segunda-feira, 13 de junho de 2016

BOM JESUS EM OBRA DE AFRÂNIO COUTINHO (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE - 31 de março de 2016)

BOM JESUS EM OBRA DE AFRÂNIO COUTINHO
                                                                                               Vera Maria Viana Borges
   
                            Ao longo de minha trajetória sempre cultivei uma paixão exacerbada por livros. Não são os livros alimento para o espírito? Pelo que se podia ler à entrada da “Biblioteca de Menfis” (2000 anos Antes de Cristo) -“REMÉDIO DA ALMA”, conclui-se, que a leitura além de alimento é remédio para o espírito.
                              Melhor maneira de se difundir conhecimentos, para o contato direto com o Saber e com a Ciência e de nos familiarizarmos com Homero, Cervantes, Rui Barbosa, Padre Antônio Vieira, Machado de Assis, Érico Veríssimo, Josué Montello, Jorge Amado e tantos outros cultores da Literatura. Os gregos e romanos compreenderam bem isto e não é pois de se admirar que esses povos tenham produzido tanto no campo das letras e das artes. Por meio deles entra-se em contato com as mais sublimes criações, da Poesia, da Prosa, da História e da Ciência.
                            Lembranças da juventude! Recordações de tempo saudável e gostoso! O acendrado amor às letras, cultivado desde cedo, pois aos oito anos já rascunhava os versinhos da lembrança de minha Primeira Comunhão, fez com que aos quinze anos me aproximasse de exemplar, nobre, simpático, idôneo e autêntico casal de PROFESSORES, daqueles que se grafa mesmo com maiúsculas- NILCINEIA e VERO. Ainda os encontro vez ou outra nas ruas de nossa Bom Jesus. Conheci o ilustre casal no COLÉGIO ZÉLIA GISNER. Guardo, ainda, na memória do coração, lembranças daquele companheirismo e dessa amizade que continua viva, apesar da distância que nos separa. Gozo felizmente do convívio pressuroso do seu primogênito Védio Fernandes Baptista e demais familiares.
                       Vero Baptista Azevedo, aficionado por livros, possuidor de vasta, interessante e organizada biblioteca, bom esposo, pai dedicado, filho extremoso, amigo solícito, cidadão íntegro, prudente, sábio, de inteligência peregrina, modesto, campista da melhor cepa, orgulho de seus conterrâneos e que sem nenhum favor o será dos pósteros.
                              Menino simples, de origem humilde, teve como grande incentivador um irmão, proprietário de açougues que lhe empregara, oferecendo-lhe horário especial e obrigações mais leves para que pudesse estudar. E ele dividia o tempo: assíduo ao trabalho, frequentava com não menor assiduidade o Colégio Batista e posteriormente o Liceu de Humanidades de Campos. Sua diversão era ler e estudar. Ao receber a pequena quantia no final de cada mês, deixava de ir ao cinema ou de fazer qualquer tipo de extravagância e se abstinha até mesmo do necessário para a aquisição de livros, que eram lidos e relidos na íntegra a não ser aqueles destinados a pesquisa. A extraordinária Biblioteca ainda continua crescendo, contando hoje com aproximadamente 15.000 volumes, com obras completas de Direito, História, Geografia e Literatura principalmente Clássica, com livros em espanhol, inglês, francês e alemão. Consumidor voraz, frequentador assíduo de “SEBOS”, principalmente os da Avenida Central e da Rua São José, no Rio de Janeiro. É vero que a finalidade maior de Vero Baptista de Azevedo sempre foi a leitura e o estudo.
                              A generosidade do MECENAS fê-lo paciente a ponto de dar atenção aos meus rabiscos e levá-los a Campos onde tive em 1960 as primeiras publicações no Jornal “A Cidade”, coluna do Professor e Poeta Walter Siqueira. Amigo de muitos de nossos brilhantes concidadãos, entre os quais se incluía Afrânio Coutinho, então Catedrático de Literatura do Colégio Pedro II (Rio de Janeiro) de quem publicamos a seguir, na íntegra, carta que lhe fora endereçada.
                    Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1959.
                    Ilmº. Sr. Vero Baptista de Azevedo
                Com grande satisfação informo-lhe que estou trabalhando na confecção de um livro, com o título Brasil e Brasileiros de Hoje, que conterá nomes e biografias de todos aqueles que, com suas atividades, estão promovendo, em grande escala, o desenvolvimento do Brasil.
                   Sua atuação no terreno cultural, revelando-se das mais proveitosas, tem imposto o seu nome ao respeito de seus patrícios.
                   Assim, a sua biografia se torna imprescindível na presente obra, motivo por que ficaria muito grato, se V. S. nos devolvesse, devidamente preenchido e assinado, o questionário anexo, acompanhado de seu retrato autografado.
                O questionário original, depois de seu aproveitamento para o livro, e a fotografia, serão arquivados, para a posteridade, no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro.
                  Desejo esclarecer que, ao fornecer esses dados, os biografados não ficam com obrigação alguma.
                      Agradecendo-lhe antecipadamente a colaboração, firmo-me 
Patrício e admirador
(a) Afrânio Coutinho
                E sob a direção de Afrânio Coutinho, no ano de 1961, por “Editorial Sul América S.A.” o Volume I de “Brasil e Brasileiros de Hoje” veio preencher a falta de um dicionário atualizado de biografias de brasileiros contemporâneos partícipes do desenvolvimento do Brasil, constando à página 119, verbete do nosso ilustre e querido amigo: “AZEVEDO, Vero Baptista de. Professor. Campos, RJ, 10 dez. 1929. Pais: Antônio Baptista de Souza e Alice de Azevedo Baptista. Cas.: Nilcinéa Fernandes Baptista. Filhos: Védio, Vilcinéa, Vanda. Inst.: Sec. Carreira: Prof. sec.; jornalista; func. autárquico. Membro: Acad. Pedralva, Campos RJ. Obras: Artigos publicados em jornais. Endereço de residência: Aristides Figueiredo, 19. Bom Jesus do Itabapoana, RJ.”
             Após a publicação do referido verbete, nasceu-lhe mais um filho, Vero Fernandes Baptista e bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Campos.
           No serviço público começou fazendo Serviços Gerais e através de Concursos foi alcançando melhores posições chegando a Fiscal do INPS e finalmente a “Juiz” do CRPS.
              Deixou inscrita de forma inapagável sua passagem por Bom Jesus, durante a qual se exercitou continuamente na prática de atos de amor e de benquerença.
                Assim sendo, nos idos de 1961 a nossa amada cidade pôde constar na notável obra de Afrânio Coutinho.

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