segunda-feira, 27 de junho de 2016

JUNHO DE TANTAS FESTAS ( Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE - 31 de maio de 2016)

JUNHO DE TANTAS FESTAS
                                                                                                  Vera Maria Viana Borges
            O outono chegou disfarçado de verão e só agora no final de maio a temperatura está mais amena. Quanto frio fazia nos “maios” de outrora! Este friozinho me aguçou uma saudade de tempos idos e  no capricho da imaginação adentrei naqueles “junhos” de tantas festas.
           No solstício do inverno, época que o Sol atinge o ponto mais distante do Equador, realizam-se as festas juninas em honra a Santo Antônio, São João e São Pedro. São elas por excelência coloridas, alegres, ornamentadas com arcos de bambus, folhas de bananeira, bandeirinhas, luzes, lanternas multicoloridas que embelezam o ambiente, animadas por “arrasta-pés”, por belíssimas “quadrilhas” engalanadas pelos babados das rodadas saias que acrescentam um toque romântico e mágico levando os cavalheiros se curvarem para tirar os chapéus de palha às belas damas, ao som de melodias executadas por exímios sanfoneiros e violeiros com desafio de cantadores, iluminadas por fogos de artifícios que projetam “lágrimas” das mais diversas cores, acompanhados de bombinhas, de rojões que  ecoam ao longe, de rodinhas, estrelinhas, busca-pés que as crianças soltam ao redor das tradicionais fogueiras que clareiam e aquecem. Os jovens, esses preferem tirar as sortes. Ver com quem vão se casar.
                Nessas tradicionais noites de céu estrelado, são consumidas as mais deliciosas guloseimas: a batata-doce e a mandioca assadas, chamuscadas nas brasas das fogueiras, os pés de moleque, as broas, doce de coco, de abóbora, de mamão, bebendo-se principalmente o “quentão” preparado com a bebida da terra, a cachaça, aguardente de cana a que se mistura gengibre ou frutas.
                     Bons tempos! Tempos que se vão longe... Suaves reminiscências! Doces lembranças!
                         Deixemos que aflore em nós a alma da criança pura e boa que viveu momentos simples, mas, que deixaram profundas marcas. Possamos nos dar uma chance, apesar dos atropelos da vida moderna, a nós, às crianças e aos jovens deste nosso torrão, com a oportunidade de se promover eventos simples, cheios de encanto, do rico folclore brasileiro. Infelizmente, hoje, não há coisas ingênuas e infantis como essa. Coisas verdadeiramente puras e imensamente belas, que nos fornecerão uma boa dose de bom humor, ajudando-nos a enfrentar os cada vez maiores problemas que surgem no dia a dia. 
         Sem soltar balões que são extremamente perigosos, soltemos nossos corações e festejemos os “Santos de Junho” nas mais divertidas e gostosas festas juninas. No dia 12 de junho comemora-se o Dia dos Namorados, data muito significativa para todos os que amam em plenitude. E, por falar em amor, deixo a seguir para o deleite dos leitores o meu soneto “ENAMORADOS”: “Teus olhos em meus olhos fixados, / Iluminam minha alma sutilmente./ Com as centelhas do olhar, os bens sonhados/ Afloram em meu ser ardentemente.// Tuas mãos em minhas mãos! Enamorados.../ O anseio da paixão surge fluente,/ Tecemos sonhos róseos, perfumados,/ Só o luar sendo nosso confidente.// Este sorriso que te enfeita a face,/ Que me fascina e que me deixa louca,/ Fez com que em mim o amor desabrochasse.// Inebriante, mais que o vinho, é o ensejo,/ De tua boca molhada em minha boca,/ Selando o nosso amor com um grande beijo.”
                     A obra de William Shakespeare, grande dramaturgo e poeta inglês, cheia de poesia, Midsummer night’s dream (Sonho de uma noite de verão), aborda antigo costume típico dos países do centro e do norte europeu, onde o verão começa em junho, sendo a noite de 23 a mais curta do ano. À tarde, as pessoas se dirigem aos bosques para comemorar a chegada da nova estação, quando fazem brincadeiras, dançam, acendem fogueiras, comem, conversam, aguardando o nascer do SOL.
                   Os ares de junho revolvem-me sentimentos adoráveis. Somente uma lembrança saudosa me resta, e é tão bom recordar com amor, com saudade, com ternura esses fatos jamais apagáveis da memória e do coração. 13 de junho! Festa magna de Santo Antônio de Pádua-RJ, terra que aprendi a amar em delicioso aprendizado, no colóquio diário, quando lá residi (1970-1974) onde tive a grata ventura de conceber e dar à luz o meu único, dileto e adorado filho. Lá conquistei muitas amizades. Terra boa e altaneira, de gente nobre e amiga, nascida sob os signos da flecha e da cruz, às margens do rio Pomba, onde no início do século XIX, o frade Antônio Martins Vieira construiu uma capela a Santo Antônio e catequizou os aguerridos puris e coroados. A localidade prosperou, prosperou muito. Tem na agricultura e na fabricação de papel as suas principais atividades. Estância hidromineral, explorando sua fonte de água iodetada, rara e indicada para tratamento do sistema cardiovascular. Curvo-me a esta querida “altiva terra-mãe do filho meu”. A ela declaro todo o meu amor através do soneto que lhe dedico - “SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA”: “Amando-te, venero-te! À distância,/ Procuro contemplar tua beleza./ O Pomba a deslizar com elegância,/ Sob a luz do luar, todinha acesa.//  Das águas minerais a bela estância,/ No parque banha a fonte, a realeza,/ Do sol claro com toda a rutilância./ És tu Pádua, o primor da natureza!// Altiva terra-mãe do filho meu,/ Nestas plagas viu ele a luz primeira,/ Deu os primeiros passos no chão teu.// Ninho de paz, de amor em profusão,/ A tua gente boa e companheira,/ De Santo Antônio tem a proteção.”

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