sexta-feira, 27 de março de 2015

“MAS QUE CALOR, Ô Ô Ô Ô Ô Ô!” (Publicado no Jornal O NORTE FLUMINENSE - 12 de fevereiro de 2015)

“MAS QUE CALOR, Ô Ô Ô  Ô Ô Ô!”
                                                                                                 Vera Maria Viana Borges
               
                       “Mas que calor, ô ô ô ô ô ô/ Atravessamos o deserto do Saara/ O sol estava quente/ Queimou a nossa cara/ Allah-la-ô, ô ô ô ô ô ô...” Esta Marchinha carnavalesca ainda continua pertinente nos dias de hoje. Que calor é este que invadiu a terra? Calorão intenso, nunca vi um verão tão abrasador, a água saindo com elevada temperatura nas torneiras. Enfrentamos um dos verões mais quentes. A impressão que temos é que o SOL se enamorou da TERRA, aproximou-se tanto para beijá-la e perdidamente apaixonado não quis saber de voltar. A chuva se escafedeu, sumiu, desapareceu. A seca no sudeste é uma realidade assustadora que atinge milhões de pessoas. É de arrepiar! Os níveis dos reservatórios e das represas baixando vertiginosamente. São cenas dolorosas que presenciamos. Vemos nossos rios agonizando. Acredito que esta seja a seca mais intensa dos últimos cem anos em nossa região. Triste realidade!
                 O Carnaval da década de 50 ficou na história devido à quantidade de marchinhas que denunciavam mazelas sociais e políticas, situações de escassez, de privação do necessário por que passavam as classes menos favorecidas. A irreverência das letras nos ataques aos políticos, nas críticas aos péssimos serviços públicos era saboreada nos bem elaborados versos cadenciados em esfuziante e animado ritmo. Mas as dificuldades não são coisas do passado, percebemos que após tantas décadas elas se repetem e se agravam. A questão hídrica é mais grave do que imaginamos e as referidas marchinhas continuam mais atuais do que nunca e muito mais relevantes ao longo dos anos. Com o agravamento da mais recente crise hídrica, em pleno século XXI, mais precisamente em 2015 o apelo continua o mesmo e mais uma vez a marchinha VAGALUME de Victor Simon e Fernando Martins poderá embalar os foliões brasileiros: “ Rio de Janeiro/ Cidade que nos seduz/ / De dia falta água/ De noite falta luz./ Abro o chuveiro/ Oi, Não cai um pingo Desde Segunda/ Até Domingo/ Eu vou pro mato/ Oi, pro mato eu vou/ Vou buscar um vagalume/ Pra dar luz ao meu chatô." Também muito popular a composição “Tomara que Chova”, de Paquito e Romeu Gentil: “Tomara que chova/ três dias sem parar/ A minha grande mágoa/ É lá em casa não ter água/ Eu preciso me lavar.” Lembro-me também da campeã do Carnaval de 1952, na voz da grande cantora Marlene, LATA D’ÁGUA composição de Luís Antônio e Jota Júnior: “Lata d'água na cabeça/ Lá vai Maria, lá vai Maria/ Sobe o morro e não se cansa/ Pela mão leva a criança/Lá vai Maria. / Maria lava roupa lá no alto/ Lutando pelo pão de cada dia/ Sonhando com a vida do asfalto/ Que acaba onde o morro principia.”
               A estiagem que atinge a nossa região é tão vertiginosa que nos faz lembrar o Gonzagão com a imortal  “ASA BRANCA”, composição de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, canção que teve como tema a seca no nordeste brasileiro e chegou a ser tão intensa, a ponto de fazer migrar até mesmo a ave “asa-branca” (Patagioenas picazuro, uma espécie de pombo também conhecido como pomba-pedrês ou pomba-trocaz). A seca obrigou, também, um rapaz a mudar da região. Ao fazê-lo, ele promete voltar um dia para os braços do seu amor.  É a saga de um povo sofrido. Aqui no sudeste os nossos rios estão muito abaixo do nível normal, tomados por bancos de areia, as cachoeiras secando, um prejuízo imensurável no campo, com lavouras perdidas, o gado magro e muitas e muitas cabeças já mortas. Peçamos com Fé a Deus que nos mande uma chuva boa e promissora para que voltem as nascentes e que as águas cresçam porque água é fonte de vida, é fonte de energia, consequentemente fonte de luz. Água e luz são bens indispensáveis. Sem energia é muito difícil mas ainda se sobrevive, mas sem a água torna-se impossível. Eu era bem pequenina, lá em Rosal, quando havia seca, o povo subia o morro do cruzeiro em procissão rogando ao Pai do Céu que mandasse a chuva e muitos levavam vasilhas com água para jogar aos pés da CRUZ. Lembro-me vagamente de um dos cânticos: “São Sebastião Glorioso/ Que mora na beira do mar/ Levanta a Bandeira pra cima/ Deixa a água derramar.” É a religiosidade do povo brasileiro. E a chuva vinha. Creio no PODER DE DEUS e neste momento crucial só Ele poderá nos valer. A história se repete, no Facebook,  no dia 15 de janeiro a jovem senhora Fabiana Morais, musicista, pessoa de grande sensibilidade, extremosa esposa e dedicada mãe, nora de uma outra grande mulher rosalense a inesquecível Professora Ana Glória, convoca para novena pedindo chuva como segue na íntegra: “Estamos passando por um momento delicado em nossa região: A FALTA DE CHUVA! O quadro atual é altamente preocupante, não há previsão de chuvas! Por isso começamos hoje, em Rosal, uma peregrinação ao cruzeiro, onde rezaremos o terço, a novena e orações. Convidamos a todos para que venham participar conosco, pois para Deus nada é impossível e nós cremos NELE! Também Nikolai CP, outro querido amigo do FACE postou suplicando: “Deus, nosso Pai, Senhor do Céu e da Terra,Tu és para nós existência, energia e vida. Faça cair do céu sobre a terra árida a chuva desejada a fim de que renasçam os frutos e sejam salvos homens e animais.” Vamos implorar como aquela viúva do Evangelho, vamos pedir, pedir, pedir pois ELE mesmo nos afirma: “Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta" (Mateus 7 : 7)
                  Estamos sem virador, em outros tempos podíamos correr para as praias em busca das brisas do mar, mas para todo lado tem racionamento d’água e neste caso o melhor é obedecer ao dito popular: “Boa romaria faz quem em sua casa fica em paz.”
           Que a chuva venha e possa suprir todas as nossas necessidades, necessidades estas não só para nossa sobrevivência pessoal, mas para a sobrevivência de toda a humanidade. Com os reservatórios voltando à normalidade vamos unir forças para um melhor gerenciamento dos recursos naturais, incluindo o desperdício e a elaboração de normas que assegurem a preservação da água, com o fim de assegurar a todos este bem tão necessário e garanti-lo às gerações que ainda hão de vir.
                  Tombem as chuvas purificando os ares, trazendo novo ânimo para toda a criação.
                  O Tríduo de Momo seja alegre, animado divertido e feliz. 
                  BOM CARNAVAL!!!

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