quinta-feira, 14 de novembro de 2013

ZÉ DO NOLA (Publicado no Jornal "O NORTE FLUMINENSE" - 27/07/2013)

ZÉ DO NOLA
                                                                                         Vera Maria Viana Borges
Saio gratificada da leitura da fascinante obra “DA FORJA AO FREIO”, espetacular história de vida de José Boechat Borges, notável empresário de Itaperuna-RJ, fundador da Fábrica de Freios Boechat, uma biografia autorizada escrita pelo emérito jornalista Camilo de Lellis, a partir de relatos orais e fotografias de amigos e familiares com a revisão da beletrista Ábia Dias, amada confreira da Academia Itaperunense de Letras.
Edição em grande estilo, com perfeita diagramação, papel de qualidade, lindas páginas a cores com fotos extraordinárias, texto claro revelando um passado de lutas e um presente glorioso daquele que começou a trabalhar aos sete anos ajudando o pai nos serviços de ferreiro e, juntos construíram uma empresa que criou tecnologia de ponta para a indústria.
Seu pai, Algenor Boechat, conhecido como Nola, filho do então proprietário da Fazenda do Leite com quem trabalhava, após revés causado pela vida mudou-se para a Serra do Tardin, próximo a Carabuçu. Nola casou-se com Carolina, filha de Messias José Borges e Francisca Pereira Borges, de Barra do Pirapetinga e lá na Serra do Tardin tiveram a primeira filha Maria José ( esposa do Sr. Carlos Borges Garcia).
Mudaram-se para Barra do Pirapetinga, a noroeste da sede do Município e Nola foi trabalhar na Fazenda de Anacleto José Borges (hoje nossa propriedade) tio de Carolina. Ali nasceram os filhos Antônio Carlos e José Boechat Borges, este  no dia 20 de abril de 1932.
Nola, muito trabalhador, persistente, observador e inteligente, numa de suas vindas a Bom Jesus viu um homem esquentando correntes em brasa e emendando-as para serem utilizadas nas cangas de bois. Sentiu que podia prestar aquele serviço. Assim começou a emendar correntes, consertar arados e a realizar pequenos serviços. O Senhor Leonídio Germano vendo nele grande potencial como ferreiro tratou de levá-lo para a“Vargem Alegre” hoje Pirapetinga de Bom Jesus e ali em 1939 nasceu-lhe a filha caçula, Maria Alice.
O trabalho era duro e as crianças ajudavam como podiam. O garoto José se propôs a ajudar no serviço de ferreiro. Começou soprando o fole para avivar a forja e fazia o polimento das peças. Seu primeiro trabalho foi um bocal de freio para o cavalo do avô materno Messias José Borges (tio-avô do meu marido). Fazia esporas e outros produtos de excelente qualidade, sendo que alguns ainda existem.
Nola buscando outras formas de renda aprendeu a dirigir e fazia fretes entre Vargem Alegre e Bom Jesus. Passou a trabalhar como motorista da conceituada agência CHEVROLET BOUSQUET de Bom Jesus do Itabapoana. Deixava as ordens de serviço com José, que as executava e anotava novas encomendas. Chegando à noitinha trabalhava até a madrugada. Com o tempo, José passou a ser chamado “ZÉ DO NOLA”.  Pouco pôde se dedicar aos estudos e brincadeiras.
Além da Ferraria, prestavam serviços para melhor funcionamento de fogões, onde colocavam serpentinas com canos galvanizados  para esquentar a água da caixa e proporcionar os banhos quentes e aconchegantes. O menino José empunhava sua caixinha de ferramentas e com um embornal no ombro saia para efetuar os trabalhos necessários. 
Mudaram para Itaperuna, estabeleceram e tiveram que aperfeiçoar. Fizeram melhorias para os sistemas de carros de boi e para reboques puxados por trator. Fizeram lataria, motor, capotaria, caixa de marchas e pintura de um Ford 1929. Neste carro José aprendeu a dirigir.
Em 1952 o primeiro torno e uma máquina de solda. Voltaram-se à mecânica automotiva. Em 1954 foi criada a “BOECHAT & FILHOS”. Passaram a trabalhar exclusivamente com caminhões. José analisando os fracos freios dos caminhões ALFA ROMEO, criou e produziu cuícas ou piorras para torná-los mais eficientes. Produziu câmara de freio a vácuo seca para adaptar em caminhões CHEVROLET, sistema que foi muito usado pelo Exército Brasileiro. Vendia em Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e mais Estados.
Criou o “Freio a ar Boechat” e ele mesmo o Diretor da Empresa ia instalar os primeiros produtos vendidos, orientando os mecânicos das empresas. Investiu na produção e reposição de sapatas de freios. Começou a vender para o exterior: Estados Unidos, Canadá e Mercosul. Só no Canadá esteve por oito vezes dando assistência técnica sem dominar o idioma local.
Segundo o relato de Camilo de Lellis, José trabalhava duro e o horário sendo pequeno para tanta disposição, ele trabalhava à noite, escondido de Nola. Ele sempre amou cães e caçadas e enquanto a lei permitiu foi caçador de pacas. Curtiu os bons Carnavais de outrora e suas animadas marchinhas. Tem Paixão pelo BOTAFOGO e toda a sua prole é botafoguense.
Personalidade admirável em todos os aspectos. Popular, respeitoso e respeitado. Humilde, porém franco, incisivo e corajoso. Homem de Garra e Fé, de acendrado amor à família, digno do nosso aplauso e reconhecimento.
De parabéns, o Jornalista Camilo de Lellis, o biografado José Boechat Borges e a todos os que tiverem o privilégio de ler e possuir a magnífica obra.
Eis, a trajetória do ZÉ DO NOLA,  um legítimo e autêntico representante dos BORGES DA BARRA!

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