Querida fulana...” , Adorável amiga fulana... ou “Meiga fulana...” e ela entusiasmada redigiu várias cartas. Dias após, Dona Olga sugeriu que escrevessem à Prefeitura solicitando uma BOLSA DE ESTUDOS e ela prontamente iniciou: “MEIGA PREFEITURA...”, a mestra achou muito engraçado e ao receber a visita do Secretário Municipal de Educação , apresentando-lhe com muito orgulho o seu trabalho,  disse-lhe: “Olhe, Senhor Secretário, o que minha cunhadinha escreveu. Quando ele leu “MEIGA PREFEITURA...” o riso foi geral, mas imediatamente ela ganhou a BOLSA com a condição de se esforçar muito, pois se fosse reprovada perderia o benefício. E a meiga, dócil e esforçada menina foi para o Colégio Rio Branco e de lá saiu a brilhante e honrada Professora Therezinha Teixeira de Siqueira,  da qual tive o privilégio de ser discípula. Através dela externo a todos os meus outros grandes e amados MESTRES o meu carinho e gratidão. Não fossem eles não poderia estar escrevendo agora. O PROFESSOR é peça fundamental na Cultura do país, é o profissional mais importante da sociedade. A educação  transforma, constitui o alicerce de qualquer nação, leva os indivíduos a voos mais altos, amplia os seus conhecimentos e os coloca em contato com possibilidades inesgotáveis de realização pessoal e profissional. Ele prepara o homem para todas as outras profissões. Os que ocupam os mais elevados cargos passaram por ELE. Missão de amor, de modelar genialidade que promove humildes, doutores, presidentes, rainhas, reis e príncipes. Sua palavra é eco que ressoa. Fonte de conhecimentos, valores, costumes, cultura, fé, responsabilidade e lutas.    Eu me orgulho de ostentar  este título e de ter exercido esta profissão!!!  “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” Cora Coralina.
 FAMÍLIA, CATEQUESE E ESCOLA, elementos de suma importância na educação que é passada de geração em geração, alicerces transmissores dos conhecimentos e sabedoria para que cada um se torne uma pessoa íntegra e feliz.
 Que a MÃE, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil, nos cubra com o seu SANTO MANTO, nos abençoe para educarmos nossas crianças para Deus, moldando-as na consciência do sentido da vida, na preservação do caráter, na estima à honestidade, aos valores, atitudes e hábitos éticos e morais.  Pedindo a SUA bênção maternal, transcrevo, reafirmando a súplica que faço no segundo quarteto do meu soneto intitulado “SENHORA APARECIDA”: De Deus e Nossa, MÃE compadecida, / Como olhaste JESUS, tua CRIANÇA, / Olha os velhos, a infância desvalida, / A família e a Pátria, sem tardança.

PRA FRENTE BRASIL! (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 15/09/2013)

PRA FRENTE BRASIL!     
                                                                                             Vera Maria Viana Borges

   Setembro chega de mansinho prenunciando a primavera que nos encanta com o adejo de amor dos passarinhos e a beleza das floradas que matizam os jardins onde lírios, manacás e a flor rasteira atingem o esplendor.  O viço das planícies, a serra em flor, os suaves ares reportam-me à Escola Luís Tito de Almeida em Rosal no meu primeiro ano escolar. O sol estava radiante! A lembrança que tenho daquele radioso Dia da Pátria é das mais lindas. Na Escola, Dona Haidée Borges Brasil, Genilda, Nélia Gonçalves dos Santos e Senhor Hildebrando José Teixeira nos esperavam para o desfile.  Após, seguimos para a sede da Lira 14 de Julho onde estava instalado o Serviço de Alto-Falante do Senhor Chiquinho (o grande Francisco Nunes) que nos aguardava para a apresentação de um significativo momento cívico com o canto do Hino Nacional Brasileiro, do Hino da Independência e declamação de poesias alusivas à data. Recordo aqueles episódios e emergindo volto a este setembro. Semana da Pátria! Esta Pátria, tão querida e tão sofrida, que salvo algumas exceções, é lembrada somente em declamações nas escolas, desta “brava gente brasileira” repetindo as belezas da terra que “tem palmeiras onde canta o sabiá...  Independência ou Morte! Fico confusa... Morte de índios, de mendigos, de menores, de marginalizados, de sem-terra, de desempregados... Independência! Mensalão, escândalos, corrupção, ai meu Deus, que medo de estar trocando de Colonizador!  A  independência não se dará sem a superação destes e de outros males. Acorda Brasil! Instrui o povo! O drama da evasão escolar no Brasil, sobretudo nos primeiros anos da Escola Primária, e o da repetência, são assustadores, exigindo esforços que a qualquer custo deverão ser enfrentados. Não se pode abrir mão da maior riqueza, o ser humano, como parte decisiva para o desenvolvimento. O analfabetismo é uma das causas que contribui para manter imensas multidões na condição de subdesenvolvimento. O papa João XXIII já dizia que “a fome de instrução não é menos deprimente que a fome de alimentos: um analfabeto é um espírito subalimentado.”
   Já não existem fronteiras para o conhecimento, vivemos num mundo globalizado. A linguagem é indispensável à vida. As invenções, da arte culinária, das armas, da escrita, da imprensa, dos métodos de construção, dos meios de transporte, das descobertas das Ciências e das Artes, nos foram legadas através de nossos antepassados por  meio da linguagem falada ou escrita. É sem dúvida a LINGUAGEM que movimenta o mundo... É ela que distingue o ser humano dos animais. “A linguagem é o arquivo da História.”(Ralph Waldo Emerson (1803-1882), crítico e poeta norte-americano).  Os seres humanos a adquirem através da interação social na primeira infância. As crianças geralmente já falam fluentemente aos três anos de idade . Seu uso tornou-se profundamente enraizado na cultura humana, além de ser empregada para comunicar e compartilhar informações. A linguagem também possui vários usos sociais e culturais  e é muito usada para o entretenimento. 
   Ao homem bárbaro, bastavam-lhe meios rudimentares para a comunicação; quando a necessidade se fazia sentir, valiam-se de sinais como o fogo, a fumaça e o som. Os desenhos tiveram  importância, prova disso são as gravações no interior das grutas pré-históricas, nas tábulas de madeira e de argila encontradas em escavações arqueológicas. A evolução da linguagem foi extremamente lenta! Através de milênios, foi-se dando característica própria  a cada povo. Surgiram as várias LÍNGUAS...
   Um dos maiores inventos de todos os tempos, foi o da IMPRENSA em 1450. Gutenberg abria com ela os portos da COMUNICAÇÃO, que tornou-se certa  e permanente, propiciando ao homem chegar a outros inventos, tornando possível a Revolução Industrial. Com tantas conquistas, as comunicações são causa e efeito do progresso, e assim sendo, a história dos meios de comunicação se confunde com a história da humanidade.
   A imprensa foi introduzida no Brasil com a corte de D. João VI; o material gráfico pertencia à Secretaria dos  Estrangeiros e da Guerra, tendo sido colocado no porão do navio “Medusa”, pelo conde da Barca, e posteriormente instalado em sua casa. Depois de um ato real, a casa passou a funcionar como Imprensa Régia e aos 10 de setembro de 1808, sai  o primeiro jornal  editado no Brasil, a “Gazeta do Rio de Janeiro”.
   Hoje há um bombardeio de mensagens e um turbilhão de notícias. No mundo, todos sabem de tudo. Tem livro, revista, jornal, rádio, televisão, telégrafo, telefone, DDD, DDI, CELULAR, Embratel, Intelsat e a Internet que transpõe barreiras, desconhece distâncias geográficas, elimina  fronteiras...  Apesar de usar toda esta tecnologia que a modernidade nos  oferece colocando à disposição os livros e jornais eletrônicos, o que nos dá muito mais prazer é ler no papel, impresso,  para poder manusear, folhear, sublinhar os pontos mais importantes para fazer  releituras  do principal e ler e reler... Ler é crescer, ler é cultura, cultive esta ideia! Já dizia Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”.
  Salvaguardemos estas conquistas com a experiência de séculos e milênios. Somos responsáveis pela história e por nosso destino. Preservemo-nos do sensacionalismo, das notícias escandalosas, pois só a VERDADE  liberta. Assim, serão descobertos novos valores, novas perspectivas, alcançando-se horizonte auspicioso, com o amor  tão necessário ao equilíbrio do homem  e  à paz  social.
       Só mesmo o Deus Pai, com Seu INFINITO AMOR, poderá nos conduzir através do sopro do Seu Divino Espírito e de Sua Palavra ao Verdadeiro Caminho. Creio que com  SAÚDE e EDUCAÇÃO de qualidade faremos desta Pátria, uma Pátria digna, culta e livre dos grilhões que a forjavam.  PRA FRENTE BRASIL!!!


FESTA DE AGOSTO (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE - 23/08/2013)

FESTA DE AGOSTO
                                                                            Vera Maria Viana Borges
   Ao ensejo da festa magna do nosso Município, a nossa adorada Bom Jesus se engalana para receber filhos ausentes e ilustres visitantes que num congraçamento e na mais perfeita comunhão de ideais promovem as emoções do reencontro.
   O colorido das barraquinhas, aguça, entusiasma e alegra a criançada. Pelas ruas cata-ventos, bolas, pirulitos, algodão-doce, maçãs-do-amor graúdas e bem vermelhas. Barracas de Chope com música ao vivo. Exposições! Bandas de Música! Alvoradas! Shows magníficos com festejados artistas do Cenário Nacional. Fogos de Artifício, com grandioso espetáculo pirotécnico...
   No dia 02 começam as procissões da “Coroa” em honra ao Divino Espírito Santo, ao som do “Alva  Pomba”, contribuição do saudoso Padre Antônio Francisco de Mello que aqui chegou em 1899, falecendo em plena Festa de Agosto, a festa que tanto amava, no dia 13, no ano de 1947, pedindo que não fossem interrompidos os festejos... O bom pároco, foi parte integrante de nossa comunidade. Padre Mello ajudou a construir a NOSSA HISTÓRIA, viveu intensamente, lutou, trabalhou muito nestas terras. Não se descuidando da educação religiosa, ensinava, rezava e cantava com o seu rebanho. Milhares de batizados e casamentos foram celebrados por ele. Engenheiro e Arquiteto, remodelou a Igreja, erguendo-lhe uma das torres em 1931. Belíssima a nossa Matriz! De rara sensibilidade, Jornalista e Poeta, deixou o excelente literato, páginas douradas, registrando fatos com fidelidade, depositando-os no repositório fiel da MEMÓRIA! Quem não se lembra de seu Poema “Morrer Sonhando” na voz forte e vibrante do saudoso Salim Tannus, na abertura dos festejos, todos os anos, no dia 13, após o hasteamento das Bandeiras?
   15 de AGOSTO! A Igreja celebra nesta data a Assunção de Maria... Por que então se promove a Festa da Coroa e do Cetro do Divino, nesta época, aqui em Bom Jesus?
   Agucemos nossos ouvidos, no tempo...
   ...Por volta de 1780 chega ao Brasil, vinda de Portugal a Família Teixeira de Siqueira. Um de seus membros, Francisco Teixeira de Siqueira, fixou residência em Rio Pomba, na Província das Minas Gerais. Indo trabalhar na Fazenda de Domingos Gonçalves Magalhães, em 1810 casa-se com a  filha do patrão,  Felicíssima Roza de Oliveira. Após o falecimento de Francisco em 1855, dez de seus quatorze filhos vieram aqui para esta região. A chegada da Família Teixeira de Siqueira marcou o início das Festas do Divino. Quando para cá vieram receberam das mãos da Srª Felicíssima,  as “Relíquias da Coroa e do Cetro do Divino Espírito Santo”, vindas de Portugal, com a autorização do Senhor Bispo de Mariana, Minas Gerais, para serem guardadas na casa da referida família e com a recomendação de trazê-las para a Fazenda  da  Barra    (Barra do Pirapetinga-Bom Jesus), e posteriormente entregá-las à Igreja do Arraial para que se observassem orações, novenários, procissões com visitas às casas de famílias e Oratórios. Continuaram cumprindo a devoção. Faziam procissões entre fazendas onde se mantinham Oratórios. A cada ano se escolhia os Provedores da Festa.
   Transcorria o ano de 1863, era maio, tendo estado gravemente enfermo o menino Pedro Teixeira Reis, neto de Dona Felicíssima, seus pais Joaquim e Jovita, prometeram ao Divino Espírito Santo que se o menino ficasse curado, ele seria vestido a caráter, como Imperador da Guarda da Coroa e do Cetro. Com a sua cura, dirigiu-se o pai  à Corte para comprar as roupas e cumprir a Promessa. Iniciou-se assim a presença de um Imperador à tradição da Festa do Divino.
   Em 1875, foram iniciadas pelo Padre José Guedes Machado, as obras de nossa Igreja, sendo concluídas em 1878. Neste ano os Provedores da Festa foram os casais: Francisco José Borges (bisavô de meu marido) - Anna Roza Teixeira (ela filha de D. Felicíssima) e Antônio José Borges - Bárbara Roza Teixeira, filhos do casal anterior, sendo ele do 1º matrimônio de Francisco e ela do 1º matrimônio de Anna. Com o casamento (segundas núpcias) de seus pais eles também se casaram , com doze e quinze anos respectivamente. São os avós do nosso 1º Prefeito, o ilustre José de Oliveira Borges. Em cumprimento às determinações entregaram  solenemente as “Relíquias” ao Padre José Guedes  Machado, para que a Igreja desse continuidade à devoção. Em maio de 1879 - o 1º Novenário na Matriz.
   Em 1897 D. Francisco do Rego Maia, Bispo Diocesano, nomeia para servir a Bom Jesus o Reverendíssimo Padre Antônio Francisco de Mello. Somente em 1899 chega o referido Vigário à nossa Paróquia, encontrando aqui as mesmas tradições de sua terra, Portugal, quanto às Relíquias. Conservou-as. Devido à colheita do café, ocorrida  no mês de maio (época em que se comemorava a tradição da Coroa), transferiu  a Festa da Coroa ou do Divino para o mês de agosto e assim passou a se chamar FESTA DE AGOSTO.
O padre acrescentou aos ritos  o belíssimo hino Alva Pomba de autoria do Padre Delgado, da Ilha de São Miguel em Portugal. Ainda hoje a Banda o executa enquanto os fiéis cantam nas procissões.
   Em 1956 com a  substituição do Pároco de Bom Jesus, interrompeu-se a celebração por 27 anos. Somente em 1983, quando o Padre Paulo Pedro Seródio Garcia (descendente dos Teixeira de Siqueira) assume a Paróquia do Senhor Bom Jesus é retomada a tradição.
   Que o Divino Espírito Santo como fogo ardente e abrasador ilumine e aqueça com Sua Graça  os corações de todos  os bonjesuenses, abençoando as terras do Senhor Bom Jesus e este seu povo que ama e tem fé.
   Transcorra sempre em paz a NOSSA FESTA!...  

ZÉ DO NOLA (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 27/07/2013)

ZÉ DO NOLA
                                                                                         Vera Maria Viana Borges
Saio gratificada da leitura da fascinante obra “DA FORJA AO FREIO”, espetacular história de vida de José Boechat Borges, notável empresário de Itaperuna-RJ, fundador da Fábrica de Freios Boechat, uma biografia autorizada escrita pelo emérito jornalista Camilo de Lellis, a partir de relatos orais e fotografias de amigos e familiares com a revisão da beletrista Ábia Dias, amada confreira da Academia Itaperunense de Letras.
Edição em grande estilo, com perfeita diagramação, papel de qualidade, lindas páginas a cores com fotos extraordinárias, texto claro revelando um passado de lutas e um presente glorioso daquele que começou a trabalhar aos sete anos ajudando o pai nos serviços de ferreiro e, juntos construíram uma empresa que criou tecnologia de ponta para a indústria.
Seu pai, Algenor Boechat, conhecido como Nola, filho do então proprietário da Fazenda do Leite com quem trabalhava, após revés causado pela vida mudou-se para a Serra do Tardin, próximo a Carabuçu. Nola casou-se com Carolina, filha de Messias José Borges e Francisca Pereira Borges, de Barra do Pirapetinga e lá na Serra do Tardin tiveram a primeira filha Maria José ( esposa do Sr. Carlos Borges Garcia).
Mudaram-se para Barra do Pirapetinga, a noroeste da sede do Município e Nola foi trabalhar na Fazenda de Anacleto José Borges (hoje nossa propriedade) tio de Carolina. Ali nasceram os filhos Antônio Carlos e José Boechat Borges, este  no dia 20 de abril de 1932.
Nola, muito trabalhador, persistente, observador e inteligente, numa de suas vindas a Bom Jesus viu um homem esquentando correntes em brasa e emendando-as para serem utilizadas nas cangas de bois. Sentiu que podia prestar aquele serviço. Assim começou a emendar correntes, consertar arados e a realizar pequenos serviços. O Senhor Leonídio Germano vendo nele grande potencial como ferreiro tratou de levá-lo para a“Vargem Alegre” hoje Pirapetinga de Bom Jesus e ali em 1939 nasceu-lhe a filha caçula, Maria Alice.
O trabalho era duro e as crianças ajudavam como podiam. O garoto José se propôs a ajudar no serviço de ferreiro. Começou soprando o fole para avivar a forja e fazia o polimento das peças. Seu primeiro trabalho foi um bocal de freio para o cavalo do avô materno Messias José Borges (tio-avô do meu marido). Fazia esporas e outros produtos de excelente qualidade, sendo que alguns ainda existem.
Nola buscando outras formas de renda aprendeu a dirigir e fazia fretes entre Vargem Alegre e Bom Jesus. Passou a trabalhar como motorista da conceituada agência CHEVROLET BOUSQUET de Bom Jesus do Itabapoana. Deixava as ordens de serviço com José, que as executava e anotava novas encomendas. Chegando à noitinha trabalhava até a madrugada. Com o tempo, José passou a ser chamado “ZÉ DO NOLA”.  Pouco pôde se dedicar aos estudos e brincadeiras.
Além da Ferraria, prestavam serviços para melhor funcionamento de fogões, onde colocavam serpentinas com canos galvanizados  para esquentar a água da caixa e proporcionar os banhos quentes e aconchegantes. O menino José empunhava sua caixinha de ferramentas e com um embornal no ombro saia para efetuar os trabalhos necessários. 
Mudaram para Itaperuna, estabeleceram e tiveram que aperfeiçoar. Fizeram melhorias para os sistemas de carros de boi e para reboques puxados por trator. Fizeram lataria, motor, capotaria, caixa de marchas e pintura de um Ford 1929. Neste carro José aprendeu a dirigir.
Em 1952 o primeiro torno e uma máquina de solda. Voltaram-se à mecânica automotiva. Em 1954 foi criada a “BOECHAT & FILHOS”. Passaram a trabalhar exclusivamente com caminhões. José analisando os fracos freios dos caminhões ALFA ROMEO, criou e produziu cuícas ou piorras para torná-los mais eficientes. Produziu câmara de freio a vácuo seca para adaptar em caminhões CHEVROLET, sistema que foi muito usado pelo Exército Brasileiro. Vendia em Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e mais Estados.
Criou o “Freio a ar Boechat” e ele mesmo o Diretor da Empresa ia instalar os primeiros produtos vendidos, orientando os mecânicos das empresas. Investiu na produção e reposição de sapatas de freios. Começou a vender para o exterior: Estados Unidos, Canadá e Mercosul. Só no Canadá esteve por oito vezes dando assistência técnica sem dominar o idioma local.
Segundo o relato de Camilo de Lellis, José trabalhava duro e o horário sendo pequeno para tanta disposição, ele trabalhava à noite, escondido de Nola. Ele sempre amou cães e caçadas e enquanto a lei permitiu foi caçador de pacas. Curtiu os bons Carnavais de outrora e suas animadas marchinhas. Tem Paixão pelo BOTAFOGO e toda a sua prole é botafoguense.
Personalidade admirável em todos os aspectos. Popular, respeitoso e respeitado. Humilde, porém franco, incisivo e corajoso. Homem de Garra e Fé, de acendrado amor à família, digno do nosso aplauso e reconhecimento.
De parabéns, o Jornalista Camilo de Lellis, o biografado José Boechat Borges e a todos os que tiverem o privilégio de ler e possuir a magnífica obra.
Eis, a trajetória do ZÉ DO NOLA,  um legítimo e autêntico representante dos BORGES DA BARRA!