sexta-feira, 5 de abril de 2013

BONJESUENSE (Publicado no JORNAL "O NORTE FLUMINENSE")


BONJESUENSE
                                                                                    Vera Maria Viana Borges
“Princesinha do norte fluminense,/ Com honrados patrimônios culturais,/ O “Pau-Ferro”, esplendor bonjesuense./ Bom Jesus terra boa, tão amada,/ De encantáveis belezas naturais,/ Pelo Jesus tão bom abençoada.” (Tercetos do Soneto “MINHA BOM JESUS” do meu livro “TRILHAS POÉTICAS”).
A adorável Bom Jesus do Itabapoana, sedutora cidade, de povo ordeiro e hospitaleiro, tem sua principal atividade econômica na agropecuária. Situada no Vale do majestoso Itabapoana, no Noroeste Fluminense e no Sudeste do nosso imenso, belo e altaneiro BRASIL. Somos consequentemente brasileiros, fluminenses e bonjesuenses.
Temos visto com muita frequência a palavra bonjesuense escrita de formas diversas, com “M”, com e sem hífen... Os nomes gentílicos também chamados étnicos ou pátrios exprimem “naturalidade” ou “procedência” e há variadíssimas formas de os construir. Para a sua composição, recorre-se na maioria das vezes a uma grande variedade de sufixos e desinências e outras vezes às formas latinas ou latinizadas das respectivas localidades. Não podemos estabelecer normas ou regras rígidas para formá-los pois o uso e a tradição impõem os seus direitos, forçando até o emprego de vocábulos sem nenhuma analogia mórfica com a denominação das terras ou lugares. Diante da multiplicidade de elementos não nos espanta o surgir das várias expressões, umas de caráter erudito, outras tantas de cunho popular, para a formação dos mesmos. A exemplo disso temos “Capixaba” para designar os espírito-santenses, “Fluminense” para os nascidos no Estado do Rio de Janeiro, “Carioca” para os da cidade do Rio de Janeiro, rio-grandense-do-norte ou “Potiguar” para os do Rio Grande do Norte, tricordiano para os de Três Corações e salvadorense ou “Soteropolitano”para os de Salvador(BA).
Sabemos  que o uso da linguagem faz com que ela vá se modificando a cada dia. Hoje já temos "o internetês" parecendo uma nova língua, os estrangeirismos que vão tomando conta dos textos, as gírias, os jargões... E, a "Última Flor do Lácio Inculta e Bela" vai se tornando ainda mais inculta e mascarada.
          Palavras como "formidável" que significava algo enorme, terrível, descomunal, usada com este sentido tenebroso por Machado de Assis: "Sei de uma criatura antiga e formidável, / Que a si mesma devora os membros e as entranhas. (Machado de Assis, Poesias Completas, página 293). Atualmente usamos a palavra formidável para designar algo que desperta respeito, admiração ou entusiasmo; muito bom, muito bonito, magnífico. Como exemplo outro intelectual não menos valoroso que Machado, usou-a assim:  "fez uma acusação vibrante, veemente, formidável." (Medeiros e Albuquerque, Surpresas..., página 138). No segundo sentido ficou tudo mais interessante, excelente, bom demais. Durma com um barulho destes! Esta é a grande prova de como tudo se transforma...
          É por tudo isto que eu reafirmo, a questão do "BONJESUENSE" é conversa para mais de metro. Amo demais a Língua Portuguesa e  estudo, trabalho para dignificá-la tentando acertar, mas dentro de minhas limitações eu sinto, enxergo que tenho mesmo é muito para aprender. Não sou autoridade para me pronunciar a respeito, não se pode dar fim à causa por uma consideração minha, mas continuarei grafando "BONJESUENSE",  porque a língua é viva, e o erro (se assim alguém considerar) de tanto ser usado passará a ser correto. Quantas palavras mudaram até de significado?  Jamais usaria "bomjesuense" porque antes de " p e b" usa-se "M", antes das demais consoantes deve-se usar "N". Não foi assim que aprendemos? Quanto a querermos usar a composição -"BOM JESUS" e daí - "bom-jesuense"  ficaria correto gramaticalmente, ou melhor corretíssimo segundo o Novo Dicionário do Aurélio (4ª Edição- página 315)  que faz menção a "bom-jesuense" de Bom Jesus do Itabapona-RJ e a "bom-jesuense-do-norte", assim mesmo com todos os hífens, referindo-se à querida Bom Jesus do Norte-ES. Alguns autores de Dicionário usam o termo bonjesuense. É uma questão de interpretação. Nossos intelectuais estão usando a forma por mais de cem anos, isto já está enraizado, mais que incorporado no nosso vocabulário, foi assim que aprendemos, e é assim que está nos registros e no banner da ACADEMIA BONJESUENSE DE LETRAS. Há casos que podem mais do que a lei. Um renomado amigo, intelectual, participando de certo evento ouviu da palestrante a seguinte máxima, “a língua portuguesa poderia ser utilizada como instrumento de dominação” e prosseguiu, “muitas vezes somos obrigados a ter algo como “certo” ou “errado”, sem ser oferecida qualquer fundamentação”. E isso pode se prolongar nas outras esferas da vida.”
               Eis aí o que acho, é apenas o que penso. Poderá haver um CONSENSO e tornarmos uniforme a grafia do nosso gentílico. Somente se houver qualquer resolução embasada, por intelectuais bonjesuenses  de renome, em princípios plausíveis e bem elucidados é que poderemos acatar, modificando assim o nosso ponto de vista.

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