segunda-feira, 9 de abril de 2012

O BAIRRO QUE FOI NOVO (O NORTE FLUMINENSE-14/03/2012)

                    O BAIRRO QUE FOI NOVO                                                     
                                                                      Vera Maria Viana Borges

                    Trajeto muito percorrido em minha infância, foi a Estrada Rosal - Bom Jesus. Lá da santa terrinha, descíamos para vir ao dentista, ao médico, por vezes ao cinema e mesmo para assistir aos espetáculos circenses no ALTO DE SANTA RITA, com os famosos "Globos da Morte". Grandes Companhias!...
                  Para a criança vinda do distrito, aqui tudo era maiúsculo... A Avenida Padre Mello era grandiosa, a casa do Padre, um monumento, que hoje sinto deveria ter sido tombado, preservado, para a história da nossa adorada Bom Jesus... A Igreja Matriz, arquitetônica!...
                  Vim prestar o "Exame de Admissão ao Ginásio". Tendo sido aprovada, mudamo-nos para cá em 1955.
                 Descendo a  Rua Dr. Abreu Lima, que nasce na Praça Governador Portela, caminhávamos em paralelepípedos. A rua já era calçada até a entrada da Avenida Padre Mello (que também tinha calçamento). Daí para frente era barro vermelho. Imponente na esquina avistava-se o Armazém de Café do Sr. Karim João, onde nos fundos residia Orlando Alves de Oliveira, motorista, figura popular, amiga de todos. A seguir, bem edificada, a residência do Sr. Alípio Garcia, o então proprietário do Cartório do 2º Ofício de nossa cidade. Após, havia uma casinha bem simples, com cerca de arame farpado, que abrigava o Sr. Armindo Carroceiro. Finalmente, afastada do alinhamento, a "Fábrica de Balas" do Sr. Ésio Bastos... aquelas balas branquinhas, tão docinhas, com listrinhas coloridas... doces lembranças!...
                Aí estava delimitado o perímetro urbano, pelo Valão Soledade que se atravessava em ponte de madeira.
                Daí para frente era macega, e um novo loteamento, onde já eram edificadas as primeiras residências.
                O "Departamento do Café", a residência do Gerente do IBC e o casarão de alpendre do Sr. Elias Ferreira,  já se incorporavam ao cenário.
                Lembro-me bem do Matadouro Municipal, construído onde é hoje o DER e inaugurado a 13 de agosto de 1952,  e,  do funcionário eficiente, vindo de Itaperuna, o nosso estimado amigo José Camilo.
                Uma construção aqui, outra ali, surgia o Bairro Novo...
                Onde está o "Abrigo dos Velhos"  era o local em que se depositava o lixo de Bom Jesus.
                Construiu-se o prédio da Delegacia na beira-valão, e em seguida fez-se a ponte de cimento. Alair Ferreira Tatagiba trouxe o Posto de Gasolina.
                O Sr. Quinca (Laurindo Henrique), Antônio Trindade e Sinfronino Braga  foram os pioneiros da Rua Joaquim Ferreira Ramos.
               Chichico das Areias empreitou duas obras para  residências de Irma e Vera Ribeiro, respectivamente. Construía-se com tijolos de cimento da fábrica do Prefeito Gautier Figueiredo.
               Depois vieram Sr. Marcílio, Bolivar Teixeira Borges, Antônio dos Santos, Cerizê (costureira afamada), Dr. Pery, e, até mesmo  o Desembargador Sampaio Peres, construiu e residiu no novel bairro.
                Nos terrenos vagos, os garotos improvisavam campinhos para as peladas, nas horas de lazer...
               Pelas novas ruas, desfilavam de bicicleta, meninas casadoiras... Conta-se de um romance que terminou em casamento, acreditando-se que o feliz casal, reside no referido bairro, atualmente.
              Onde é hoje o "POSTO GUERRA", acampavam ciganos, e frequentemente, armavam-se circos e touradas.
              Inúmeras oficinas de lanternagem e mecânica se instalaram na região. A do Chico da Lata, a do Sebastião Godói, a do Canico, a do Polaca.
              Juca Moraes, músico da Banda, tinha um botequim, onde engarrafava vinho tinto, fabricado por ele próprio,  mais tarde surge ali o Depósito de Bebidas do Jovair.
             Na Rua Vereador João Rodrigues do Carmo, conhecemos o Ari, Inspetor de Trânsito, o Clemiltom, o Luís da Água, Antônio Martins de Souza e Catarina, o Candico, o Emídeo, fiscal da Prefeitura. Na referida rua ficava o Armazém de Café do Higino Belloti.
              As famílias abasteciam suas despensas, na vendinha do José Mangefeste.               
             Onde já foi o "Bamerindus", e posteriormente a "Constrular", o empresário Pedro Braga, proprietário da grandiosa "BRAGA MÓVEIS", inicia sua vida profissional, com um simples barracão de marcenaria. O não menos bem sucedido Passaline, também cresceu com o Bairro.
            Chega o asfalto em 1960, trazendo maior progresso à nossa terra.                
            Extrapolou, nosso bairro virou centro da cidade. A zona urbana fora esticada e no final da década de 60, o Matadouro foi transferido para a beira-rio de um novo bairro, o Lia Márcia que também se desenvolveu e estava ele novamente plantado no perímetro urbano...  Atualmente, o gado é  abatido em Frigoríficos...

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