sexta-feira, 9 de novembro de 2018

MÉDICOS DE HOMENS E DE ALMAS (Publicado no Jornal O NORTE FLUMINENSE - 31 de outubro de 2018)

MÉDICOS DE HOMENS E DE ALMAS   
                                                                                                  Vera Maria Viana Borges
               
                Dezoito de outubro, Dia de São Lucas e Dia do Médico.
            Os médicos que cuidam de nós fazem parte de nossa vida como se fossem de nossa família. Aos sacerdotes apenas confidenciamos as questões de nossas almas mas a eles revelamos os problemas do corpo e da alma. Abrimos para eles as portas de nossos lares, entregamos as nossas queixas e os nossos padecimentos, assim como os dos que nos são caros, e eles com a Ciência, com discrição plena, com dedicação ímpar, proficiência, finura de trato, mitigam as nossas dores. Amigo das horas difíceis que com carinho e desvelo assiste na hora angustiosa da enfermidade.
           Lucas nasceu em Antioquia da Síria e era médico de profissão. Estava muito bem preparado na ciência do seu tempo e conhecia bem a língua e literatura gregas. São Lucas, Lucas ou simplesmente Lucano  autor de um dos quatro Evangelhos da Bíblia e também dos Atos dos Apóstolos  foi o único apóstolo que não era judeu, nunca viu Cristo e tudo o que está escrito em seu Evangelho foi adquirido por meio de pesquisas e do testemunho da mãe de Cristo, dos discípulos e dos apóstolos. Ele nos fala através de seus escritos da “Mansidão de Cristo”.
       “Médicos de Homens e de Almas” conta a história de São Lucas, é um livro cativante e emocionante, é uma leitura fantástica! A célebre autora Taylor Caldwell revela que o escreveu durante quarenta e seis anos e afirma “este livro trata de Nosso Senhor apenas indiretamente. Não há romance nem livro histórico que possa transmitir a história de Sua Vida tão bem quanto a Santa Bíblia”. A vida do apóstolo São Lucas é muito interessante, é um verdadeiro exemplo de fé, força e coragem. Vale a pena viajar na narrativa bem elaborada, rica em detalhes. Sou apaixonada por esta obra, recomendo a leitura; eu particularmente, já fiz várias releituras.
          Momento de muita emoção que merece ser lembrado é o encontro de Lucano com o seu irmão Prisco, o soldado romano que recebeu a incumbência da crucificação de Jesus. Os oficiais de Prisco viram-no desconcertado perante tamanha corvadia.  Viam o seu desespero, os seus olhos apavorados, a sua expressão  tensa e sua ansiedade, enquanto aguardavam a sua decisão. Olhando para o prisioneiro, vendo o seu absoluto sofrimento, exclamou: Vamos acabar com isto em nome dos deuses! Pediu que lhe trouxessem  o vinho,  a taça e também ópio, desejando suavizar a dor do condenado. Gaguejando pediu-lhe que bebesse. Jesus sacudiu a cabeça em negativa, mas olhou-o com gratidão, com olhar suave da mais incrível delicadeza e bondade, assim, Prisco sentiu-se ainda mais aterrorizado. Lançou seu olhar para a cruz do meio com olhos desolados e viu uma única luz na escuridão, enquanto ouvia um jovem oficial dizer com voz trêmula: “Na verdade este homem era um justo!” Prostraram-se de joelhos implorando aos seus deuses auxílio e salvação. Uma enorme náusea tomou conta de Prisco e ele se entregou ao remorso, ficou gravemente enfermo e em fase terminal, relata toda a sua história para o seu irmão Lucano, o magnânimo  médico de homens e de almas. Aflito ele repetia que ficou muito doente e estonteado, que a dor começou no estômago e que ELE o condenou à morte pela parte que tomou em Sua execução. Não, exclamou Lucano, como poderia Deus condenar-te? Ele te amou! Falaste do Seu olhar compassivo, Ele deseja que te aproximes mais, que repouses em Seu coração, e que sejas um com Ele. Ouve, eu te digo que Ele te ama, e que está sempre contigo!”.  Ao narrar, Prisco sentia-se muito cansado. Sua alma sentiu-se aliviada após a narrativa e ele adormeceu enquanto seu irmão juntou as mãos e proferiu longa, sentida e bela  oração, que terminou assim:  “ ...Tem piedade de meu pobre irmão a quem foi ortogado o mérito de ver-te em nossa carne. Ele Te ama e Te conhece.  Dá-lhe paz, dá-lhe alívio para suas dores. Se ele tem de morrer, concede-lhe, então, morte tranquila, sem mais angústia. Não és Tu compassível para com seus filhos? Chamam eles por Ti em vão? Não, jamais eles chamam  por Ti sem Teu auxílio e Teu consolo! Aqui está meu irmão, que Te ama. Sê misericordioso para com ele, e conduze-o para Ti”. Ao sair do quarto os que o aguardavam na sala de jantar espantaram-se e fixaram os olhos nele que brilhava como a lua e exclamou: “Meu irmão conheceu Deus e O viu crucificado e é abençoado por isso!”.  Dois médicos que o assistiam ficaram perplexos com sua cura. Muito depois de todos dormirem, Lucano escrevia o seu Evangelho da Crucifixão.
            Seu encontro com Maria Santíssima é o ápice dos acontecimentos, acontece nas últimas páginas e é o momento mais comovente. Ela fala detalhes desde a Anunciação do Anjo, da visita à sua prima Isabel,  da origem do canto Magnificat, de fatos da infância de Jesus, do amor de seu esposo José pelo Menino, dos brinquedos que ele lhe fazia, e do encontro de Jesus com o anjo do mal, presenciado por Ela. Uma particularidade do Evangelho de São Lucas é o seu amor pela Virgem Maria, nele sobressai o tema mariano. Por isso foi chamado de “Pintor de Maria”, não apenas porque A pintou em tela, mas porque a pintou maravilhosamente no seu Evangelho. 
           Ó São Lucas, glorioso Apóstolo e Evangelista, alcançai-nos a graça de seguir com fidelidade a JESUS que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Ó bom e santo médico, que com santas mãos invocando o nome do Senhor, curastes tantos enfermos de tão graves enfermidades, do corpo e da alma, segundo a vontade de Deus, intercedei por nós, por todos os MÉDICOS, para a maior glória, por toda a eternidade. Amém.

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